A última cena de Domingos Montagner em “Velho
Chico” mostraria seu personagem, Santo dos Anjos, contemplando as águas do rio
São Francisco, onde o ator morreu afogado durante um mergulho.
Sua partida deixa o país em luto.
Mas chegou a hora do ator Domingos morrer?
Ninguém tem hora, dia, com precisão, para
morrer. O tempo aproximado que deverá passar reencarnado no planeta, sim.
Pode ser que o tempo do Domingos havia
chegado. Mas é muito difícil asseverar categoricamente, pois desconhecemos seu
histórico espiritual para essa reencarnação.
Consultei alguns artigos de respeitáveis
autores espíritas e verifiquei que não existe consenso a respeito da morte por
acidente: uns pensam que sempre existe programação, outros, que depende também
das circunstâncias.
Como já escrevemos sobre o assunto em outro
texto postado aqui no site, vou reproduzir um trecho que cabe para análise (ver
“Existe morte por acidente?” – pesquisa por assunto):
Depende das circunstâncias e dos fatos que
foram determinantes para a ocorrência do acidente.
A análise desse tema, sob a ótica espírita,
não possui o condão de ser definitiva e abarcar todas as variáveis. Quem seria
capaz de conhecer, em profundidade, os desígnios de Deus?
Vivemos num mundo de matéria muito grosseira
onde qualquer acidente ou doença poderá levar à morte. Conclusivamente, a vida
aqui na Terra, por si só, já é uma expiação para os Espíritos (ver questão 132
de O Livro dos Espíritos).
Retornemos: -Foi inevitável a morte de
Domingos?
Não, a ocorrência poderia ser evitada. O “vigiai
e orai” de Jesus cabe em qualquer circunstância da vida. O Mestre conhecendo os
percalços e dificuldades do nosso mundo quis dizer para ficarmos alertas,
atentos, para sermos prudentes.
Pois bem, se algum acidente ocorre por nossa
negligência, imprudência e descaso com a vida, não há como asseverar que tal
ocorrência estava prevista para acontecer conosco.
No caso do ator, ainda não sabemos os
detalhes do afogamento. Se ele tinha conhecimento do risco que corria, maior é
sua responsabilidade pelo ocorrido. Se, no entanto, foi pego de surpresa, sem
conhecimento que o local era muito perigoso, de grande profundidade e
correnteza, pouco poderia fazer.
Riscos corremos todos os dias.
De qualquer forma, se havia programação para
a morte prematura por acidente, ela iria ocorrer de qualquer forma e em
qualquer lugar.
Vejamos um trecho do Capítulo “Tragédias” do
Livro “Quem tem medo da Morte?”, de Richard Simonetti:
“Multidões regressam à Espiritualidade,
diariamente, envolvidas em circunstâncias trágicas: incêndios, desmoronamentos,
terremotos, afogamentos, acidentes aéreos e automobilísticos…
“Por quê?” – questionam, angustiados os
familiares.
A Doutrina Espírita demonstra que tais
ocorrências estão associadas a experiências evolutivas. Não raro representam o
resgate de dívidas cármicas contraídas com o exercício da violência no
pretérito.
Todos “balançamos” quando nos vemos às voltas
com mortes assim envolvendo nossos afetos. Muitos, desarvorados, mergulham em
crises de desespero e revolta, reação compreensível ante o impacto inesperado.
Somente o tempo, a fluir incessante, no desdobramento dos dias, amenizará suas
mágoas, sugerindo um retorno à normalidade.
A vida continua…”
As mortes prematuras por acidente sempre vêm
acompanhadas de certa perturbação, confusão espiritual. Não será de uma hora
para outra que o desencarnado vai ter total conhecimento do ocorrido.
O que podemos fazer para ajudar?
Compreensão, entendimento e preces para nosso
querido irmão que retornou à verdadeira Pátria.
Autor: Fernando Rossit
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