Por Antônio Carlos Navarro
O retorno do Espírito ao mundo corporal, em
cumprimento da Lei de Progresso, se dá pelo processo biológico que conhecemos
por Gestação.
Embora sejamos individualidades ímpares, o
processo reencarnatório também obedece a determinados princípios, como nos
afirma o Benfeitor Espiritual Alexandre:
“Grande percentagem de reencarnações
na Crosta se processa em moldes padronizados para todos, no campo de
manifestações puramente evolutivas. Mas outra percentagem não obedece ao mesmo
programa. Elevando-se a alma em cultura e conhecimentos, e, consequentemente,
em responsabilidade, o processo reencarnacionista individual é mais complexo,
fugindo à expressão geral, como é lógico. (1)
Desejamos, neste pequeno ensaio, focar nossa
atenção para os processos em que a gestação não alcança a sua finalidade
última, não permitindo ao Espírito experienciar a vida física por determinado
tempo.
Também esse assunto chamou a atenção de Allan
Kardec, que demandou aos Espíritos Superiores:
“Há, como indica a ciência, crianças
que, desde o ventre materno, não têm possibilidades de viver? Qual o objetivo
disso?
– Isso acontece frequentemente; a
Providência o permite como prova para seus pais ou para o Espírito que está para
reencarnar”. (2)
“Existem crianças que, nascendo
mortas, não foram destinadas à encarnação de um Espírito?
– Sim, há as que nunca tiveram um
Espírito destinado para o corpo; nada devia realizar-se por elas. É,
então, somente pelos pais que essa criança veio”. (3)
A esse respeito foi proposto ao Benfeitor
André Luiz o seguinte questionamento:
“Como compreenderemos os casos de
gestação frustrada quando não há Espírito reencarnante para arquitetar as
formas do feto?
– Em todos os casos em que há formação
fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos
moldes mentais
maternos. Dentre as
ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas nas quais a mulher,
em provação de reajuste do centro genésico, nutre habitualmente o vivo
desejo de ser mãe, impregnando as células reprodutivas com elevada percentagem
de atração magnética, pela qual consegue formar com o auxílio da célula
espermática um embrião frustrado que se desenvolve, embora inutilmente, na
medida de intensidade do pensamento maternal, que opera, através de impactos
sucessivos, condicionando as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem
aos apelos segundo os princípios de automatismo e reflexão. (4)
Voltando ao Livro dos Espíritos
encontraremos:
“O Espírito sabe, com antecedência,
que o corpo que escolheu não tem probabilidades de vida?
– Algumas vezes, sabe; mas se o
escolher por esse motivo, é porque recua diante da prova”. (5)
E também:
“Quando uma encarnação falha para o
Espírito, por uma causa qualquer, é suprida imediatamente por outra existência?
– Nem sempre imediatamente. É preciso
ao Espírito o tempo de escolher de novo, a menos que uma reencarnação imediata
seja uma determinação anterior”. (6)
Fica claro que a gestação do corpo físico
também está vinculada às necessidades de provas e expiações do Espírito
reencarnante e dos Pais, e como dentro das possibilidades da não consumação da
gestação há a recusa da mesma por parte da mãe, que provoca o aborto, os Benfeitores
nos esclarecem:
“Quais são, para o Espírito, as
consequências do aborto?
– É uma existência nula que terá de
recomeçar”. (7)
Ainda em Missionários da Luz André Luiz
comenta sobre o aborto:
“Há, por exemplo, os casos em que a
mulher, por recusa deliberada à gravidez de que já se acha
possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação,
desarticulando os processos celulares da constituição fetal e adquirindo,
por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o Destino”. (8)
O comentário de André Luiz está fundamentado
em O Livro dos Espíritos:
“O aborto provocado é um crime,
qualquer que seja a época da concepção?
– Há sempre crime quando se transgride
a Lei de Deus. A mãe, ou qualquer outra pessoa, cometerá sempre um
crime ao tirar a vida de uma criança antes do seu nascimento, porque é
impedir a alma de suportar as provas das quais o corpo devia ser o
instrumento”. (9)
Atestam os Espíritos, no entanto:
“No caso em que a vida da mãe esteja
em perigo pelo nascimento do filho, existe crime ao sacrificar a criança para
salvar a mãe?
– É preferível sacrificar o ser que
não existe a sacrificar o que existe”. (10)
Outra possibilidade de interrupção da
gestação é a do Espírito recusar, quando já definido, o seu processo reencarnatório:
“ O Espírito poderia, no último
momento, recusar o corpo escolhido por ele?
– Se recusasse, sofreria muito mais do
que aquele que não tentou nenhuma prova”. (11)
Pensemos nisso.
Fonte: http://www.agendaespiritabrasil.com.br/
Referências:
(1) Missionários da Luz, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap. XII;
(2) O Livro dos Espíritos, item 355;
(3) Idem, item 356;
(4) Evolução em Dois Mundos, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap. 33;
(5) O Livro dos Espíritos, item 348;
(6) Idem, item 349;
(7) Idem, item 357;
(8) Missionários da Luz, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap. XII;
(9) O Livro dos Espíritos, item 358;
(10) Idem, item 359;
(11) Idem, item 355 a.
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