O Schindler de Chicago: A Inteligência Contra as Armas

Por Mary Ishiyama

O que identifica alguém como um trabalhador do bem? Precisará ser uma pessoa destemida, alguém que ame a todos? Ou bastará ser alguém que faz o que esteja ao seu alcance quando a situação exige?

Ao nos debruçarmos sobre a biografia do Dr. Eugene Lazowski descobrimos que esse homem salvou a vida de mais de oito mil judeus e poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Afirmou: Eu não era capaz de lutar com uma arma ou espada, mas encontrei uma maneira de assustar os alemães.

Nascido em 1913, em Czestochowa, Polônia, formou-se em Medicina pela Universidade de Varsóvia.

Durante a Segunda Guerra Mundial serviu como segundo-tenente do exército polonês em um trem da Cruz Vermelha. Serviu como médico militar da resistência polonesa.

Após a ocupação alemã da Polônia, passou um tempo em um campo de prisioneiros de guerra. Em Rozwadow, residindo com sua mulher e filha, conseguiu licença para praticar a Medicina, desde que não atendesse a judeus, o que ele fazia secretamente.

Em 1942, o gueto de Rozwadow foi liquidado pelos alemães. Muitos judeus foram mortos na praça principal e outros assassinados nas florestas vizinhas.

Unindo-se ao seu amigo da Escola de Medicina, Dr. Stanislaw Matulewicz, que descobrira que pessoas saudáveis poderiam apresentar resultados positivos de tifo ao receber a injeção de uma cepa de Proteus, sem desenvolver a doença, Lazowski encenou uma falsa epidemia de tifo, injetando a vacina em muitos judeus e não-judeus em Rozwadow e arredores.

A prevalência de casos de tifo confirmados por laboratórios alemães foi alarmante. Após dois meses, foi declarada uma zona de quarentena em torno de Rozwadow (hoje distrito de Stalowa Wola) e doze aldeias vizinhas, mantendo cerca de oito mil pessoas a salvo de serem enviadas para campos de concentração durante o Holocausto.

Em 1943, quase foi descoberta a estratégia. A falta de mortes na região não correspondia ao número de infectados. Os alemães enviaram uma comissão de investigação.

A comissão foi recebida com comida típica polonesa, bebida e música. O médico chefe ficou aproveitando a festa e mandou dois médicos jovens coletar amostras de sangue. Temerosos de contraírem a doença, não se demoraram na pesquisa. A olhos vistos notaram o quanto os pacientes estavam mal. Fizeram o que tinham que fazer e saíram o mais rápido possível, confirmando a epidemia local.

As ações do dr. Lazowski poderiam facilmente tê-lo matado. Ajudar os judeus era punido com a morte durante a ocupação da Polônia. No final da guerra, no entanto, os alemães tornaram a ficar desconfiados, pois os doentes não estavam morrendo.

Todas as pistas levaram a ele que, avisado por um soldado alemão que ele havia ajudado anteriormente, conseguiu escapar para Varsóvia com sua família.

Em 1958, Lazowski emigrou para Chicago com esposa e filha. Mais tarde, se tornou professor de pediatria na Universidade de Illinois. Somente em 1977 escreveu sobre a sua guerra privada, concentrando-se apenas nos aspectos médicos para o boletim informativo da Sociedade Americana de Microbiologia.

Em 1993, publicou um livro de memórias chamado The Private War: memoirs  of a doctor Soldier, que tornou famosos a ambos os amigos: Matulewicz e Lazowski.

Considerado herói, foi filmado um documentário pelo cineasta Ryan Bank junto a famílias dos sobreviventes.

Em 16 de dezembro de 2006, aos 92 anos, morreu Lazowski. Sua morte foi noticiada como a do Schindler de Chicago.

Fonte: https://www.mundoespirita.com.br

 



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