Por Alex Alprim
No mundo das manifestações espirituais,
vários fatos e fenômenos compõem um vasto conjunto de provas da existência de
uma realidade espiritual e de como essas energias conscientes entram em contato
com o mundo físico. Uma das mais impressionantes manifestações é a formação do
ectoplasma, um fenômeno que ainda aguarda uma investigação mais efetiva.
No fim do século 19 e início do século 20,
houve uma intensa busca para se compreender os fenômenos espirituais que
tomavam conta dos salões onde ocorriam os chamados fenômenos espirituais.
Evidentemente, a base desses encontros eram os contatos com entidades
espirituais, mas também significavam divertimento – algo de novo sendo
introduzido numa sociedade que começava a se preparar para encarar essa nova
realidade. A intensa utilização de médiuns e os fenômenos que eles
apresentavam, também levaram a uma vulgarização dos acontecimentos do “mundo do
além”, especialmente devido à grande quantidade de fraudes, muitas delas
desmascaradas pelos cientistas que pesquisavam o assunto.
A intensidade dos fenômenos e a profusão dos
“poderes” dos médiuns – que passaram a surgir em cada esquina – originaram uma
grande quantidade de estudos sobre tais fenômenos, desenvolvidos por cientistas
credenciados. O resultado foi a elaboração de vários trabalhos e documentos que
atestavam a existência de eventos parapsicológicos legítimos, como a
clarividência, a materialização, a comunicação com os mortos etc..
De todos os fenômenos estudados, um dos mais
impressionantes, atraindo inúmeras pessoas e os jornais sensacionalistas, foi a
ectoplasmia ou materialização. Centenas de casos, devidamente comprovados,
foram fotografados e medidos por diversos pesquisadores que relataram
detalhadamente as manifestações e produziram uma base científico-espiritualista
para compreender a produção nos mais diversos ambientes e condições da “matéria
espiritual”.
Como sempre ocorre com os fenômenos
espirituais, os enganadores tentaram se aproveitar da credulidade e da fé das
pessoas, muitos deles sendo desmascarados como fraudes. Alguns faziam uso de
luvas, vapores e de ilusionismo para enganar a plateia que ia ver os
“espíritos”. Essa situação acabou por gerar uma grande dose de desconfiança e a
perda de prestígio dos fenômenos parapsicológicos na comunidade científica de
forma geral (que, em grande parte, se mantém cética até os dias atuais, apesar
das evidências reunidas).
Contudo, existiam médiuns que produziam
eventos legítimos de materialização que podiam ser devidamente comprovados como
reais e incontestáveis. Muitos pesquisadores, mesmo contra as opiniões
contrárias, continuaram pesquisando e descobrindo as peças que formavam o
quebra-cabeça das materializações.
As ideias apresentadas nos trabalhos de
diversos estudiosos levaram à aceitação de que o ectoplasma é gerado mediante
uma notável interação entre diversos planos físicos e espirituais, durante a
qual as vibrações etéricas acumulariam matéria das pessoas envolvidas nas
manifestações e reproduziriam as intenções do espírito manifestado de uma forma
consistente e material.
Os estudiosos concluíram que, na verdade,
existe um número reduzido de pessoas capazes de produzir casos autênticos de
ectoplasmia, mesmo sem ter de recorrer a ritos específicos ou realizar as
chamadas “sessões”. Acredita-se que os médiuns aproveitam as energias etéricas,
magnéticas e do seu envolvimento com o mundo espiritual, somadas às vibrações
emanadas das pessoas presentes ao experimento, e assim produzem as energias e
condições necessárias para a manifestação.
No Oriente, essa ideia já foi muito discutida
e difundida, além de experimentada, ao longo de milhares de anos. Aqueles que
possuem tais poderes (siddhas) não são necessariamente sábios (rishis, pessoas
de conduta irrepreensível e de profundo saber espiritual); na verdade, muitos
deles fazem uso de suas capacidades para ganhar a vida, como se fossem
pianistas, desenhistas ou qualquer profissão que exigisse algum dom especial.
O
Médium
A manifestação de ectoplasma causa
esgotamento físico nos médiuns, pois eles cedem parte de sua “energia vital”
para produzir e enriquecer a materialização periespiritual. Isso foi
devidamente comprovado por uma série de investigações realizadas por W. J.
Crawford, professor de Engenharia Mecânica da Queens University, de Belfast.
Ele se dedicou a estudar uma médium famosa na Irlanda, conhecida como Goligher,
e descobriu que, durante as sessões (quando surgia o ectoplasma), tanto a
médium quanto seus assistentes perdiam peso. Com um conjunto complexo de
medidas, ele determinou que, nas manifestações de ectoplasma (quando ele saía
pela boca da médium), ela perdia cerca de vinte e seis quilos (algo
considerável para qualquer ser humano), e ainda anotou em seus estudos que a
perda de peso de massa era evidente no corpo da médium, pois ela definhava a
olhos vistos.
