Por Hugo Lapa - Fonte: Kardec Rio Preto
Há uma passagem na Bíblia que fala sobre a
cura do homem cego de nascença. Essa passagem parece contradizer a lei de causa
e efeito e a reencarnação, pois Jesus fala que o homem cego “não pecou” para
que a doença se abatesse sobre ele. Vejamos a passagem:
“E, passando Jesus, viu um homem cego
de nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram,
dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus
respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem
nele as obras de Deus. (João 9:1-3)”
A pergunta que se faz aqui é: se nem ele nem
os pais pecaram, como disse Jesus, onde entra a lei de causa e efeito? Para
compreender esse ponto todos devem saber que os espíritos vem ao mundo para
viverem experiências de dois tipos principais: provas e expiações ou em missão.
O espírito pode escolher vir ao mundo para viver provações e assim evoluir, ou
ele pode vir ao mundo em missão, quando é um espírito mais elevado.
No caso do cego do tanque de Siloé, o que
aconteceu? O cego fazia parte de um grupo de espíritos que vieram ao mundo
especialmente para serem curados por Jesus. Eles escolheram passar por essa
prova para que pudessem estabelecer um laço mais estreito com o Cristo, e sendo
profundamente tocados pela cura, tivessem a oportunidade de seguir de Jesus,
olhar mais atentamente para sua obra, serem sensibilizados pelos prodígios que
ele realizava, e assim, esses espíritos tinham uma oportunidade maravilhosa e
sublime de evolução, de desenvolvimento espiritual a partir do contato com o
ministério do Cristo na Terra.
Dessa forma, nem ele pecou para ser cego e
nem seus pais pecaram, mas seu espírito escolheu, antes de nascer no plano
material, viver a tribulação da cegueira, passar por todos os sofrimentos de
uma grave enfermidade, para com isso se aproximar de Jesus e seguir seus passos
rumo ao Reino de Deus. Se ele aproveitou ou não essa valiosa chance de
evolução, não sabemos. Mas é certo que ele pediu para nascer cego e, assim,
tomando contato com Jesus e a “obra de Deus” que o mestre veio trazer, ele
pudesse despertar para a realidade do espírito que ele é.
Jesus explicou que “foi assim para que se
manifestem nele as obras de Deus”. O que é a obra de Deus? Tudo o que Jesus fez
e todo o caminho que ele percorreu para conduzir os espíritos sofredores ao
reino dos céus, à iluminação espiritual, mais próximo da perfeição do espírito,
etc. Por isso, a cura do cego do tanque de Siloé não foi uma questão de karma,
de faltas cometidas em vidas passadas, mas sim de escolha do próprio espírito que,
num ímpeto missionário de guia para sua purificação, optou em nascer cego para
que fosse curado e regenerado por Jesus.
Mas a cura exterior, para o espírito, é
irrelevante… No entanto, a cura interior, essa vale infinitamente mais.
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