Por Vanessa
Rosa
Esse tema geralmente causa bastante dúvida
entre espíritas e/ou simpatizantes da doutrina. Desta forma, visando esclarecer
sobre o assunto vamos abordar essa temática, baseando nas informações
encontradas em algumas obras espíritas.
Partindo do momento em que acontece o
desencarne, ao retornarmos ao plano espiritual percebemos que nosso espírito
ainda vive e o que cessa é a vida do corpo físico, que é o veículo de
manifestação do espírito aqui na Terra enquanto encarnados.
Mas para onde vamos após a morte do corpo?
Segundo o codificador Allan Kardec em o livro O céu e o Inferno, diz que o
destino do espírito segue o seu estado de consciência. Portanto, o lugar para
onde vamos, depende da forma em que vivíamos aqui na Terra, usando um exemplo,
vai depender do que carregamos em nossa bagagem, o que fizemos de bom ou de
ruim enquanto aqui estivemos.
É importante entender que nosso corpo é
ligado ao espírito através de um envoltório fluídico, no qual chamamos de
perispírito. No momento do desencarne esse desligamento acontece aos poucos,
assim cessando devagar o fluido vital que é o responsável por manter a
alimentação da vida material do nosso corpo, desprendendo do corpo, mas
permanecendo ligado ao envoltório espiritual.
Determinados Espíritos, como sabemos,
permanecem por algum tempo imantados ao corpo material após o transe da morte,
como acontece principalmente com os suicidas. O desatamento do cordão fluídico
nem sempre se consuma num curto espaço de tempo. Nessas condições, o
desencarnado é como se fosse um morto-vivo cuja percepção sensória, para sua
desventura, continuaria presente e atuante. A cremação viria causar-lhe um
angustiante trauma, o que implicaria "aumentar a aflição ao aflito".
A cremação é uma prática que surgiu a
milhares de anos, sendo muito utilizada pelas civilizações romanas e gregas,
pois eles consideravam uma maneira nobre de se despedir de seus corpos. O
processo de cremação consiste em reduzir o cadáver às cinzas, expondo-o a altas
temperaturas, para isso o corpo passa por toda uma preparação. Após a cerimônia
de despedida/velório, o corpo é levado para ser preparado para cremação. É
retirado roupas e adornos, e em seguida o corpo é levado para uma câmara fria,
pois é necessário aguardar um período de 24 horas estipulado, pelas normas
reguladoras, antes da incineração, para que posteriormente as cinzas sejam
entregues aos familiares.
Partindo para informações do meio espírita,
em um programa de TV, o famoso Pinga Fogo no ano de 1971, Chico Xavier em
resposta a uma pergunta feita sobre este assunto, responde segundo o Espírito
Emmanuel:
Já
ouvimos Emmanuel a esse respeito, e ele diz que a cremação é legítima para
todos aqueles que a desejem, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas
de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório, o que poderá se
verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio.
Algum tempo depois o Irmão X - pseudônimo
utilizado pelo Espírito de Humberto de Campos - examinou o tema na mensagem
intitulada "O problema da cremação", psicografada por Chico Xavier e
publicada no livro Escultores de Almas, lançado em 1987. Eis um trecho dessa
obra:
Se a lei divina fornece um prazo de nove
meses para que a alma possa renascer no mundo com a dignidade necessária, e se
a legislação humana já favorece os empregados com o benefícios do aviso prévio,
por que razão o morto deve ser reduzido à cinza com a carne ainda quente?
Sabemos que há cadáveres dos quais, enquanto
na Terra, estimaríamos a urgente separação, entretanto, que mal poderá trazer
aos vivos o defunto inofensivo, sem qualquer personalidade nos cartórios?
Não seria justo conferir pelo menos três dias
de preparação e refazimento ao peregrino das sombras para a desistência
voluntária dos enigmas que o afligem na retaguarda?
Acreditamos que ainda existe bastante solo no
Brasil e admitimos, por isso, que não necessitamos copiar apressadamente
costumes em pleno desacordo com a nossa feição espiritual.
Meditando na pungente situação dos recém-
desencarnados, observo quão longe vai o tempo em que os mortos eram embalados
com a doce frase latina: - Requiescat in pace.
Não basta agora o enterro pacífico! É
imprescindível a apressada desintegração dos despojos! E se a lei não for
suavizada, com as setenta e duas horas de repouso e compaixão para os
desencarnados, na laje fria de algum necrotério acolhedor, resta aos mortos a
esperança de que os saltitantes conselheiros da cremação de hoje sejam amanhã
igualmente torrados. Assim, caros irmãos, o espiritismo nos esclarece sobre o
tema, sem nos impor sobre a decisão de sepultamento ou cremação, cabendo a cada
um suas próprias escolhas segundo seu livre arbítrio, apenas nos orientando a
refletir para que tudo ocorra da melhor maneira possível.
0 Comentários