Clique na imagem para ouvir o áudio deste artigo
Em toda a sua vida de médium, Yvonne do Amaral Pereira dedicou boa parcela do seu tempo ao atendimento a espíritos suicidas. Dizia mesmo que os amava, naturalmente por compreender a extensão das suas dores, dos seus sofrimentos. Aliás, ela fala um pouco desses sofrimentos no artigo “O Estranho Mundo dos Suicidas”, que podemos encontrar nas páginas do livro À Luz do Consolador.
Acompanhemos algumas observações suas:
Durante nosso longo tirocínio mediúnico, temos tratado com numerosos Espíritos
de suicidas, e todos eles se revelam e se confessam superlativamente
desgraçados no Além-Túmulo, lamentando o momento em que sucumbiram. Certamente
que não haverá regra geral para a situação dos suicidas. A situação de um
desencarnado, como também de um suicida, dependerá até mesmo do gênero de vida
que ele levou na Terra, do seu caráter pessoal, das ações praticadas antes de
morrer.
Adiante, ainda falando sobre as dores dos
suicidas, dores que são consequência natural do ato que praticam e não castigo
de Deus, Yvonne esclarece: Num suicídio violento, como, por exemplo, os
ocasionados sob as rodas de um trem de ferro ou outro qualquer veículo, por uma
queda de grande altura, pelo fogo, etc., necessariamente haverá traumatismo
perispiritual e mental muito mais intenso e doloroso que nos demais. Mas a
terrível situação de todos eles se estenderá por uma rede de complexos
desorientadores, implicando novas reencarnações que poderão produzir até mesmo
enfermidades insolúveis, como a paralisia e a epilepsia, descontroles do
sistema nervoso, retardamento mental, etc. Um tiro no ouvido, por exemplo,
segundo informações dos próprios Espíritos de suicidas, em alguns casos poderá
arrastar à surdez em encarnação posterior; no coração, arrastará a enfermidades
indefiníveis no próprio órgão, consequência essa que infelicitará toda uma
existência, atormentando-a por indisposições e desequilíbrios insolúveis.
Dos muitos espíritos suicidas que socorreu,
em situações tão lamentáveis quanto as descritas no trecho acima, podemos
destacar o caso de um operário alemão, residente da cidade de Petrópolis, que
cometera suicídio devido a dificuldades financeiras. Chamava-se Wilhelm, tinha
sido o construtor da casa em que ela se hospedara e tirara a própria vida, dez
anos antes daquele 1935, com um tiro no coração. Desde a primeira noite na
casa, Yvonne não conseguiu conciliar o sono. Ruídos, pancadas e agitação
perturbaram sua paz por completo.
O suceder dos dias mais agravou o quadro,
quando ela, atraída para o sótão, lá identificou a presença do espírito
enfermo, que sofria o triste espetáculo da recordação cíclica do suicídio,
passando por todas as angústias do momento trágico. Impregnada por energias tão
densas, Yvonne foi, aos poucos, perdendo a saúde, e, se não fosse a intervenção
dos espíritos, em especial de Charles e de Camilo Castelo Branco, talvez
tivesse enlouquecido e mesmo desencarnado. Diariamente, envolvia aquele suicida
em preces amorosas, promovendo o seu esclarecimento, conforme recomendação dos
guias, através das páginas consoladoras de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
No entanto, compreendia que seria necessário,
talvez, socorrê-lo diretamente, através da psicofonia, e, para isso,
necessitava do concurso de um centro espírita. Buscou, assim, uma casa da
cidade, mas encontrou duas dificuldades: a desconfiança dos trabalhadores da
mesma, que não a conheciam, e a distância da instituição, que ficava bem
afastada do bairro em que residia. Sem opção, restou a ela assistir o espírito
com os recursos de que dispunha. Viveu, juntamente com ele, aquelas dores;
compartilhou dos seus infortúnios; envolveu-o nas vibrações harmoniosas da
prece; amou-o como a um filho querido ao coração. Dias antes de se retirar de
Petrópolis, o suicida foi retirado da casa e levado para o refazimento em
paragens espirituais. Já havia transcorrido um ano em que ela se vira
mergulhada em atendimento tão delicado.
Ao escrever as páginas do livro “Recordações
da Mediunidade”, o espírito Charles, seu amado guia, deu-lhe algumas
explicações sobre aquele caso, das quais destacamos os seguintes trechos:
“O caso em apreço é um detalhe dos
testemunhos que necessitavas apresentar à lei de reparações de delitos
passados, testemunho de fé, tu que faliste pela falta de fé em ti mesma e no
poder de Deus. Assim ligada a ti pelas correntes afins humanizadas, a entidade
suicida adquiriu condições para se reanimar e perceber o que se tornava
necessário à melhora do próprio estado, revigorando-se vibratoriamente para se
desvencilhar do torpor em que se deixava envolver. E, um pouco mais à frente:
Cumprias dever sagrado, reabilitavas tua consciência, servias ao Divino Mestre
servindo à sombra da lei da fraternidade, que nos aconselha proceder com os
outros como desejaríamos que os outros procedessem conosco.”
Fonte: Revista Fidelidade Espírita, maio
2011.?
0 Comentários