O professor Crawford, segundo foi relatado
por várias pessoas próximas, estabeleceu uma teoria coerente para explicar o
surgimento e a materialização do ectoplasma, plausível tanto para os cientistas
quanto para os espíritas; só que essa teoria nunca chegou ao conhecimento do
público, pois ele nunca a revelou a quem quer que fosse. Desde então, surgiram
vários boatos, mas nada foi revelado, nem mesmo após a sua morte.
Um trabalho notável no que diz respeito à
comprovação científica da ectoplasmia foi desenvolvido pelo barão Von
Schrenk-Notzing. Ele conseguiu obter um pedaço de ectoplasma e realizou mais de
uma centena de exames laboratoriais. Descobriu-se a presença de leucócitos
(células do sistema imunológico humano) e células epiteliais (pele, a primeira
camada celular), colocando em cena os possíveis mecanismos psicofísicos da
ectoplasmia.
Essa análise corroborava a ideia de que os
médiuns contribuem ativamente com a sua própria “matéria” para a formação das
materializações. O barão Von Schrenk-Notzing ampliou as definições existentes
sobre o ectoplasma, afirmando: “É uma matéria inicialmente semifluida, que
possui determinadas propriedades da matéria viva, especialmente a capacidade de
mutação de movimentos e de tomar diversas formas”. Como podemos perceber, o
barão tinha a ideia de que o ectoplasma era algum tipo de interação orgânica
entre o médium e as forças espirituais.
Os cientistas e outros pesquisadores também
coletaram centenas de fotografias das sessões de materialização; elas mostram
imagens com formas e estruturas variadas. Geralmente, surgem em torno do médium
das mais diversas maneiras: às vezes, de forma difusa, outras, de maneira
bastante nítida. Formam rostos, fios translúcidos, pedaços de corpos, mãos e
outras estruturas não-identificáveis.
Algumas das materializações mais
surpreendentes da época foram produzidas pelas médiuns Eva Carrière e Eusápia
Palladino. Mesmo com um histórico polêmico quanto à autenticidade de suas
manifestações, a produção de ectoplasmia das médiuns foi fotografada e
analisada.
Um evento notável em sua extensão e nas
consequências científico-espirituais foi o ocorrido em 1913, durante uma
convenção espírita em Moscou. Nela, um grupo de investigadores perguntou a um
espírito materializado se havia algum problema em se realizar uma intervenção
cirúrgica em seus antebraços ectoplasmáticos, para que pudessem ver a
substância da qual eram compostos. Ele aceitou, impondo como condição que ele
iria se preparar para que o médium nada sofresse no processo. Após cinco meses,
os investigadores e o médium voltaram a se reunir, e a operação foi realizada.
Em um dos antebraços os pesquisadores encontraram uma constituição
perfeitamente humana (ossos, nervos, sangue etc.), enquanto o outro era formado
por uma substância gelatinosa, clássica nos casos de ectoplasmia, e sem
definição de partes constituintes.
Esse fato contribuiu para colocar a
materialização ectoplasmática novamente sob um prisma científico. Alguns
experimentos chegaram a extremos, como no caso de médiuns colocados em cadeiras
e equipamentos especialmente projetados para evitar fraudes e, ainda assim, os
eventos ocorreram e foram detectados por aparelhos sensíveis, deixando de lado
qualquer dúvida sobre a autenticidade do fenômeno.
Explicando
o Ectoplasma
As teorias que procuram explicar a
ectoplasmia partem de um ponto comum: a existência de uma forma
energético-espiritual, denominada perispírito. Essa substância preencheria o
corpo material enquanto encarnado, servindo como receptáculo da consciência
durante a estada do ser no mundo físico-espiritual. É pela interação entre os
perispíritos desencarnados e as energias espirituais dos encarnados que médium
e espírito podem, então, romper os limites mentais e as fronteiras físicas,
produzindo o ectoplasma.
Esse perispírito foi relatado por vários
médiuns, que o descreveram das mais variadas formas. Geralmente, é visto como
um vapor branco-azulado que se desprende dos corpos de pessoas mortas, saindo
pela região do chacra coronário (alto da cabeça). Essa “matéria” teria uma
existência intermediária entre as formas densa (atômica) e espiritual (etérea).
Segundo alguns estudiosos, isso também é
comprovado por meio das fotografias Kirlian, que mostram uma estrutura
energética envolvendo os mais diversos objetos e, em específico nos seres
humanos, mostram uma profusão de cores e linhas que lembram os “caminhos de
luz” descritos nos antigos textos orientais sobre a acupuntura, quando falam a
respeito das linhas energéticas.
