POR MARCOS VILLAS-BÔAS
O Espiritismo e outras religiões podem levar,
a depender do seu uso, as pessoas ao céu ou ao inferno. Tudo dependerá de como
elas irão vibrar após estudar e / ou praticar essas religiões.
Encarnados ou desencarnados, os indivíduos
estão a rigor onde eles vibram e atraem o que vibram. Uma das diferenças é que
o encarnado, por estar num corpo físico, fica como se estivesse preso à matéria
grosseira, então, fisicamente, ele está aqui, presente na Terra e visível aos
olhos, mas sua vibração pode estar no umbral ou até em regiões mais densas,
assim como em regiões bem mais sutis. Tudo depende dos seus pensamentos, das
suas escolhas, dos seus comportamentos e das suas atitudes.
O desencarnado, por outro lado, pode, salvo
no caso de alguns Espíritos sofredores e outros atípicos, se mover com a força
do pensamento e é rapidamente atraído para dimensões que se afinizam com as
vibrações que emite do seu Espírito.
É assim que se criam céu e inferno, ou seja,
dimensões de luz e de trevas, a partir das vibrações dos Espíritos, que, em
conjunto, plasmam realidades nas quais irão viver. Enquanto ser divino, que tem
Deus dentro de si, os humanos são co-criadores da realidade.
O umbral nada mais é do que uma ou mais
dimensões de purgação, criadas pelas sombras que existem nos Espíritos, muitos
dos quais atraídos para lá logo após o desencarne, mas que, mesmo encarnados,
já vivem lá vibratoriamente e, por isso, atraem os seres de lá, que podem
terminar se aproveitando de suas fraquezas, tornando-se os chamados obsessores.
Por conta dessas razões, mais uma vez
chama-se a atenção para a importância do autoconhecimento, para a compreensão
das sombras de cada um e para a busca pela iluminação dessas sombras. Em vez de
se esconder atrás de religiões e de achar que está emanando uma luz muito maior
do que realmente emana, os humanos devem utilizar as religiões e outras
filosofias para “conhecerem a si mesmos”, para trabalharem as suas sombras,
elevando o seu padrão vibratório, emanando luz para os que estão em volta,
colocando-se, assim, numa dimensão mais alta simplesmente por se afinizar com
ela e “puxando” outros para que façam o mesmo.
A prática das religiões, a frequência em
templos e, especialmente, o trabalho dentro deles ilude muitos humanos, os
quais começam a pensar que se tornaram seres elevadíssimos simplesmente porque
rezam no culto ou porque dão passes ou porque distribuem sopa alguns dias na
semana.
Sem querer obviamente desestimular os rituais
nos templos, trabalhos voluntários e a ajuda ao próximo, que podem ser parte do
caminho de elevação da vibração, mais importante ainda é o ser olhar para
dentro e entender se ele está realmente bem, se os pensamentos que lhe vêm são
positivos, se ele está emanando boas ondas para aqueles a sua volta, se ele
acorda pela manhã com gana de viver e agradecer, se ele não se importa com os
que lhe ofendem etc.
Um erro clássico das religiões é graduar as
pessoas, dividir tudo em bom ou mau, Deus ou Diabo, anjos e não-anjos,
incentivando uma competição para ver quem é melhor, o julgamento de uns sobre
os outros e a culpa de quem julga ter feito algo mau.
O Espiritualismo bem estudado mostra que
todos têm o bem e o mal dentro de si, cabendo se autoconhecer, lidar bem com a
sombra e trabalhá-la para que a luz prevaleça com cada vez mais força.
O autoconhecimento é tarefa muito complexa,
apesar de não parecer. Quase todos acham que se conhecem bem exatamente por não
se conhecerem. Isso pode ser explicado de outro modo: o ignorante simplesmente
ignora, ou seja, quem não compreende algo não pode compreender que não
compreende.
Daí porque apenas se sai desse ciclo vicioso
com ajuda de atividades que proporcionem o autoconhecimento e a iluminação das
sombras que existem em grande quantidade dentro de cada ser que vive nesse
estágio de evolução, salvo a pouco provável existência de algum anjo encarnado
entre nós.
