Autor: Rogério Miguez
Introdução
A morte é uma das poucas certezas da
existência. O corpo físico tem um limite natural: as células se desgastam e,
cedo ou tarde, a estrutura material cai. Mas o que acontece com a consciência —
o espírito — no momento da passagem? Saberemos, ao morrer, que realmente
morremos?
A
inevitabilidade da morte
Não existe, segundo a Doutrina espirita citada,
imortalidade do corpo. A imortalidade pertence ao Espírito. A ciência já tentou
— e provavelmente sempre tentará — encontrar “o elixir da eternidade”, sem
sucesso, porque a lei natural não prevê a permanência eterna da matéria
corporal. Assim, a morte é um fato universal e recorrente: já vivemos e já
morremos inúmeras vezes.
Consciência no instante do desencarne
Apesar das vidas passadas e das muitas mortes
já vividas, a maioria das pessoas não reconhece, imediatamente, que morreu. A
razão é simples: o grau evolucionário do Espírito. Se a vida foi marcada por
espiritualidade, serenidade e preparo interior, o desencarne costuma ocorrer
com maior consciência — há menos confusão e o Espírito pode perceber com
clareza a sua condição. Em casos raros, a pessoa até orienta o próprio
desligamento do perispírito.
Quando a vida foi muito materialista, a
confusão ao morrer é grande. A percepção do que ocorreu fica turva; a pessoa
sente mudanças, nota que não consegue mais interagir com os vivos ou com
objetos materiais — é como um pesadelo em que tudo está ao avesso. Nesses
casos, algum tempo e intervenção são necessários até que haja a tomada de
consciência do fato do desencarne.
Há ainda quem permaneça numa espécie de
“hibernação” espiritual: ao longo da vida não esperou nada depois da morte e,
ao desencarnar, entra num estado de inconsciência até ser despertado por
socorro espiritual.
Um exemplo ilustrativo
No livro Os Mensageiros, de André Luiz, há uma
cena ilustrativa: uma jovem, recém-desencarnada, permanece unida ao corpo
físico, repetindo a posição cadavérica e aterrada ante algo que vê — que para
ela parece um fantasma. Ao lado, seu noivo já desencarnado tenta conduzi-la com
carinho. Diante do receio da jovem, instrutores espirituais adotam um recurso:
um se faz passar por médico com um “tratamento” que a leva a aceitar o
afastamento do corpo; em seguida aplicam passes magnéticos e a entregam ao
noivo, que a conduz para uma morada espiritual. O episódio mostra como o
despreparo espiritual pode transformar o desencarne num trauma, e como o
socorro bem orientado facilita a transição.
Conclusão e consequência prática
De modo geral: quando morre, a maioria das
pessoas não sabe imediatamente que morreu. A experiência de consciência no
momento do desencarne depende muito do preparo espiritual que se constrói em
vida. Por isso, a principal conclusão prática é clara:
Preparar-se
para a morte é preparar-se para viver melhor.
Viver
com mais espiritualidade, desprendimento, amor ao próximo e autoconhecimento
torna a transição mais serena e consciente;
Práticas
de reflexão, oração, caridade e estudo espiritual reduzem a confusão no
desencarne e facilitam o encontro com o mundo espiritual;
O
auxílio de irmãos e instrutores espirituais existe e muitas vezes age por meio
de médiuns, passes e socorro moral para conduzir o Espírito perturbado.
A morte, portanto, não deverá ser vista apenas como o fim definitivo, mas como uma etapa natural da continuidade da vida — uma passagem que se torna menos dolorosa quanto mais preparados estivermos para ela.
Fonter: Juventude Espírita

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