EMMANUEL: O GUIA DE CHICO XAVIER


Emmanuel (espírito), em pintura de Delpino Filho a pedido de Chico Xavier, década de 1940.

Senador Romano, padre e escravo em vidas passadas, o espírito atuou como o grande mestre de um dos maiores médiuns brasileiros

Se você já tem algum conhecimento sobre o Espiritismo, deve ter ouvido falar em Emmanuel, que foi um dos principais orientadores espirituais do famoso médium brasileiro Chico Xavier.

Foi revelado, por ele mesmo, a Chico, que teria sido um senador romano chamado Públio Lentulus Cornélio. Xavier atribui, a Emmanuel boa parte de suas obras psicografadas, entre elas Há 2000 Mil Anos (livro no qual há 20 capítulos nos quais o espírito relata suas lembranças pessoais e também os costumes e tradições da Roma dos Césares. Ele também escreveu romances e livros de aconselhamento espiritual). Nas linha seguintes, você compreende um pouco mais sobre ele e sua importância na história da doutrina espírita.

EMMANUEL E CHICO: CONTATO E ENSINAMENTOS

Para Chico existiam três momentos distintos em suas atividades mediúnicas. O primeiro foi desde os cinco anos, quando viu a imagem de sua mãe, até os 17 anos, quando começou a estudar a doutrina espírita por meio do casal Perácio. O segundo entre 1928 e 1931, quando psicografou centenas de páginas, que eram na verdade esboços, exercícios e que foram inutilizados, mais tarde, a conselho dos espíritos. A terceira e definitiva foi aquela a partir de 1931, quando Emmanuel assume o papel de orientador espiritual de Chico Xavier. Ele já tinha estado em contato com Chico desde suas primeiras experiências e por meio de amigos, como Carmen Perácio, que em uma sessão relatou que apenas esperava um amadurecimento maior de Chico para iniciar a grande tarefa de psicografia de livros.

Ao ser questionado sobre sua identidade, o espírito teria respondido: “Descansa. Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espírita. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e o sentimento afetivo que me impele para o teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos”

Já o encontro inicial entre Chico e Emmanuel se deu em 1931, num feriado, às margens de um açude onde o médium costumava rezar. Primeiro veio a visão de uma cruz muito bela por entre as árvores, em seguida, Emmanuel surgiu em meio a raios de luz, vestindo uma túnica semelhante a dos sacerdotes e com feições de um venerável ancião. O encontro foi narrado no livro Lindos Casos, de Ramiro Gama: “está você realmente disposto a trabalhar na mediunidade com Jesus?”, pergunta o orientador espiritual. “Sim, se os bons espíritos não me abandonarem”, respondeu o médium. “Não será você desamparado”, disse-lhe Emmanuel, “mas para isso é preciso que você trabalhe, estude e se esforce no bem”. “E o senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?”, tornou Chico. “Perfeitamente, desde que você procure respeitar os três pontos básicos para o serviço”. Porque o protetor se calou, o rapaz perguntou: “Qual é o primeiro?”. A resposta veio firme: “Disciplina”. “E o segundo?”. “Disciplina”. “E o terceiro?”. “Disciplina”

ENCARNAÇÕES

Por mais de 60 anos de convivência espiritual, Chico conseguiu conhecer as encarnações anteriores de Emmanuel; foi um senador romano chamado Publius Centulus que morreu durante a erupção do vulcão Vesúvio em Pompéia. Depois foi Nestório, escravo cristão que, atirado aos leões, morreu no circo romano. E mais recentemente, o Padre Manuel de Nóbrega, fundador da cidade de São Paulo.

Segundo Chico: “Emmanuel dita obras de cunho evangélico em torno dos ensinamentos de Cristo” e é essa a condição básica para o trabalho em conjunto: que Chico, acima de tudo, siga os ensinamentos de Jesus Cristo e de Allan Kardec e, se algum dia fosse aconselhado a fazer o contrário, que esquecesse tais recomendações. Emmanuel, além da orientação psicografada, procura nortear a vida de Chico, tanto que a peruca que Chico passou a usar, devido a sua acentuada calvície, foi aconselhada pelo seu espírito mentor, pois, segundo Chico, ele disse que devemos cuidar de nossa aparência e não temos o direito de enfeiar o mundo com nossas deficiências.

SAÚDE DE CHICO

É também de Emmanuel que Chico recebia orientação sobre sua delicada saúde, como seu problema ocular; um descolamento do cristalino, que, juntamente com o estrabismo do olho direito, incomodou o médium até o final da vida terrena. Emmanuel recomendou que em vez de solicitar privilégios do mundo espírita, como alguma cura imediata de sua doença, que se utilizasse da medicina humana, pois, segundo Emmanuel: “está no mundo em nome da divina providência”

 

SEMELHANÇAS

Chico e Emmanuel eram semelhantes? Se observarmos o quadro de Emmanuel pintado por Del Pino, verificaremos que os traços fundamentais de Chico, quando era mais jovem, são semelhantes ao de Emmanuel. E assim acontece com uma série de médiuns. A ciência explica que, sendo o perispírito um material do qual podemos dizer até que seja plástico, está sujeito à modelação segundo o pensamento habitual da pessoa: o corpo resiste, porém, há uma influência do períspirito que o interpenetra. Não podemos nos esquecer de que Chico, em muitas vidas, (…) foi filho(a) de Emmanuel (Publius Lentulus).

A presença de Emmanuel ao lado de Chico era quase permanente. “Controlava-o” em todas as suas ações, tal como quando era senador. O vestígio de seus poderes permanecia com Emmanuel: continuava autoritário, rígido, exigindo cumprimento de horário e disciplina, dando sempre a última palavra a Chico, inclusive nas mensagens e livros, no comportamento, trazendo Chico sob seu “controle”.

Às vezes, Chico ia a alguma festa e, quando chegava no meio do caminho, aparecia Emmanuel o interpelando: “onde é que você vai?”. Parecia sempre óbvio que ele já sabia, mas Chico, sempre humilde, respondia: “vou a uma festinha. Fui convidado por amigos!”. Na maior parte das vezes, Emmanuel respondia-lhe: “você não acha melhor, Chico, ir cuidar da multidão de enfermos que nos espera em vez de festejar?”. Muitas vezes aconteceu de Chico estar conversando com alguém, fazendo revelações em um papo animado – que ele adorava – e, de repente, mudar de assunto. Para o ouvinte, nem sempre havia compreensão do que ocorria e, quando lhe perguntava sobre a mudança de assunto feita de forma repentina, Chico dava um sorrisinho e uma desculpa qualquer. Emmanuel interferia quando achava que a revelação era inoportuna! Aqueles que conheciam Chico há tempos percebiam a interferência por meio da entonação de voz. Ambos sintonizavam perfeitamente e se identificavam. André Luiz citou, em um de seus livros, para falar do relacionamento espírito/médium, como a “dupla em serviço”. Pareciam dois irmãos xifópagos (gêmeos que nascem ligados desde a parte inferior do esterno até o umbigo).

 Fonte: Fé & Sabedoria

 

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