O estudo sobre nós mesmos, sobre os padrões
vibratórios, sobre os enganos mais cometidos pelos humanos, sobre suas sombras
etc. é um dos caminhos para a iluminação, porém o estudo intelectual nos põe
sob o risco de mantermos esse processo exclusivamente na cabeça, não o fazendo
passar pelo nosso interior e, portanto, pelo coração.
Conhecimento que não passa pelo interior,
pelo coração, não se torna sabedoria e tende a ser gerador de arrogância,
prepotência, orgulho, vaidade, agressividade e outros sentimentos trevosos, que
são muito comuns nas sombras humanas. Essa é mais uma prova de que tudo na vida
tem um equilíbrio fino. Muito conhecimento pode ser negativo.
A tarefa do homem deve ser escolher bem que
tipo de conhecimento irá somatizar e fazê-lo passar sempre pelo interior, o que
é facilitado pelo uso de técnicas como a meditação, que liberta a consciência
do ego, elevando-nos para um estágio superior àquele em que nos encontramos.
Atividades afins à meditação, como a yoga e o tai-chi chuan, também são muito
úteis.
Como também já dito em outros textos, a
terapia, a psicanálise pode ajudar muito no processo de autoconhecimento, mas
ela não é suficiente, pois o indivíduo pode, por exemplo, se tornar dependente
do terapeuta, e alguns destes agem para que isso aconteça, de forma a
garantirem sua remuneração em um prazo mais longo.
A terapia ajuda a esmiuçar a vida do
indivíduo, a fazer catarses e, a partir de olhares oferecidos por um terceiro
preparado tecnicamente, fica mais fácil começar a identificar nossa sombra
interior antes não percebida. No entanto, apenas o próprio indivíduo pode saber
com profundidade onde estão suas sombras, até porque a análise do terapeuta é
feita com base no que o próprio indivíduo informa.
Nesse sentido, o estudo aberto, trans, e a
meditação ajudam a pessoa a adquirir conhecimentos variados e a aplicá-los como
se estivesse fora, pois a prática meditativa eleva a consciência e a faz se
afastar do ego, permitindo que o próprio indivíduo seja seu terapeuta, porém
com muito mais conhecimento sobre o seu ego.
Acerca do tema, vale a pena ver as
considerações de Osho:
“Através da meditação a pessoa transcende seu
ser comum.
Surge uma nova questão para ela, a partir da
qual pode olhar para as coisas de uma maneira nova. É criada a distância. Os
problemas estão lá, mas agora estão muito longe, como se acontecessem com outro
alguém. Embora agora ela possa dar bons conselhos a si mesma, não há
necessidade. A própria distância vai torná-la uma pessoa sábia.
Assim, toda a técnica de meditação consiste
em criar uma distância entre os problemas e a pessoa.
Em um determinado momento ela se encontra tão
envolvida com seus problemas que não consegue pensar, não consegue contemplar,
não consegue enxergar através deles, não consegue testemunhá-los.
A psicanálise ajuda somente no reajuste. Não
é uma transformação, isso é uma coisa.
E a outra coisa é: na psicanálise a pessoa se
torna dependente” (O Livro do Ego, p. 200).
O primeiro erro mais comum dentre religiosos
é não estudar. A maioria pensa que basta seguir os rituais de suas religiões,
ainda que pensem que eles não existem, que a sua religião é superior às demais,
como é o caso de quase todos eles. Veja, por exemplo, a questão de quem é o
consolador prometido mencionado por Jesus Cristo. Diversas religiões, como o
Espiritismo e o Islamismo, pensam ser o consolador prometido que veio para
desvelar todas as dúvidas e todos os males do planeta.
Como muitos religiosos não estudam, eles
sequer chegam ao estágio de terem muito conhecimento somatizado apenas no
intelecto. Eles ficam com uma pequena quantidade de conhecimento imposta por
meio de dogmas e seguem aquilo como se estivessem em um transe. Para quem está
hipnotizado e dispõe de poucas ferramentas para sair da hipnose, será muito
difícil se ver nessa situação. Assim como o ignorante ignora, o hipnotizado se
hipnotiza, fica ignorante e ignora.
