Por Carol Macário - Diário Catarinense
A felicidade é um trabalho de iluminação
interior. Não mora numa mansão, não se compra com dinheiro e nem está na ilusão
de juventude eterna. É aquilo que Sidarta Gautama denominava Buda, que Jesus
denominava Cristo. Divaldo Franco, 90 anos, o maior médium da atualidade e
consagrado orador do espiritismo, recorre a diferentes filosofias e religiões
para explicar que ser feliz pode ser muito mais simples, como fazer alguém
sorrir, por exemplo. Felicidade é o tema de seu último livro, Seja Feliz Hoje, que será lançado
durante as palestras que ele ministra em Santa Catarina: Florianópolis a
palestra foi na última quinta.
Divaldo Franco tinha quatro anos quando se
comunicou pela primeira vez com espíritos. Foi sua avó materna, que morreu logo
após dar à luz a mãe de Divaldo, quem se manifestou para o menino.
—Subitamente chegou uma senhora, me chamou e
falou: "diga a sua mãe que sou Maria Senhorinha, eu sou sua avó"—
contou.
A partir daí a mediunidade se manifestou e,
aos 10 anos, ao ler o primeiro livro espírita, passou a dedicar-se a entender o
fenômeno mediúnico e a falar sobre a doutrina espírita em todo mundo. De lá
para cá, publicou mais de 250 livros e mantém na Bahia, Estado onde nasceu, a
Mansão do Caminho, instituição de caridade que atende milhares de pessoas todos
os dias.
Apesar da idade, 90 anos completados em maio,
o professor aposentado tem o corpo forte e a mente afiada. A gasolina, ele
brincou durante entrevista ao Diário Catarinense, é um golezinho de café de vez
em quando. Como é de se esperar, fala manso, é doce e sorri com os olhos.
Leia os principais trechos da conversa:
O que é o espiritismo
Allan Kardec definiu o espiritismo como sendo
uma ciência que estuda a origem, a natureza, o destino dos espíritos e as
relações que existem com mundo corporal. É uma ciência. Resultado dos fatos que
provam a imortalidade da alma através da mediunidade.
Mediunidade é um fenômeno orgânico
Médium é um indivíduo dotado de uma faculdade
semelhante à inteligência, à emoção. Allan Kardec estabelece de uma forma muito
bonita: todo aquele que sente, em determinado grau, a presença dos espíritos é,
dessa forma, médium. É uma faculdade orgânica. Nós temos nas células piramidais
do cérebro uma das sedes da inteligência. Temos também a sede da memória, a
sede das emoções. As nossas glândulas endócrinas respondem por várias funções.
Uma dessas é responsável pelo fenômeno mediúnico: é a glândula pineal, que é
também encarregada da sexualidade e da pigmentação da pele. A mediunidade é uma
faculdade orgânica. Não é um dom, carisma, uma graça, como as fantasias
denominam. É uma faculdade que todos nós possuímos.
Ciência de mãos dadas com a
espiritualidade
Allan Kardec (1804-1869, codificador do espiritismo) criou métodos, porque cada ciência tem a sua própria metodologia. E a metodologia materialista nos serve para investigar a imortalidade. Então a ciência espírita centraliza todas as pesquisas no fenômeno mediúnico, para verificar se se trata de paranormal, se aquelas expressões estão no inconsciente ou inconsciente coletivo, se é telepatia. E por meio de pesquisa muito bem elaborada pela repetição, chega-se à conclusão da legitimidade dos fenômenos. Demonstra que a mediunidade é o melhor instrumento para provar a imortalidade da alma.
Allan Kardec (1804-1869, codificador do espiritismo) criou métodos, porque cada ciência tem a sua própria metodologia. E a metodologia materialista nos serve para investigar a imortalidade. Então a ciência espírita centraliza todas as pesquisas no fenômeno mediúnico, para verificar se se trata de paranormal, se aquelas expressões estão no inconsciente ou inconsciente coletivo, se é telepatia. E por meio de pesquisa muito bem elaborada pela repetição, chega-se à conclusão da legitimidade dos fenômenos. Demonstra que a mediunidade é o melhor instrumento para provar a imortalidade da alma.
Um mundo de provas e expiações
Existe a lei do progresso. Nós viemos do
primata homini e atravessamos o período do instinto, passamos para o período da
emoção, da razão e agora a da tecnologia. E já entramos no período em que vamos
ter o homem virtual — isso porque de tal forma a cibernética nos lançou no
mundo que em breve teremos uma nova imagem da sociedade. E é natural que de uma
etapa para outra nós venhamos deixando resíduos. Esses resíduos nós chamaremos
efeitos, ou o que os esotéricos indianos chamam de carma. Nós não usamos a
palavra, porque o carma é como uma roda, e ele se repete. Para nós, o amor de
Deus anula todos os nossos equívocos. Nós somos aprendizes da vida. Não existe
o erro, e sim o certo que se deu equivocado. Então geramos um débito e esse
débito tem uma pontuação ("eu necessito de reabilitar-me desse equívoco,
então eu reencarno e experimento o sofrimento"). Ou experimento a
abnegação. Porque o bem que eu fizer anula o mal que eu fiz. Nós vivemos num
mundo conturbado porque é um mundo em evolução. Allan Kardec, o codificador do
espiritismo, denominava Mundo de Provas e Expiações. É uma escola. E na escola
nós vamos progredir, mas temos muitas provas e momentos difíceis. Uma escola
que vai nos projetar para uma universidade do bem, que será então um mundo de
regeneração.
