O talentoso pianista
Don Shirley percebeu as dificuldades de seu motorista italiano para escrever
cartas à sua esposa. Bondosamente, ofereceu-se para ajudá-lo, ditando os mais
belos textos, que encantaram a destinatária das missivas.
A cena que tentei descrever faz parte do
excelente filme “Green Book – O Guia”, dirigido por Peter Farrelly,
e chamou-me a atenção por fazer lembrar outra cena, narrada no livro Missionários
da Luz.
A edificante narrativa de André Luiz fala da
desconsolada viúva Ester, que pediu ao mentor Alexandre para desvendar o
mistério da morte de seu marido, Raul, supostamente assassinado.
Com breve tempo investigativo, a elevada
entidade constatou que, na verdade, o procurado havia sido vítima de si mesmo:
suicidara-se. Desarvorado, o suicida fora facilmente enlaçado por seres da
sombra e se encontrava completamente inconsciente. Graças ao vigoroso influxo
magnético de Alexandre, o suicida foi resgatado e encaminhado para casa
espiritual de socorro urgente.
Precisava ser despertado, mas com os devidos
cuidados e acompanhamento especializado, pois, nesses casos, o infeliz não
despertaria apenas para a consciência própria, senão também para a dor, a
imensa dor, que o faria rugir como se atingido por um projétil, ao constatar a
sobrevivência dolorosa, após o suicídio.
Depois de setenta horas de tratamento
intensivo, Alexandre retornou para uma conversação esclarecedora. Além da
ferida aberta, do coração descontrolado, das dores agudas e do grande
abatimento, o suicida sentia-se um desgraçado e gritava pelo nome da esposa e
dos filhos.
Tentando trazer alguma tranquilidade a Raul,
Alexandre começou os preparativos para que a viúva Ester fizesse uma visita
espiritual ao marido desencarnado. Mandou tapar a chaga aberta e sanguinolenta,
muito visível na região dilacerada do organismo perispiritual do suicida, para
que a esposa não percebesse qualquer impressão de sofrimento.
No momento autorizado, Ester adentrou o
recinto e viu o marido estendido no alvo leito espiritual.
— Raul, Raul — clamou ela, ajoelhando-se.
Ao doente não acorriam as palavras adequadas,
para dialogar adequadamente com a esposa.
Nesse momento, fios muito tênues de luz
partiram de Alexandre e se ligaram à fronte de Raul. Sob o vigoroso influxo
magnético do mentor, finalmente o pobre dementado conseguiu falar, como se
fosse uma criança, acompanhando cada palavra, cada gesto, do generoso
orientador.
— Não chores mais, Ester. Vela por
nossos filhinhos e ajuda-me com a tua fé. A morte não existe. Aceita a vontade
do Pai, como estou procurando aceitar — falou Raul, repetindo as
frases mentalmente articuladas por Alexandre, que o amparava fraternalmente.
***
Assim como o pianista ditou as cartas para
seu desmemoriado motorista, dirigidas à sua esposa, Alexandre, generosamente,
imprimiu nas palavras do sofredor delicadeza e finura psicológica, para
confortar sua amada Ester.
Ao término do consolador encontro, Alexandre
conduziu a lacrimosa esposa de volta ao seu corpo físico. De olhos límpidos e
brilhantes, Ester narrou, emocionada, aos seus filhos, no dia seguinte, o
sublime sonho da noite.
***
Fiquemos com as sábias
palavras de André Luiz, para nossa reflexão:
Quando os companheiros
terrestres se fazem merecedores, podemos colaborar em benefício deles, com
todos os recursos ao nosso alcance, desde que a nossa cooperação não lhes tolha
a liberdade de consciência.
Ajude-nos divulgar a
Doutrina Espírita!
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