Os indivíduos precisam ir muito além das suas
religiões, buscando conhecer com o máximo de profundidade as demais e as
filosofias que lhes pareçam mais capazes de ajudar naquela tarefa de
autoconhecimento e de iluminação das sombras interiores. Em um excelente
Diálogo com os Espíritos, um dos Srs. Exus Ventania menciona isso inúmeras
vezes:
A Bíblia é um livro magnífico, diz ele, mas
não adianta lê-la 7 vezes se a pessoa apenas consegue construir a partir dali
conhecimento limitado, não se autoconhecendo o bastante e, pior, criando
inúmeras ilusões sobre quais seriam os caminhos para a sua ascensão.
O estudo isolado e mal feito de livros
religiosos tem levado em toda a história da humanidade a um delineamento do
mesmo ego do indivíduo numa conformidade do que um determinado messias ou grupo
de Espíritos parece pedir. As pessoas constroem falsas necessidades, falsos
moralismos e pensam ser, a partir dali, os donos da verdade, por terem à
disposição deles supostamente as ferramentas corretas de iluminação.
Não existe “O” único livro sagrado, nem “A”
ferramenta correta, nem “A” religião consoladora prometida, nem nenhuma dessas
coisas que apenas dão uma falsa segurança ao ser humano de que ele encontrou o
caminho. Existem diversos caminhos e o ideal é que o máximo deles seja
conhecido.
Voltando à Transdisciplinaridade e, portanto,
à Transreligiosidade, já tratadas em textos anteriores, sabe-se hoje com certa
clareza que, quando um estudioso se fecha em uma única disciplina, diversas
dimensões dos problemas ficam às escuras para ele. É por isso que, há muitas
décadas, se tem procurado estudos inter, multi, pluri e transdisciplinares,
aqueles que têm conseguido desvelar mais descobertas nos últimos 70 anos.
O mesmo vale para o estudo da
Espiritualidade, para a busca pelo aumento de vibração, de iluminação das
sombras interiores. O estágio humano atual é atrasado demais para se pensar que
estamos próximos de saber A Verdade. É inocência achar que uma religião, uma
filosofia, um livro pode nos tornar seres extremamente iluminados.
O trabalho de iluminação é lento, penoso, mas
podemos acelerá-lo na medida em que nos abrimos para o novo e pesquisamos sobre
os nossos próprios pontos cegos. No atual estágio de existência humana, as
sombras são inerentes ao planeta e aos seus seres. O objetivo desta fase de
transição é exatamente trazer mais Espíritos para a luz, reduzindo suas
sombras, criando ao menos boa vontade, para que se possa constituir lentamente
um mundo de regeneração, no qual a luz prevalece.
No momento atual, e nos últimos milênios da
Terra, a sombra de certa forma prevaleceu, ainda que saibamos que os seres de
luz estão a guiar tudo. Até hoje há muita desigualdade, preconceitos,
corrupção, se mata por pequenas coisas, há muitas guerras e riscos até de uma
catastrófica guerra nuclear.
Os problemas são muitos e não deixarão de
existir de uma hora para a outra. É preciso saber lidar com eles, de certa
forma saber que eles estão ali, mas esquecê-los, não se deixar incomodar por
eles. No entanto, é preciso conhecer os problemas, é preciso entender a sombra
em cada um, sobretudo em nós mesmos, e respeitá-la, pois todos estamos em
processo evolutivo.
Um erro de muitos psicanalistas, e dos
humanos em geral, é achar que é possível solucionar os problemas, especialmente
achar que é possível solucioná-los rapidamente. É o mesmo que achar que somos
já muito iluminados ou que as sombras podem ser destruídas de uma hora para a
outra.
