Por Marcelo Xavier
Composto em 1843, na cidade de Coimbra,
Portugal, o poema Canção do exílio é, hoje, sinônimo de seu criador, o poeta
maranhense Antônio de Gonçalves Dias.
Seus versos se misturam com profundidade em
nossa cultura, e alguns deles aparecem na segunda parte do Hino Nacional.
O crítico Agripino Grieco disse: Ninguém lê os
poetas, mas raros são os brasileiros que não conhecem a “Canção do exílio”.
O poema representou, para o seu autor, um
momento de grave dor e nostalgia.
Em 1838, o maranhense havia partido para
Portugal, decidido a se matricular na Universidade de Coimbra.
Estava há quase cinco anos distante do Brasil,
e quase adaptado à flora e à fauna europeia. Diz-se quase, porque a distância
começou a lhe corroer a alma.
Certo dia, ao se reportar à balada Mignon, de
Goethe, encontrou algo como Conheces o país das laranjeiras? Para lá quisera eu
ir!
Retornaria ao Brasil em 1846, ano em que
publicaria seu poema em sua obra de estreia, Primeiros cantos.
É sempre importante poder voltar a estudar tal
peça literária, jamais com a intenção de banalização pelo insistente repetir,
mas, sim, buscando aprender com suas belas reflexões nostálgicas:
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Muitas vezes só aprendemos a valorizar o que
temos, quando perdemos, ou nos afastamos daquilo em questão.
Bens, lugares, pessoas, rotinas… Quando estamos
mergulhados na experiência com cada uma delas, quase sempre nos falta a
valorização necessária do que já possuímos.
Alguns de nós precisamos, algumas vezes, ficar
distantes de familiares para descobrir o quanto são importantes para nós.
Alguns filhos acabam precisando ficar distante
dos pais por algum tempo, para reconhecer seu valor, seu amor profundo por
eles.
Alguns pais reconhecem apenas a falta que fazem
os filhos, quando esses batem as asas na maturidade, e iniciam a construção de
novos lares.
Gonçalves Dias precisou estar distante de seu
país, para reconhecer sua grandiosidade.
Nestes dias de tantas críticas ao nosso país
natal; nestes tempos em que se desenvolveu o vício de falar mal sempre, sem o
compromisso da crítica construtiva, educadora, é necessário pensar um pouco.
O literato brasileiro continua, em sua obra,
dizendo:
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Não há ufanismo pernicioso aqui, apenas a
recordação de que precisamos valorizar mais o país onde tivemos a felicidade de
reencarnar.
As leis maiores do Universo nos revelam que não
nascemos aqui por acaso. Temos papel importante a cumprir nas engrenagens
sociais e morais terrenas.
Amar o Brasil não significa elevá-lo acima dos
outros. Não há necessidade de comparação para explicar o amor.
Amar o Brasil significa fazer de tudo, fazer a
nossa parte, com desvelo e abnegação, na construção de uma sociedade melhor.
Fonte: https://www.mundoespirita.com.br
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