Por Vera Márcia Zbóril
Sede perfeitos, pois, como vosso Pai
Celestial é perfeito. Palavras de Jesus no Sermão da Montanha constantes do
capítulo 5, versículo 48 do Evangelho de Mateus.
Antes de começarmos a nossa reflexão sobre
esta orientação que nos é feita por Jesus, necessário se faz que compreendamos
a que grau de perfeição Jesus nos convida a alcançar. Ao comparar-nos com o
Pai, em momento algum, embora possa parecer-nos a uma primeira leitura, Jesus
quis nos dizer que alcançaríamos a perfeição de Deus, pois só a Ele, como
Criador de tudo que existe, pertence a perfeição absoluta. Nós, Espíritos
criados por Deus, alcançaremos tão somente a perfeição relativa à nossa
condição de criaturas. Tal processo faz parte da Lei do Progresso, Lei Divina
que a tudo impulsiona para a perfeição e harmonia.
Como
alcançar a perfeição à qual somos convidados? O que fazer?
Antes de tudo é necessário compreendamos que
assim como a semente já possui em germe a árvore na qual deverá transformar-se,
todos nós, como criaturas Divinas que somos, já trazemos em nós, desde nossa
criação, todas as virtudes que necessitamos desenvolver para que alcancemos a
tão sonhada perfeição, tarefa pessoal e intransferível que requererá de nós,
muito esforço, boa vontade e disciplina em nossa jornada evolutiva. E assim
como a semente para germinar necessita de solo fértil e ambiente propício, as
nossas virtudes também só desabrocharão através do cuidado intensivo de nós
mesmos, jardineiros da nossa evolução.
Para a conquista da perfeição três condições
fazem-se essenciais:
O conhecimento, que amplia os nossos
horizontes e nos fornece cada vez mais opções de escolha, ao mesmo tempo em que
fortalece a nossa compreensão do mundo, facultando-nos entender quem somos, de
onde viemos, para aonde vamos e qual a finalidade das nossas existências.
O autoconhecimento. Sem que nos conheçamos,
impossível será identificar em nós, pensamentos, atitudes, valores, desejos e
escolhas que nos distanciam da moral que o Cristo nos ensinou. Somente
reconhecendo nossas imperfeições e buscando corrigi-las é que vamos nos
melhorando, o que só será possível mediante a observação constante das nossas
ações e escolhas, sem ansiedade, compreendendo que a nossa renovação para o bem
é um processo que demanda tempo, coragem, perseverança, auto perdão e o desejo
sincero de olharmos para nós mesmos, sem medo ou culpa. Descobrimos em nós
sentimentos inadequados? Atitudes que foram tomadas impensadamente de forma
errônea? Busquemos substituir a culpa pela responsabilidade, assumindo nossos
erros, deixando de atribuir a terceiros a culpa pelas nossas escolhas e a nossa
infelicidade a um destino que não existe.
E finalmente, a prática do bem através do
exercício da caridade que consiste no amor em ação. Tendo sempre em mente que a
caridade não se expressa tão somente através do auxílio material, mas implica
também em doarmos de nós mesmos, o que consiste na caridade moral. Lembremo-nos
que se caridade é o alimento que sustenta o corpo, o agasalho que aquece, o
remédio que alivia, o teto que abriga do frio e da chuva, caridade também é o
perdão que esquece as ofensas. A tolerância que nos leva à compreensão daquele
que pensa, sente e compreende a vida de forma diferente de nós, considerando
que cada qual encontra-se em um patamar evolutivo e que só pode dar de si
aquilo que já conquistou através de suas várias experiências.
A benevolência que compreende que o outro é
tão necessitado de amor, paciência e de ser atendido em suas necessidades assim
como nós o somos, e buscar aplicar em nossas vidas a regra áurea: não fazer aos
outros aquilo que não gostaríamos que nos fosse feito. Nunca como em tempos
atuais, o mundo necessitou da caridade em seu sentido mais amplo. Assim como
também, nunca nos ofereceu tantas oportunidades de praticá-la, oferecendo-nos
infinitos caminhos para a busca da perfeição.
Portanto, queremos alcançar a perfeição? A
hora é agora! Mãos à obra! Aproveitemos essa oportunidade que a vida nos
oferece. Perguntemo-nos, sinceramente, o que podemos fazer para ajudar aquele
que necessita da nossa caridade material ou moral. Façamos sempre, e não só
hoje, não só agora, o melhor de nós em prol do outro e de um mundo melhor.
Façamos disso o nosso projeto de vida.
E não nos esqueçamos. Vibremos amor! Pelo
nosso planeta, pelo nosso país, por aqueles que sofrem, pela natureza, por
nossos familiares. Lembrando-nos de nos amarmos também, de nos perdoarmos pelas
faltas cometidas, compreendendo que se temos muitas imperfeições, também já
granjeamos virtudes.
Lembremo-nos sempre de que quando vibramos amor pelo outro, estaremos sendo envolvidos nesta sintonia de paz, pois as luzes de amor, antes de alcançarem a imensidão do Universo, acendem-se em nós mesmos, cobrindo como nos asseverou o apóstolo Pedro, “a multidão dos nossos pecados.
Vera Márcia Zbóril
Expositora e educadora da FEESP
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