Para concluir, recorramos novamente a Osho:
“[A yoga] A meditação vai a uma profundidade
maior. Ela muda a pessoa, de modo que não possam ocorrer problemas. A
psicanálise lida com os problemas, ao passo que a meditação lida com a pessoa,
diretamente, sem se preocupar nem um pouco com os problemas. É por isso que o
maior dos psicológicos orientais – Buda, Mahavira ou Krishna – não fala sobre
problemas. Devido a isso, a psicologia ocidental acha que a psicologia é um
fenômeno novo. E não é!
Somente no século XX, na primeira parte desse
século, pode ser provado cientificamente, por Freud, que existe algo como o
inconsciente. Buda falava sobre isso 25 séculos antes. No entanto, Buda nunca
procurava solucionar qualquer problema, porque, segundo dizia, os problemas eram
infinitos. Aquele que for combater todos os problemas nunca será realmente
capaz de resolvê-los. É preciso lidar com o próprio homem. E simplesmente
esquecer os problemas” (p. 203-204).
O Espiritismo e as demais religiões e
filosofias devem procurar o máximo de abertura e integração com o seu entorno,
desestimulando fortemente o preconceito, a intolerância. Um real conhecimento
sobre algo é aquilo que pode afastar preconceitos.
As pessoas precisam parar de imediatismos, de
achar que são iluminadas porque têm uma religião ou porque fazem meia dúzia de
trabalhos voluntários, ou mesmo que se tornarão iluminadas em curto prazo
apenas por conta disso. É preciso expandir a consciência, autoavaliar-se em
todos os momentos do dia, buscar emanar paz, caridade e humildade em cada
pensamento, escolha, comportamento e até no silêncio.
As pessoas precisam de menos rituais (não que
muitos deles não sejam relevantes), de menos livros sagrados, de menos
consoladores prometidos, e de mais consciência, de mais autoconhecimento, de
mais abertura, de mais tolerância, de mais paciência, de mais estudo e de mais
meditação. ESPIRITISMO
E OUTRAS RELIGIÕES PODEM LEVAR AO CÉU OU AO INFERNO, POR MARCOS VILLAS-BÔAS
O Espiritismo e outras religiões podem levar,
a depender do seu uso, as pessoas ao céu ou ao inferno. Tudo dependerá de como
elas irão vibrar após estudar e / ou praticar essas religiões.
Primeiro, desmitifique-se a existência de um
céu ou de um inferno, tal qual “vendido” pelas religiões. Há farta literatura e
diálogos com os Espíritos gravados em vídeo que demonstram haver diferentes
dimensões de realidade e graus de consciência, como, aliás, já propõem há décadas
os estudiosos da Transdisciplinaridade com base em substanciais argumentos
científicos, sobretudo da Física.
Encarnados ou desencarnados, os indivíduos
estão a rigor onde eles vibram e atraem o que vibram. Uma das diferenças é que
o encarnado, por estar num corpo físico, fica como se estivesse preso à matéria
grosseira, então, fisicamente, ele está aqui, presente na Terra e visível aos
olhos, mas sua vibração pode estar no umbral ou até em regiões mais densas,
assim como em regiões bem mais sutis. Tudo depende dos seus pensamentos, das
suas escolhas, dos seus comportamentos e das suas atitudes.
O desencarnado, por outro lado, pode, salvo
no caso de alguns Espíritos sofredores e outros atípicos, se mover com a força
do pensamento e é rapidamente atraído para dimensões que se afinizam com as
vibrações que emite do seu Espírito.
É assim que se criam céu e inferno, ou seja,
dimensões de luz e de trevas, a partir das vibrações dos Espíritos, que, em
conjunto, plasmam realidades nas quais irão viver. Enquanto ser divino, que tem
Deus dentro de si, os humanos são co-criadores da realidade.
O umbral nada mais é do que uma ou mais
dimensões de purgação, criadas pelas sombras que existem nos Espíritos, muitos
dos quais atraídos para lá logo após o desencarne, mas que, mesmo encarnados,
já vivem lá vibratoriamente e, por isso, atraem os seres de lá, que podem
terminar se aproveitando de suas fraquezas, tornando-se os chamados obsessores.
