Caso Dalai Lama e os Perigos da Idolatria

Por Erika Silveira

Recentemente a divulgação de um vídeo em que o líder budista Dalai Lama beija um menino na boca durante a realização de um evento na cidade de Dharamsala, na Índia, ganhou grande repercussão pelo mundo, causando indignação e repúdio.

Após a repercussão do caso, o líder religioso Dalai Lama, de 87 anos, pediu desculpas ao menino e à família pela dor que suas palavras causaram.

Diz o comunicado: “Sua Santidade costuma provocar as pessoas que conhece de maneira inocente e divertida, mesmo em público e diante das câmeras”.

O que o vídeo mostra? O menino pergunta se pode abraçar Dalai Lama no palco, que aponta para sua bochecha e diz "primeiro aqui". O garoto dá um beijo no rosto do líder e um abraço. Em seguida, o Dalai Lama aponta para os seus próprios lábios e diz "aqui também", e então dá um beijo na boca da criança, enquanto segura sua mão. O líder então encosta a testa na testa do menino, coloca a língua para fora e diz "e chupe minha língua".

Algumas pessoas riem, o garoto põe a língua para fora e se afasta, assim como o religioso. Colocar a língua para fora pode ser um tipo de cumprimento no Tibete. O religioso abraça o menino novamente e conversa com ele.

A atitude inapropriada do líder religioso chocou e causou protestos em diversas partes do mundo, inclusive sendo criticada por outros monges que disseram não se tratar de um

Em resposta ao episódio, o grupo de direitos da criança com sede em Nova Deli, Haq: Center for Child Rights, condenou “toda forma de abuso infantil”.

Em uma entrevista publicada pela Universa, a sexóloga forense Mariana Silva Ferreira, especialista em violência sexual, reforçou que esse tipo de comportamento acaba banalizando o abuso infantil.

Escândalos com líderes religiosos e abuso pela fé

Denúncias por abuso envolvendo líderes religiosos não são raras. Outro caso que ganhou grande repercussão na mídia foi do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, denunciado e condenado por crimes sexuais, com centenas de denúncias.

João de Deus se tornou famoso pela realização de “cirurgias espirituais” na cidade de Abadiânia , Goiás. Com repercussão internacional, o médium foi condenado pela Justiça por crimes sexuais cometidos durante os atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, incluindo estupro de vulnerável.

Em 2018 um escândalo com outro líder religioso, Sri Prem Baba, considerado guru dos famosos, com milhares de seguidores, veio à tona, acusado de abusar sexualmente de discípulas, se aproveitando da confiança dessas mulheres, com promessas de resolver seus problemas conjugais.

Casos de abuso pela fé, assim como tantos outros pelo mundo, reforçam os perigos da idolatria a líderes religiosos e também a outras personalidades que se aproveitam da posição de autoridade e influência para assediar pessoas que nutrem por eles admiração e respeito.

 

Os perigos da fé cega e da idolatria na visão espírita

Nos ensina o espiritismo que a fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão em todas as épocas da humanidade.

Ponto que nos chama a atenção para a compreensão da fé raciocinada, oposta a fé cega, ou alienação, reforçando o caminho da cautela e da análise.

Inúmeros casos de abuso de autoridade espiritual pela fé e denúncias contra líderes religiosos de diferentes religiões, ligam um alerta sobre os perigos da idolatria a essas personalidades.

Sobre as atitudes de violência ressalta O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo Injúrias e Violências: “Quando a lei de amor e caridade for a lei da humanidade, não haverá mais egoísmo; o fraco e o pacífico não serão mais explorados nem espezinhados pelo forte e o violento. Será esse o estado da Terra, quando, segundo a lei do progresso e a promessa de Jesus, ela estiver transformada num mundo feliz, pela expulsão dos maus”.

Sobre a causa do mal, esclarece o espiritismo: “O mal existe e tem uma causa. Há, porém, males físicos e morais. Há os que não se pode evitar (flagelos) e os que se podem evitar (vícios.) Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo” (A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo).

Mudanças a partir do desenvolvimento do senso moral

Todos esses acontecimentos apontam para a grave crise ético-moral em diversos setores da sociedade, realidade que só mudará a partir do desenvolvimento do senso moral de cada homem, dotado de livre arbítrio para escolha do mal ou do bem.

Não é possível seguir indiferente. Como nos ensina o espiritismo, o desenvolvimento do senso moral diminui pouco a pouco as faculdades puramente animais.

A crueldade não decorre da falta de senso moral? "Dizem que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu”.(O Livro dos Espíritos, questão 654).

Fontes: G1; CNN Brasil; UOL; O Livro dos Espíritos; A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo; O Evangelho Segundo o Espiritismo




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