Sono, Sonho e Sonambulismo

Por João Demétrio Loricchio

Há, aproximadamente, 830 anos a.C. o profeta Joel já fazia prenúncios para os dias de hoje ao referir-se “e nos últimos dias”, como sendo o período dos três últimos séculos do Mundo de Provas e Expiações a que vivemos, a contar do século XIX, com o advento da maior reforma para a Humanidade, o envio pelo Cristo do Outro Consolador, ou seja, a Doutrina Espírita.

Realmente vem acontecendo o “derramamento sobre toda carne” dos Espíritos de Luz, seja qual for a religião, a raça ou a família, onde haverá premonições, visões e sonhos com instruções, orientações e de aprimoramento moral, fatos esses, repetidos pelos apóstolos no dia do Pentecostes, quando se expressaram em diversas línguas (xenoglossia), para o espanto do povo presente. (Atos 2:17)

Quanto ao sono, a ciência médica diz que se trata de um período de repouso para o corpo e a mente, durante o qual a volição, isto é, a vontade e a consciência estão em inatividade parcial ou completa. Já para a ciência espírita, o repouso é somente para o corpo físico, que refaz a vitalidade. Entretanto, quanto à mente, esta não entra em repouso e, a consciência pode ficar com inatividade parcial, mas, nunca completa, em razão da comprovação no desdobramento do Corpo Espiritual, onde ocorre com a consciência lúcida. Allan Kardec afirma que “pelo efeito do sono, os Espíritos estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos”.

O sono, também, segue os estágios conhecidos, como o da Sonolência, onde acontece vagueio e pensamentos incertos; Sono Leve, com fácil despertar; Sono Mais Profundo, como o sono considerado normal; Sono Bem Profundo, aquele que entra no estágio REM (Rapid Eye Movement, ou seja, movimento rápido dos olhos), onde acontecem os sonhos.

Com relação aos sonhos, os primeiros estudos vieram pelo francês, Hervey de Sanint-Denys, em 1653, e colocou em evidência a expressão Onirologia, palavra grega, onde “logia” condiz com “estudo ou ciência” e “oniro”, como “sonho”, assim, entendendo-se Ciência do Sonho. Posteriormente, os pesquisadores, Stephen Laberge e Keith Hearne confirmaram a existência do sonho lúcido, o qual é vivenciado na espiritualidade, que foi batizado por Onirofania.

Na obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, mais precisamente na questão 402, diz que o Sonho é a lembrança do que o seu Espírito viu durante o sono. Na segunda parte desta obra, no capítulo VIII, faz-se um estudo mais profundo a respeito e tem o título “Emancipação da Alma”, ou seja, libertação da alma ou independência da alma. Classifica os sonhos em sonho fisiológico, quando ocorre sobre influência do corpo físico; sonho psicológico, pela influência do estado íntimo do encarnado; sonho espírita, pela lembrança de contatos no mundo espiritual. Como exemplos, temos os sonhos de José, pai de Jesus; sonhos do faraó, interpretados por José, filho de Jacó e o famoso sonho lúcido do presidente americano, Abraham Lincoln, que sonhou no dia 22 de março de 1865, que estando à porta do salão nobre da Casa Branca, onde acontecia um velório e, indagando de um soldado de quem era o velório, teve como resposta que era do presidente Lincoln. Acordando, em seguida, assustado, viu que estava vivo. Porém, no dia de 14 de abril do mesmo ano, tendo um compromisso de estar presente num evento no Teatro Ford, foi vítima de homicídio por um fanático.

Quanto ao sonambulismo, na obra O livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 174, Kardec afirma que “o sonâmbulo age por influência do seu próprio Espírito. É sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites dos sentidos físicos”. Assim, bem ao contrário do “médium” que serve de instrumento a outra inteligência e o que ele diz não é dele. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento e o médium exprime o pensamento de outro. Assim, o sonambulismo é uma faculdade, é uma qualidade do próprio Espírito do encarnado.

Atualmente, existe uma ciência experimental denominada por Conscienciologia e ou Projeciologia, fundada em 1988, por Waldo Vieira, que criou o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia – IIPC – que tem como meta compreender e praticar as vivências fora do corpo físico.