Por conta dessas razões, mais uma vez
chama-se a atenção para a importância do autoconhecimento, para a compreensão
das sombras de cada um e para a busca pela iluminação dessas sombras. Em vez de
se esconder atrás de religiões e de achar que está emanando uma luz muito maior
do que realmente emana, os humanos devem utilizar as religiões e outras
filosofias para “conhecerem a si mesmos”, para trabalharem as suas sombras,
elevando o seu padrão vibratório, emanando luz para os que estão em volta,
colocando-se, assim, numa dimensão mais alta simplesmente por se afinizar com
ela e “puxando” outros para que façam o mesmo.
A prática das religiões, a frequência em
templos e, especialmente, o trabalho dentro deles ilude muitos humanos, os
quais começam a pensar que se tornaram seres elevadíssimos simplesmente porque
rezam no culto ou porque dão passes ou porque distribuem sopa alguns dias na
semana.
Sem querer obviamente desestimular os rituais
nos templos, trabalhos voluntários e a ajuda ao próximo, que podem ser parte do
caminho de elevação da vibração, mais importante ainda é o ser olhar para
dentro e entender se ele está realmente bem, se os pensamentos que lhe vêm são
positivos, se ele está emanando boas ondas para aqueles a sua volta, se ele
acorda pela manhã com gana de viver e agradecer, se ele não se importa com os
que lhe ofendem etc.
Um erro clássico das religiões é graduar as
pessoas, dividir tudo em bom ou mau, Deus ou Diabo, anjos e não-anjos,
incentivando uma competição para ver quem é melhor, o julgamento de uns sobre
os outros e a culpa de quem julga ter feito algo mau.
O Espiritualismo bem estudado mostra que
todos têm o bem e o mal dentro de si, cabendo se autoconhecer, lidar bem com a
sombra e trabalhá-la para que a luz prevaleça com cada vez mais força.
O autoconhecimento é tarefa muito complexa,
apesar de não parecer. Quase todos acham que se conhecem bem exatamente por não
se conhecerem. Isso pode ser explicado de outro modo: o ignorante simplesmente
ignora, ou seja, quem não compreende algo não pode compreender que não
compreende.
Daí porque apenas se sai desse ciclo vicioso
com ajuda de atividades que proporcionem o autoconhecimento e a iluminação das
sombras que existem em grande quantidade dentro de cada ser que vive nesse
estágio de evolução, salvo a pouco provável existência de algum anjo encarnado
entre nós.
O estudo sobre nós mesmos, sobre os padrões
vibratórios, sobre os enganos mais cometidos pelos humanos, sobre suas sombras
etc. é um dos caminhos para a iluminação, porém o estudo intelectual nos põe
sob o risco de mantermos esse processo exclusivamente na cabeça, não o fazendo
passar pelo nosso interior e, portanto, pelo coração.
Conhecimento que não passa pelo interior,
pelo coração, não se torna sabedoria e tende a ser gerador de arrogância,
prepotência, orgulho, vaidade, agressividade e outros sentimentos trevosos, que
são muito comuns nas sombras humanas. Essa é mais uma prova de que tudo na vida
tem um equilíbrio fino. Muito conhecimento pode ser negativo.
A tarefa do homem deve ser escolher bem que
tipo de conhecimento irá somatizar e fazê-lo passar sempre pelo interior, o que
é facilitado pelo uso de técnicas como a meditação, que liberta a consciência
do ego, elevando-nos para um estágio superior àquele em que nos encontramos.
Atividades afins à meditação, como a yoga e o tai-chi chuan, também são muito
úteis.
Como também já dito em outros textos, a
terapia, a psicanálise pode ajudar muito no processo de autoconhecimento, mas
ela não é suficiente, pois o indivíduo pode, por exemplo, se tornar dependente
do terapeuta, e alguns destes agem para que isso aconteça, de forma a
garantirem sua remuneração em um prazo mais longo.
A terapia ajuda a esmiuçar a vida do
indivíduo, a fazer catarses e, a partir de olhares oferecidos por um terceiro
preparado tecnicamente, fica mais fácil começar a identificar nossa sombra
interior antes não percebida. No entanto, apenas o próprio indivíduo pode saber
com profundidade onde estão suas sombras, até porque a análise do terapeuta é
feita com base no que o próprio indivíduo informa.
