por Hugo Lapa
É comum as pessoas
me procurarem perguntando sobre a morte de entes queridos. Uma das perguntas
mais comuns é se elas poderiam ter feito algo para evitar a morte das pessoas
que amam, pois sentem muito sua falta.
A resposta a essa
pergunta é simples… não. Elas não poderiam evitar, em hipótese alguma. Mas por
que não seria possível evitar a morte de uma pessoa? A morte não pode ser
evitada porque ela já está determinada desde quando a pessoa nasceu. Tão logo o
espírito encarnado cumpra determinadas tarefas e viva certas experiências na
matéria, sua existência material passa a se tornar desnecessária e o espírito
deve ir embora.
Não adianta tentar
mudar algo externamente; não adianta buscar evitar ou provocar certas
circunstâncias; não é possível acreditar que temos o poder de salvar ou deixar
uma pessoa morrer. Quando uma pessoa desencarna, a hora dela chegou e nada pode
ser feito para evitar isso. Não importa o quanto você seja forte; não importa o
quanto você seja sábio; não importa as influências políticas que você tem; não
importa quantos médicos você conhece e tampouco quanto dinheiro você tem.
Quando conseguimos “salvar” a vida de alguém, por exemplo, de um afogamento, só
fomos bem sucedidos no resgate porque ainda não era a hora do seu desencarne.
Caso fosse o momento dela ir embora, nenhum poder humano seria capaz de
salva-la.
Pelo contrário.
Supondo que uma pessoa precisasse morrer e nos fosse dado o poder de intervir e
mante-la na matéria por mais tempo, isso a prejudicaria imensamente. Vamos
imaginar que uma pessoa está indo embora de um país para trabalhar em outro
país. Ela precisa daquele emprego, pois vai incrementar seu currículo, ela terá
um experiência inédita e muito preciosa para sua carreira, além de ganhar mais
e assim poder comprar sua casa própria. Agora imagine que existe uma pessoa
apegada a ela e que não deseja essa distância. O que aconteceria se essa pessoa
queimasse as passagens e a impedisse de ir? Ela estaria destruindo uma
oportunidade valiosa de crescimento profissional de alguém que ama.
O mesmo ocorre com
aqueles que tentam impedir a morte de alguém cuja estadia na matéria já se
findou. Ela estaria prejudicando agudamente aquele espírito de seguir sua
jornada evolutiva, ir a outras regiões cósmicas mais sutis para trabalhar,
aprender, se desenvolver, ter novas experiências, etc. Portanto, nosso egoísmo
em desejar prender alguém que precisa ir pode atrapalhar consideravelmente a
evolução do seu espírito, da mesma forma que os pais podem atravancar o
desenvolvimento do filho quando obstam sua saída de casa para morar sozinho. O
ser humano muitas vezes se comporta como uma criança mimada, que bate o pé e
grita quando suas vontades não são atendidas. Os mestres sempre ensinaram que
devemos seguir a vontade de Deus, como fez Jesus quando disse: “Pai, que seja
feita a Sua vontade e não a minha”.
Muitas pessoas se
culpam por não terem evitado a morte de um parente. Elas acreditam que, se
tivessem levado a pessoa antes a um hospital; se tivessem socorrido mais
rápido; se tivessem prestado mais atenção; se tivessem certos conhecimentos de
primeiros socorros; se não tivessem sido negligentes com a pessoa; se fossem
mais espertas, mais inteligentes, mais dinâmicas em algum momento, teriam sido
capazes de salvar a pessoa. A grande verdade, que poucos desejam aceitar, é que
ninguém salva ninguém; cada pessoa se salva por si só. É imenso o número de
pessoas que perdem suas vidas tentando salvar outras pessoas e acabam
esquecendo de si mesmas. Passam suas vidas tentando resgatar o outro do abismo
em que ele se encontra, e acabam caindo nesse mesmo abismo, não salvando o
outro e ainda perdendo a si mesmas por puro apego.
É preciso deixar o
outro viver a sua vida da forma como ele deseja viver, de acordo com suas
escolhas e seus objetivos. Mesmo que o outro aparentemente fique mal, perca
tudo, fique doente, se destrua… se isso ocorreu, é porque precisava ocorrer. A
autodestruição era necessária para seu avanço espiritual, com base em suas
escolhas. Vamos entender de uma vez por todas que não é algo ruim as pessoas
sofrerem as consequências de suas escolhas. Ao contrário, é algo extremamente
positivo, pois quem padece no futuro de acordo com o que escolheu no passado
vai aprender e se purificar. Seria o mesmo que queimar uma plantação de jiló
que nosso filho semeou alegando que o jiló não lhe trará renda. Se ele escolheu
plantar o jiló, é necessário permitir que ele colha o jiló. Se ele não colher,
não enfrentará as consequências de seus próprias atos e não aprenderá certas
lições. Isso não é algo a se evitar, até porque não pode ser evitado. É algo
que deve ser aceito como parte da nossa evolução.
Portanto, não se
culpe por não ter conseguido salvar alguém de sua morte ou mesmo salvar alguém
em vida. O momento da morte não vem por acaso. Era para ocorrer exatamente
daquela forma. Aquele acidente que a pessoa sofreu e que a levou, precisava
acontecer; aquela doença que ceifou sua vida, precisava vir e purifica-la;
aquele caminhão que a atropelou precisava atropela-la para ela se libertar;
aquela queda que o levou a morte era necessária a sua elevação; se não fosse
necessária, acredite, não teria ocorrido, pois nada, absolutamente nada em todo
o cosmos ocorre por acaso. O acaso é mera ilusão de nossa mente que ainda não
compreende a vida.
O acaso não existe
em todo o universo; se algo ocorreu, é porque precisava ocorrer. Ninguém deve
se culpar por não ter conseguido evitar algo. A culpa é o efeito de um delírio
de grandeza e poder. Acreditamos que somos poderosos suficientes para decidir
sobre a vida e a morte de alguém; acreditamos que sabemos melhor do que Deus
quando alguém deve morrer ou quando alguém deve continuar na matéria. Nada além
de uma fantasia humana de onipotência; a mesma fantasia que fez o ser humano
cair na matéria e que o mantém até hoje sofrendo.
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