O sofrimento vem do egoísmo
A causa matriz do sofrimento humano é o
egoísmo. É um fator que desencadeia todos os males, porque é a mãe do orgulho e
dos sentimentos de natureza pessoal: primeiro eu, para depois os outros. Na
hora em que nós compreendermos que somos animais gregários e que todos somos
interdependentes, que nós formamos um holograma, um conjunto de energia,
conforme a chamada Teoria do Todo, veremos que a nossa felicidade depende da
felicidade do outro.
Nossos sofrimentos têm a dimensão que nós
lhes damos. Porque o sofrimento teu talvez para mim não tenha nenhum sentido.
Se nós colocarmos no oposto ao sofrimento a esperança, a alegria, a
compreensão, ele diminui. Mas esse sofrimento ao mesmo tempo é uma marcha e
podemos considerá-lo como fator de progresso, um estímulo. Se não, cairíamos
num tédio insuportável. Há uma anedota muito interessante: um protestante havia
comprado uma gleba de terra e certo dia alguém passou e viu um jardim lindo ao
lado de uma floresta agressiva. Então o visitante disse: "ué, que bom né?
Deus lhe ajudou a fazer isso". A resposta foi assim: "você precisava
ver antes de eu chegar, Deus estava descuidado¿ (risos). Nós temos que fazer a
nossa própria parte para poder desenvolver os nossos valores. Jesus teve uma
frase de grande beleza: ¿meu pai, até hoje, trabalha. Eu também trabalho".
Se procurarmos ter ação, atividade mental e física, e objetivarmos o bem comum,
tudo muda. Porque nada melhor do que fazer alguém sorrir. A felicidade consiste
em espalhar esperança.
Sobre a tolerância de credos e
opiniões
Dar ao outro o direito de crer no que lhe
aprouver. E agir da melhor maneira possível. Eu criei uma tese, a de que é mais
importante não ter religião e ser digno do que ter religião e não ter
dignidade. Então se nós permitirmos que o outro seja feliz a seu modo, é um
direito que ele tem. O nosso egoísmo pede que ele seja feliz ao nosso modo. E
isso é um pouco de atraso que nós temos que combater. Deixar a pessoa ser feliz
conforme lhe apraz. E a vendo feliz, participar dessa felicidade. Mesmo que não
seja com a gente.
Homenagem aos familiares do acidente
da Chape
Faremos especialmente uma homenagem aos que
ficaram, porque os que partiram estão felizes. Iremos homenagear com uma
conferência sobre imortalidade da alma. Para que eles se renovem, se
tranquilizem e entrem em contato psíquico com os seus queridos. É tão fascinante
essa questão: nós podemos nos comunicar com eles. Isso é fascinante, porque
além de estar no Evangelho de Jesus, é um fenômeno da ciência. A neurologia e a
neuropsiquiatria comprovam a imortalidade da alma.
Mortes coletivas e o espiritismo
Nós acreditamos na reencarnação. E muitas
vezes nós cometemos vários deslizes e problemas coletivamente. Observemos o
exército muçulmano, as invasões de cidades, a pornografia, o número de pessoas
que atraímos para situações deploráveis. Tudo isso estabelece um código de
ética, uma causa negativa. Essa causa negativa funciona dentro da lei da
física, vai dar efeitos e consequências. Não quer dizer que esses indivíduos
foram maus, necessariamente. Vamos dizer que são indivíduos que tinham débitos
perante a lei divina, e foram reunidos para poder resgatar coletivamente. Então
vem a morte inesperada por motivos que não têm a mínima justificativa. Trata-se
de um resgate coletivo graças à misericórdia de Deus, muito mais doloroso para
quem fica, por causa da saudade. Aqueles que vão, despertam e a vida continua,
serão felizes. Mas aqueles que ficam convivem com as dúvidas: será que isso é
verdade? Se nós refletirmos um pouco em Jesus, veremos a ressurreição. É
inevitável que a vida termine quando por acaso ocorrem esses fenômenos
denominados de morte. A vida prossegue exuberante. Tudo se transforma. Hoje nós
vemos uma partícula subatômica ser a base do cosmo. E vemos também no holograma
um pedaço ser o todo. Dessa maneira, esses jovens que deixaram as famílias
estão neste momento atendendo, socorrendo, dando uma dinâmica nova à vida,
substituindo a saudade pela esperança. Porque essa é uma lei da vida.
Felicidade é iluminar-se por dentro
A felicidade é um trabalho de iluminação
interior. É aquilo de Sidarta Gautama denominava Buda, que Jesus denominava
Cristo. Esse estado de integração do ego no self. Do indivíduo bastar-se.
Ansiedade em busca da felicidade
A nossa busca é tão tormentosa e o nosso
conceito de felicidade é tão falso que entramos nesse transtorno de natureza
psicológica. "Tenho que correr para dar vencimento, trabalhar muito para
ganhar..." E aí nos perdemos nos transtornos de pânico, ansiedade e
depressão. E aí é necessário que nós modifiquemos o conceito de felicidade.
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