Nesse sentido, o estudo aberto, trans, e a
meditação ajudam a pessoa a adquirir conhecimentos variados e a aplicá-los como
se estivesse fora, pois a prática meditativa eleva a consciência e a faz se
afastar do ego, permitindo que o próprio indivíduo seja seu terapeuta, porém
com muito mais conhecimento sobre o seu ego.
Acerca do tema, vale a pena ver as
considerações de Osho:
“Através da meditação a pessoa transcende seu
ser comum.
Surge uma nova questão para ela, a partir da
qual pode olhar para as coisas de uma maneira nova. É criada a distância. Os
problemas estão lá, mas agora estão muito longe, como se acontecessem com outro
alguém. Embora agora ela possa dar bons conselhos a si mesma, não há
necessidade. A própria distância vai torná-la uma pessoa sábia.
Assim, toda a técnica de meditação consiste
em criar uma distância entre os problemas e a pessoa.
Em um determinado momento ela se encontra tão
envolvida com seus problemas que não consegue pensar, não consegue contemplar,
não consegue enxergar através deles, não consegue testemunhá-los.
A psicanálise ajuda somente no reajuste. Não
é uma transformação, isso é uma coisa.
E a outra coisa é: na psicanálise a pessoa se
torna dependente” (O Livro do Ego, p. 200).
O primeiro erro mais comum dentre religiosos
é não estudar. A maioria pensa que basta seguir os rituais de suas religiões,
ainda que pensem que eles não existem, que a sua religião é superior às demais,
como é o caso de quase todos eles. Veja, por exemplo, a questão de quem é o
consolador prometido mencionado por Jesus Cristo. Diversas religiões, como o
Espiritismo e o Islamismo, pensam ser o consolador prometido que veio para
desvelar todas as dúvidas e todos os males do planeta.
Como muitos religiosos não estudam, eles
sequer chegam ao estágio de terem muito conhecimento somatizado apenas no
intelecto. Eles ficam com uma pequena quantidade de conhecimento imposta por
meio de dogmas e seguem aquilo como se estivessem em um transe. Para quem está
hipnotizado e dispõe de poucas ferramentas para sair da hipnose, será muito
difícil se ver nessa situação. Assim como o ignorante ignora, o hipnotizado se
hipnotiza, fica ignorante e ignora.
Os indivíduos precisam ir muito além das suas
religiões, buscando conhecer com o máximo de profundidade as demais e as
filosofias que lhes pareçam mais capazes de ajudar naquela tarefa de
autoconhecimento e de iluminação das sombras interiores. Em um excelente
Diálogo com os Espíritos, um dos Srs. Exus Ventania menciona isso inúmeras
vezes:
A Bíblia é um livro magnífico, diz ele, mas
não adianta lê-la 7 vezes se a pessoa apenas consegue construir a partir dali
conhecimento limitado, não se autoconhecendo o bastante e, pior, criando
inúmeras ilusões sobre quais seriam os caminhos para a sua ascensão.
O estudo isolado e mal feito de livros
religiosos tem levado em toda a história da humanidade a um delineamento do
mesmo ego do indivíduo numa conformidade do que um determinado messias ou grupo
de Espíritos parece pedir. As pessoas constroem falsas necessidades, falsos
moralismos e pensam ser, a partir dali, os donos da verdade, por terem à
disposição deles supostamente as ferramentas corretas de iluminação.
Não existe “O” único livro sagrado, nem “A”
ferramenta correta, nem “A” religião consoladora prometida, nem nenhuma dessas
coisas que apenas dão uma falsa segurança ao ser humano de que ele encontrou o
caminho. Existem diversos caminhos e o ideal é que o máximo deles seja
conhecido.
