Fernando Rossit
A cada um segundo suas Obras: nessa sentença
de Jesus estão sintetizadas todas as leis que regem as questões ético-morais.
Mas de que maneira essa justiça se
estabelece?
Que mecanismo coordena essa distribuição, com
justiça?
Primeiro, é importante lembrar que a justiça
dos homens está calcada na legislação humana, com base em códigos legais
criados pelos próprios homens.
Quando há um litígio qualquer, um grupo de
pessoas especializadas nesses códigos analisa o processo, julga e define as
penalidades aplicáveis ao réu.
A duração das penas é estabelecida pelo juiz.
Então, podemos concluir que a justiça dos
homens se alicerça no arbítrio, segundo a visão dos magistrados.
Com a Justiça Divina é diferente. As
consequências dos atos se dão de forma direta e natural, sem intermediários.
Em caso de uma falta qualquer, a penalidade
se estabelece de maneira natural, e cessa também naturalmente, com o
arrependimento efetivo e a reparação da falta.
Importante destacar que, na Justiça Divina,
não há dois pesos e duas medidas. As Leis são imutáveis e imparciais, e não
podem ser enganadas.
Um exemplo talvez torne mais fácil o
entendimento.
Se alguém resolve beber uma dose considerável
de veneno, as consequências logo surgirão no organismo, de maneira direta e
natural.
Não é preciso que alguém julgue o ato e
decida o que vai acontecer com o organismo do indivíduo. Simplesmente o
resultado aparece.
Castigo? Não. Consequência natural derivada
do seu ato, da sua livre escolha.
Os efeitos produzidos no corpo físico não
fazem distinção entre o pobre ou o rico, o religioso ou o ateu, a criança ou o
adulto.
As Leis Divinas não contemplam exceções, nem
privilégios. São justas e sensatas.
E essas consequências duram tanto quanto a
causa que as produziu.
No campo moral, a Justiça Divina se dá da
mesma maneira, distribuindo a cada um segundo suas obras, sem intermediários.
Contudo, é de nos perguntarmos como podemos
conhecer essas leis.
Bastará ouvir a própria consciência, que é
onde se encontra esse Código Divino.
E nesse item, igualmente, Jesus se revela o
maior de todos os sábios.
Numa sentença sintética Ele ensinou tudo o
que precisamos saber para conquistar a nossa felicidade: A cada um segundo as
suas obras.
Assim, se as consequências dos nossos atos
são diretas e naturais, podemos promover, desde agora, consequências felizes
para logo mais.
Se hoje sofremos as consequências de atos
infelizes praticados, basta colher os resultados, sem nos queixarmos da sorte,
e agirmos com uma conduta ético-moral condizente com o resultado que desejamos
obter.
Então, como depende de nós o aperfeiçoamento,
podemos, em virtude do livre-arbítrio, prolongar ou abreviar nossos
sofrimentos, como o doente sofre, pelos seus excessos, enquanto não lhes põe
termo.
Se desejamos um futuro mais feliz, busquemos
ajustar nossos atos a nossa consciência, que é sempre um guia infalível, porque
nela estão escritas as Leis de Deus.
E, se em algum momento, surgir a dúvida de
como agir corretamente, façamos aos outros o que gostaríamos que os outros nos
fizessem, e não haverá equívoco.
Redação do Momento Espírita, com base
no cap. I, item 32, do livro A Gênese ou os milagres e as predições segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB.
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