Modernamente, simplificou-se a denominação dessa faculdade para “Desdobramento”, que segundo o pesquisador e escritor Wagner Borges conceitua como “a capacidade que todo o ser humano possui, de projetar a consciência para fora do corpo, utilizando-se dos corpos sutis de manifestação”.

Com este novo conceito, que implica na utilização dos corpos sutis de manifestação, surgiram dúvidas sobre esses corpos, onde muitos alegam que Kardec não os mencionou nas obras básicas da codificação, o que não concordamos, pois em O Livro dos Espíritos, nas explicações das questões 135 e 135a, o codificador diz que “o homem é formado por três elementos essenciais; o primeiro o corpo ou ser material, análogo aos animais; o segundo elemento a alma, Espírito encarnado cujo corpo é a sua habitação e o terceiro elemento o períspirito, uma substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma e o corpo”.

Ora, Kardec diz claramente que “o homem é formado por três elementos essenciais”, assim, logicamente, existem outros elementos secundários, bem como, mais adiante afirma: “uma substância semimaterial (períspirito) que serve de primeiro envoltório ao Espírito”, assim, se existe “primeiro”, existe segundo, terceiro, quarto envoltório. Precisa-se entender que O Livro dos Espíritos é a obra básica da Doutrina Espírita e, como a Constituição Federal, que somente traz as leis fundamentais e essenciais do Brasil, mas que aceita leis complementares para sua regulamentação. Dessa forma, também, a obra básica filosófica da doutrina aceita outras obras que a regulamentam e explicam.

O Desdobramento pode ocorrer durante o sono, no transe, na síncope, no desmaio, ou sob a influência de anestésicos. Pode ser um Desdobramento Natural, quando o Espírito se desloca do corpo sem o concurso da vontade ou, ainda, o Desdobramento Provocado, quando pela sua própria vontade consegue este êxito.

Para a emancipação da alma não há necessidade de um sono profundo, pois somente com um cochilo pode ocorrer o “Desdobramento” do Corpo Espiritual, quando então, se pode ver e ouvir os Espíritos e ter consciência nítida de todo o ocorrido.

Como já vimos não se trata de mediunidade, mas qualidade adquirida pelo Espírito do próprio encarnado, fato esse que ficou chamado por Animismo ou Anímico e amplamente estudado pelo cientista Ernesto Bozzano, que conceitua como o desprendimento parcial e lúcido do períspirito do encarnado, quando toma conhecimento do extrafísico e podendo entrar em contato com desencarnados de vários planos, dependendo de sua evolução, bem como, até com encarnados.

Nessa situação de desprendimento pode, ainda, ter conhecimento do passado e do futuro de suas existências ou de terceiros.

Para o Espírito tudo é presente. Com o corpo físico ativo (acordado) vive o presente, sem conhecimento do passa- do e do futuro; com o corpo físico em repouso (sono) o Espírito continua a viver o presente na espiritualidade, pois ele não dorme, com raras exceções.

Quanto ao presente, passado e futuro, somente se tem esse entendimento, aqui na Terra, durante a existência do Espírito encarnado, em razão do corpo físico necessitar do repouso para recuperação da vitalidade, entretanto, ao acordar desse repouso, entende que é outro dia e que antes do repouso já ficou no passado e o futuro será ao acordar de outro repouso. Por exemplo: se estamos em uma reunião por volta das 22:00 horas, do dia 15, diremos que estamos no presente, entretanto, se passar das 24:00 horas, torna-se dia 16, mas se continuarmos acordados nessa reunião diremos, também, que estamos no presente, assim o dia 15 não será passado e nem o dia 16 o futuro.

Mesmo quando o Espírito encarna- do ainda não conquistou o “desdobra- mento consciente”, ele tem os contatos extrafísico, mas ao despertar do sono, não lembrará, em razão, que o Espírito ao retornar ao corpo com suas energias mais rarefeitas, ao encontro com as energias mais densas do corpo físico, apaga a lembrança. Por outro lado, conforme a atividade do Espírito na espiritualidade durante o sono físico, ao acordar poderá sentir fadiga.

O Espírito emancipado, através de seu Corpo Perispiritual, tem várias propriedades, entre elas, a de volitar no espaço, a de plasmagem ou modelagem, a de poder ir de um plano espiritual a outro mais superior, através de outros corpos mais sutis, bem como, ao sentir qualquer perturbação no corpo físico, retornará ao mesmo com a rapidez de um raio.

 Fonte:O Semeador




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