Voltando à Transdisciplinaridade e, portanto,
à Transreligiosidade, já tratadas em textos anteriores, sabe-se hoje com certa
clareza que, quando um estudioso se fecha em uma única disciplina, diversas
dimensões dos problemas ficam às escuras para ele. É por isso que, há muitas
décadas, se tem procurado estudos inter, multi, pluri e transdisciplinares,
aqueles que têm conseguido desvelar mais descobertas nos últimos 70 anos.
O mesmo vale para o estudo da
Espiritualidade, para a busca pelo aumento de vibração, de iluminação das
sombras interiores. O estágio humano atual é atrasado demais para se pensar que
estamos próximos de saber A Verdade. É inocência achar que uma religião, uma
filosofia, um livro pode nos tornar seres extremamente iluminados.
O trabalho de iluminação é lento, penoso, mas
podemos acelerá-lo na medida em que nos abrimos para o novo e pesquisamos sobre
os nossos próprios pontos cegos. No atual estágio de existência humana, as
sombras são inerentes ao planeta e aos seus seres. O objetivo desta fase de
transição é exatamente trazer mais Espíritos para a luz, reduzindo suas
sombras, criando ao menos boa vontade, para que se possa constituir lentamente
um mundo de regeneração, no qual a luz prevalece.
No momento atual, e nos últimos milênios da
Terra, a sombra de certa forma prevaleceu, ainda que saibamos que os seres de
luz estão a guiar tudo. Até hoje há muita desigualdade, preconceitos,
corrupção, se mata por pequenas coisas, há muitas guerras e riscos até de uma
catastrófica guerra nuclear.
Os problemas são muitos e não deixarão de
existir de uma hora para a outra. É preciso saber lidar com eles, de certa
forma saber que eles estão ali, mas esquecê-los, não se deixar incomodar por
eles. No entanto, é preciso conhecer os problemas, é preciso entender a sombra
em cada um, sobretudo em nós mesmos, e respeitá-la, pois todos estamos em
processo evolutivo.
Um erro de muitos psicanalistas, e dos
humanos em geral, é achar que é possível solucionar os problemas, especialmente
achar que é possível solucioná-los rapidamente. É o mesmo que achar que somos
já muito iluminados ou que as sombras podem ser destruídas de uma hora para a
outra.
Para concluir, recorramos novamente a Osho:
“[A yoga] A meditação vai a uma profundidade
maior. Ela muda a pessoa, de modo que não possam ocorrer problemas. A
psicanálise lida com os problemas, ao passo que a meditação lida com a pessoa,
diretamente, sem se preocupar nem um pouco com os problemas. É por isso que o
maior dos psicológicos orientais – Buda, Mahavira ou Krishna – não fala sobre
problemas. Devido a isso, a psicologia ocidental acha que a psicologia é um
fenômeno novo. E não é!
Somente no século XX, na primeira parte desse
século, pode ser provado cientificamente, por Freud, que existe algo como o
inconsciente. Buda falava sobre isso 25 séculos antes. No entanto, Buda nunca
procurava solucionar qualquer problema, porque, segundo dizia, os problemas eram
infinitos. Aquele que for combater todos os problemas nunca será realmente
capaz de resolvê-los. É preciso lidar com o próprio homem. E simplesmente
esquecer os problemas” (p. 203-204).
O Espiritismo e as demais religiões e
filosofias devem procurar o máximo de abertura e integração com o seu entorno,
desestimulando fortemente o preconceito, a intolerância. Um real conhecimento
sobre algo é aquilo que pode afastar preconceitos.
As pessoas precisam parar de imediatismos, de
achar que são iluminadas porque têm uma religião ou porque fazem meia dúzia de
trabalhos voluntários, ou mesmo que se tornarão iluminadas em curto prazo
apenas por conta disso. É preciso expandir a consciência, autoavaliar-se em
todos os momentos do dia, buscar emanar paz, caridade e humildade em cada
pensamento, escolha, comportamento e até no silêncio.
As pessoas precisam de menos rituais (não que
muitos deles não sejam relevantes), de menos livros sagrados, de menos
consoladores prometidos, e de mais consciência, de mais autoconhecimento, de
mais abertura, de mais tolerância, de mais paciência, de mais estudo e de mais
meditação.
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