Recordei-me de uma conversa que tive com Chico
Xavier há muitos anos. Eu era muito jovem e fui visitá-lo em Uberaba. À mesa do
café, depois da reunião com um grupo de outros confrades, Chico contou que há
muitos dentre nós, no Movimento Espírita, estamos Espírita porque fomos pegados
a cachorro.
Perguntei, então: Chico, o que significa termos
sido pegados a cachorro?
E ele explicou: Muito fácil, meu filho.
Contou-me Emmanuel que o pastor saiu com o rebanho para os pastos e uma das
ovelhas saiu do grupo, foi para o capão, se enfiou no matagal.
O pastor acomodou o rebanho, foi no matagal,
apanhou a ovelha e a trouxe nos braços, colocando-a no meio das outras, outra
vez. E foram embora.
Lá, à frente, diante de outro matagal, a mesma
ovelha foge e se embrenha nele. O pastor torna a buscá-la e a devolver ao meio
do rebanho.
Mas, da terceira vez que a ovelha resolveu
fugir, o pastor não foi atrás dela. Ele atiçou os cães para trazê-la de volta.
E ela veio mordiscada nas pernas e nunca mais saiu do rebanho.
Enquanto eu pensava na metáfora, ele
complementou:
A maioria da gente, meu filho, só está no
Espiritismo por causa do cão do sofrimento. Quando está tudo bem, o povo some,
vai ganhar dinheiro, vai curtir a vida. Quando começa a doer, eles voltam para
o Centro Espírita.
Quando começamos a rever no Centro Espírita as
carinhas que tinham sumido, pode contar que está doendo. É o cachorro da dor, é
o cão do sofrimento que foi atrás e trouxe a ovelha desgarrada para o rebanho
outra vez.
Narrativa do orador espírita Raul Teixeira, na
cidade de Umuarama/PR.
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