Por Edson Sardano
Rasgar as últimas folhas do carnê não elimina
os débitos contraídos
O Uruguai acaba de aprovar a legalização da
eutanásia. “O procedimento pode ser solicitado por qualquer pessoa
diagnosticada com doença incurável que cause sofrimento físico ou psíquico
“insuportável”, desde que considerada mentalmente capaz de tomar a decisão.”
Esse é o texto da norma.
Muitas pessoas e organizações estão comemorando
a medida e anunciando como um grande avanço, diferentemente do posicionamento
da Igreja Católica local, frontalmente contrária à medida.
E o Espiritismo, como vê a questão?
Não raras vezes eu sinto a falta do
posicionamento da Federação Espírita Brasileira diante de temas polêmicos,
defendidos por uma parcela da população em nome dos avanços sociais, mesmo que
contrários aos postulados básicos da Doutrina, cuja posição não está amparada
em dogmas fundamentalistas, mas na clara visão sobre o processo evolutivo, a
sobrevivência do espírito e o caráter indisponível da vida, desde a concepção
até a consumação, mas isso é uma questão que não me compete avaliar.
Nós espíritas temos a clara consciência que a
vida não iniciou na presente encarnação e, da mesma forma, não terminará no seu
final, de modo que trazemos uma carga de informações e compromissos nessa
existência, que devem ser administrados da melhor forma possível, lançando mão
de todos os recursos da ciência para que
esse período transcorra da melhor forma possível, mas que quando nem
tudo for conforme nossa noção limitada de felicidade, tenhamos resiliência
suficiente para enfrentar o desafio, por mais difícil que pareça.
Muita gente afirma querer viver enquanto tiver
saúde, mas se esquecem que as doenças do corpo são muito importantes para a
saúde da alma, desempenhado um papel fundamental no processo evolutivo, que
inclui a mitigação de arestas amealhadas em outras oportunidades.
Religiões à parte, basta olhar as estatísticas:
Sabemos que Deus nos deu o instinto de sobrevivência, e o respeito à vida é
algo inerente à nossa natureza, de modo que ao mesmo tempo que vemos pessoas
recorrendo a esse expediente, observamos milhões de criaturas convivendo com
dificuldades extremas e, ainda assim, dando exemplo de amor à vida todos os
dias.
Apenas uma minoria, cuja opinião até merece
respeito, tem levantado essa bandeira, mas isso não lhes dá o direito de
transformar o exercício do livre arbítrio de poucos, numa bandeira de avanço e
modernidade para todos.
Não somos donos da vida! Decidimos como
queremos viver e temos o direito de lutar pela qualidade em todos os sentidos,
mas o tempo é de Deus e todas as experiências que atravessamos têm uma razão de
ser justa.
Rasgar as
últimas folhas do carnê não elimina o débito contraído, mas adia e encarece a
quitação.
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