Raul Teixeira - O Cão do Sofrimento


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Recordei-me de uma conversa que tive com Chico Xavier há muitos anos. Eu era muito jovem e fui visitá-lo em Uberaba. À mesa do café, depois da reunião com um grupo de outros confrades, Chico contou que há muitos dentre nós, no Movimento Espírita, estamos Espírita porque fomos pegados a cachorro.

Perguntei, então: Chico, o que significa termos sido pegados a cachorro?

E ele explicou: Muito fácil, meu filho. Contou-me Emmanuel que o pastor saiu com o rebanho para os pastos e uma das ovelhas saiu do grupo, foi para o capão, se enfiou no matagal. 

O pastor acomodou o rebanho, foi no matagal, apanhou a ovelha e a trouxe nos braços, colocando-a no meio das outras, outra vez. E foram embora. 

Lá, à frente, diante de outro matagal, a mesma ovelha foge e se embrenha nele. O pastor torna a buscá-la e a devolver ao meio do rebanho.

Mas, da terceira vez que a ovelha resolveu fugir, o pastor não foi atrás dela. Ele atiçou os cães para trazê-la de volta. E ela veio mordiscada nas pernas e nunca mais saiu do rebanho.

Enquanto eu pensava na metáfora, ele complementou:

A maioria da gente, meu filho, só está no Espiritismo por causa do cão do sofrimento. Quando está tudo bem, o povo some, vai ganhar dinheiro, vai curtir a vida. Quando começa a doer, eles voltam para o Centro Espírita.

Quando começamos a rever no Centro Espírita as carinhas que tinham sumido, pode contar que está doendo. É o cachorro da dor, é o cão do sofrimento que foi atrás e trouxe a ovelha desgarrada para o rebanho outra vez. 

Narrativa do orador espírita Raul Teixeira, na cidade de Umuarama/PR.

 

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