A jornada na Terra sempre chega ao fim.
Algumas vezes é necessário que o processo da velhice, doença e morte seja
acompanhada de perto por alguém.
Esta pessoa pode ser você, que terá a
responsabilidade de garantir o respeito, a dignidade e o conforto físico de seu
parente amado.
Acredito eu que não exista gesto mais nobre
de amor. Tenho a certeza que também não existe momento mais oportuno para o
aprendizado e para a vivência espiritual.
"A separação da alma e do corpo é
dolorosa?
— Não; o corpo, frequentemente, sofre mais
durante a vida que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os
sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o
Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.
No momento da morte, a alma tem, às vezes,
uma aspiração ou êxtase, que lhe faz entrever o mundo para o qual regressa?
— A alma sente, muitas vezes, que se quebram
os liames que a prendem ao corpo, e então emprega todos os seus esforços para
os romper de uma vez. Já parcialmente separada da matéria, vê o futuro
desenrolar-se ante ela e goza por antecipação do estado de Espírito."
Allan
Kardec - O Livro dos Espíritos
Ajudar alguém nos últimos meses ou anos é uma
das maiores responsabilidades que alguém pode ter. Sob certos aspectos é bem
mais difícil que criar uma criança. A criança coleciona conquistas, o idoso ou
o doente coleciona dificuldades. Mas, porém, virão conquistas; conquistas para
o espírito e para o amadurecimento pessoal. Nesta fase os grandes ganhos não
são exteriores, são interiores.
Tenha claro esta realidade: há muito
aprendizado nos últimos anos de vida.
E mais, são alguns dos aprendizados mais
importantes para o futuro do espírito.
Uma criança nasce e aprende a falar e a
andar. São ganhos que parecem grandes, mas que se perdem com o falecimento. Já
os aprendizados dos últimos anos são realmente centrais para o espírito. Por
exemplo: uma pessoa muito orgulhosa, ao se ver necessitada de ajuda, descobriu
na humildade a paz que lhe faltou por toda a vida. Ela dizia: "Meu Deus,
porque não aprendi a viver assim antes?" Não aprendeu antes, mas aprendeu
quando as limitações físicas se fizeram mais fortes.
Alguém poderia dizer; "antes tarde do
que nunca". Quem conhece a vida espiritual sabe que NUNCA é tarde para
esta transformação positiva. Esta transformação será muito importante por
décadas e séculos.
Por isto, não fique tão triste com as perdas
que acompanham a velhice e as doenças. São oportunidades únicas. São
oportunidades importantíssimas.
Primeiro porque "tira de cima da
pessoa" o peso da sociedade. A sociedade é uma prisão brutal para grande
parte das pessoas. Somos orgulhosos, esta é a verdade. São raríssimos os seres
humanos que não são orgulhosos. A doença e as limitações da idade jogam por
terra grande parte das vaidades, orgulho e desejo de ser aceito (os místicos
dizem: tudo desaba). É um choque que coloca o ego da pessoa lá embaixo; algumas
até deprimem. Mas, a queda do ego é a porta aberta para a emersão do que é
realmente importante para o espírito.
São bilhões de pessoas que tem na velhice e
nas doenças as últimas oportunidades para realizar seu progresso espiritual.
Importante: aprenda a olhar para a pessoa amada
como um espírito que dá os últimos passos e que tem as últimas oportunidades de
realizar conquistas nesta vida (nesta encarnação).
O corpo perde, mas o espírito pode ganhar. O
corpo vai finalizar, mas a vida espiritual ainda é longa. Por isto, tranquilize-se
com as perdas. Tenha serenidade para acompanhar estas perdas. Cuide com
carinho, mas treine-se para o desligamento. Aceite cada passo que a natureza
der; traga conforto e use sempre um diálogo espiritualizado para facilitar o
entendimento e a superação das dificuldades.
Treine com a mensagem de Jesus: "seja
feita a Sua vontade". Nada é perda, tudo é transformação. Tenha paciência,
porque você é apenas alguém que acompanha uma trajetória que é muito pessoal e
especial - a trajetória do seu ente querido até a libertação do corpo.
Veja a morte como saudade para quem fica e
liberdade para quem vai. É uma libertação, porque chegará um momento em que os
aprendizados serão pequenos; este é o momento de voltar para a vida espiritual.
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