Segundo o que se conhece atualmente dos
mecanismos da ectoplasmia, o médium usa seu perispírito para interagir com o
perispírito do desencarnado; cedendo material orgânico e energético, gera o
ectoplasma e auxilia, com sua carga cultural e imaginativa, para construir a
materialização.
Não há qualquer dúvida quanto à razão da
ectoplasmia atrair tanta atenção: é uma manifestação visível, palpável, muitas
vezes mensurável. Ao contrário de outros fenômenos espirituais, ou
parapsicológicos, se preferirem, causa um impacto mais imediato. E não são
poucos os que se dedicam ao seu estudo que afirmam ser a ectoplasmia o fenômeno
parapsicológico que apresenta o maior número de provas. Além disso, permite que
os pesquisadores possam comprovar, de forma relativamente simples, se é uma
manifestação verdadeira ou fraudulenta.
Não se sabe muito bem em que ponto se
encontram as pesquisas científicas com relação ao assunto. Cientistas que não
estão ligados ao espiritismo pouco ou nada falam sobre o assunto, ou então
rechaçam completamente o fenômeno, entendendo que ele jamais foi devidamente
comprovado, apesar das inúmeras evidências coletadas.
O que se sabe ao certo é que o fenômeno
continua a ocorrer, e a ser registrado, em muitos centros espíritas e em locais
que nada tenham a ver com a doutrina. Resta esperar que pesquisas mais
afirmativas e profundas sejam realizadas.
Pesquisas
Recentes
Quando se fala sobre o fenômeno da
ectoplasmia, geralmente são apresentados documentos e fotos antigas. A verdade
é que esses casos foram muito examinados nos primórdios das pesquisas
parapsicológicas, fotografados e registrados com o rigor científico possível na
época. Depois, a impressão que se tem é de que as pesquisas foram um tanto
esquecidas.
No entanto, existem grupos de pesquisa, espíritas
ou não, que continuam procurando obter registros cientificamente válidos para o
fenômeno, e muitas vezes com êxito. As pesquisas não são muito divulgadas: o
que se ouve dizer é que os pesquisadores preferem realizar suas experiências
sem grande alarde, mantendo os resultados conhecidos apenas de um pequeno grupo
de interessados, evitando o escárnio que geralmente ocorre quando se fala sobre
certos assuntos.
Nas pesquisas do Dr. João Alberto Fiorini,
que deverão ser publicadas em livro, ele informa que o ectoplasma é sensível à
ação da luz comum (branca) e reage ao pensamento. Por outro lado, suporta bem
as radiações pouco energéticas do espectro da luz, como o vermelho e o
infravermelho. A temperatura é um pouco inferior à do ambiente em que se encontra
o médium, e sua cor pode ser acinzentada, branca, amarelada, malhada ou negra.
Também se encontra em todos os estados, ou seja, invisível, visível, gasoso,
plasmático, tangível, morfo, foculoso, filamentoso, sólido e estruturado.
Esperamos, em breve, poder apresentar algumas
imagens e documentos obtidos a partir de pesquisas do gênero, no Brasil, assim
como conversar com cientistas envolvidos na pesquisa parapsicológica, para que
eles apresentem seus depoimentos a respeito e, quem sabe, algumas pesquisas
científicas. (GS)
Fenômenos
de Ectoplasmia
Ectoplasma: O ectoplasma pode exteriorizar-se
em qualquer parte do corpo do médium, ao qual está vinculado estreitamente.
Dirigido pelas forças presentes, o ectoplasma pode causar o fenômeno da
telecinesia, que é a movimentação de objetos. Em alguns casos, foi comprovado
que o ectoplasma saía do corpo do médium e, apoiando-se no chão, formava uma
espécie de alavanca, conseguindo assim erguer objetos bem mais pesados do que o
médium.
Ectoplasmia: Do grego ectós, “fora”; plasma,
“coisa formada”. Ectoplasmia designa o fenômeno; ectoplasma designa a
substância.
Ectocoloplasmia: Termo que foi utilizado para
definir a “modelagem” do ectoplasma para formar membros ou partes de pessoas,
animais ou objetos.
Fantasmogênese: A produção ectoplasmática de
um fantasma de pessoa, animal ou coisa, pelo menos aparentemente inteiro.
Transfiguração: A transformação do próprio
corpo do médium por meio do ectoplasma.
[1]
http://jornalcienciaespirita.spiritualist.one/ectoplasma-rompendo-a-fronteira-fisica/
COMPARTILHE ESTA MENSAGEM
0 Comentários