por Ana Maria Teodoro Massuci
Não há dúvida de que existem seres dotados de
todas as qualidades atribuídas aos anjos. A revelação espírita confirma, nesse
ponto, a crença de todos os povos.
Mas ao mesmo tempo nos dá a conhecer a
natureza e a origem desses seres. As Almas ou Espíritos são criados simples, ou
ignorantes, quer dizer: sem conhecimentos e sem a consciência do bem e do mal,
mas aptos a adquirir tudo isso que lhes falta. Eles o adquirem pelo trabalho. O
alvo, que é a perfeição, é o mesmo para todos e eles o atingem com maior ou
menor rapidez, de acordo com o uso que fizerem do seu livre-arbítrio e na razão
dos seus esforços. Todos têm que percorrer os mesmos graus, com o mesmo
trabalho a cumprir.
Deus não dá uma obrigação mais pesada nem
mais leve a uns do que a outros, porque todos são seus filhos e sendo Ele justo
não tem preferência por nenhum. Deus lhes diz: “Eis a Lei que deve guiar a
vossa conduta. Só ela vos pode conduzir ao alvo. Tudo o que estiver de acordo
com essa Lei pertence ao bem, tudo o que a contrariar pertence ao mal. Sois
livres de a observar ou de a infringir, de maneira que sereis os árbitros da
vossa própria sorte.”Deus, portanto, não criou o mal. Todas as suas Leis
conduzem ao bem. Foi o próprio homem quem criou o mal infringindo as Leis de
Deus. Se ele as observasse escrupulosamente jamais se afastaria do bom caminho.
— Mas a alma, nas primeiras fases da sua
existência, da mesma maneira que a criança, não tem experiência e por isso é
falível. Deus não lhe dá a experiência, mas lhe concede os meios de adquiri-la.
Cada passo falso no caminho do mal representa um atraso para a alma. Ela sofre
as consequências de erro e aprende à própria custa o que deve evitar. É assim
que pouco a pouco ela se desenvolve, se aperfeiçoa e avança na hierarquia
espiritual até chegar ao estado de Espírito puro ou anjo.
Os anjos são, pois, as almas dos homens que
atingiram o grau de perfeição acessível à criatura e gozam da felicidade
prometida. Antes de haver atingido o grau supremo, gozam de uma felicidade
relativa ao seu adiantamento, mas essa felicidade não é a do prazer ocioso. É,
pelo contrário, a das funções que Deus lhes confia, a seu pedido, sentindo-se
felizes de desempenhá-las, porque estas ocupações são para elas um meio de
progredir. (Ver Cap. Ill, O Céu.)
— A Humanidade não está limitada à Terra.
Ocupa inumeráveis mundos que circulam no espaço. Ocupou os mundos que já
desapareceram e ocupará os que ainda se formarão. Deus criou desde toda a
eternidade e cria sem cessar. Muito tempo antes que a Terra existisse, por
maior ancianidade que lhe atribuamos, já havia em outros mundos Espíritos
encarnados que percorreram as mesmas etapas que nós, Espíritos de formação mais
recente, que estamos percorrendo agora o mesmo caminho que eles percorreram,
chegando ao seu destino antes mesmo que nós houvéssemos saído das mãos do
Criador. Por toda a eternidade sempre houve anjos ou Espíritos puros, mas como
a sua existência humana se perde no infinito do passado, temos a impressão, de
que eles sempre foram anjos.
— É assim que se nos revela a grande Lei de
unidade da Criação. Deus nunca esteve inativo e sempre teve Espíritos puros,
experientes e esclarecidos para transmitirem as suas ordens e para dirigirem
todo o mecanismo do Universo, desde o governo dos mundos até os mais ínfimos
pormenores. Não houve pois necessidade da criação de seres privilegiados,
isentos de encargos. Todos, antigos ou novos, conquistaram a sua elevação
através da luta e pelos próprios méritos. Todos, enfim, são filhos de suas
próprias obras. Assim se cumpre igualmente a soberana justiça de Deus.
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