DEPRESSÃO – QUANDO A ALMA PADECE

por Marcos Paterra


Muito se ouve e se lê sobre a Depressão, alguns até afirmam ser o mal do século, mas, para que tratemos desse complexo assunto precisamos entender o que é a “Depressão”.     

Bem a palavra “Depressão” quer dizer ato ou efeito de deprimir(se), ou ,é um termo utilizado na psiquiatria para designar um transtorno de humor; e ai esta o ponto forte do problema...é um TRANSTORNO; que pode ser definido como situação que causa incômodo a outrem ou  desequilíbrio do estado mental de uma pessoa (termo psicológico), e ambos os casos estão corretos para descrever uma pessoa depressiva.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% das pessoas sofrem com a depressão em todo o mundo, ou seja, aprox.. 350 milhões de pessoas, sendo que 2% e, estado grave e 15% dos depressivos acabam se matando.

De acordo com projeções da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2030 ela será o mal mais prevalente do planeta, à frente de câncer e de algumas doenças infecciosas, ai o motivo da afirmação de que é o “mal do século”. Para se ter uma ideia, o número de depressivos hoje é  quase quatro vezes maior do que o de portadores de HIV/Aids.

No Brasil 7,6% dos adultos brasileiros já foram diagnosticados com o distúrbio, nas   no fim de 2014 pelo IBGE indica que o universo de brasileiros com depressão é de 11 milhões de pessoas e o agravante é que7 em cada 10 pessoas depressivas nem mesmo sabem que estão com essa doença.

Quando considerado um período de 12 meses seguidos, o Brasil lidera, entre os países em desenvolvimento, o ranking mundial de prevalência da depressão: 18% da população que participou da pesquisa estavam deprimidas há pelo menos um ano.[i]

As causas ainda estão sob investigação de diversos pesquisadores, mas a grande maioria convergem em alterações em neurotransmissores;  ou seja pessoas com taxas muito alteradas de determinados neurotransmissores, como serotonina e noradrenalina, tem mais chances de sofrer depressão. Segundo o psiquiatra Edson Hirata do Hospital Santa Cruz (, Curitiba – PR) isso acontece justamente por que a doença se desenvolve por conta da falta desses neurotransmissores, que são responsáveis pela comunicação entre os neurônios na área do cérebro responsável pelas emoções - o sistema límbico.

Quando uma pessoa nasce com esses neurotransmissores naturalmente baixos, o sistema límbico e sua percepção das emoções ficam comprometidos, podendo causar a depressão. "A queda destes neurotransmissores no sistema límbico é a base bioquímica da doença", afirma o especialista.

E o espiritismo?  O que a doutrina pode nos afirmar sobre esse “Mal do século”?

Conforme Alírio C. Filho[ii] em sua obra Saúde Espiritual, a causa das doenças, tanto as mentais, quanto as físicas, estão no Espírito doente que ainda somos. (ESTAMOS).

“A doença é um processo de bloqueio nas energias que compõem o ser humano. (espirituais, psíquicos e emocionais – somatizadas - desarmonizam a mente.”( FILHO,2006)[iii]

O psiquiatra Roberto Lúcio Vieira de Souza, [iv], acredita que, do ponto de vista moral, a depressão é um processo auto-obsessivo pelo fato de o deprimido ser um rebelde, cuja energia destrutiva é, antes de tudo, voltada contra si.

“Dentro da abordagem espiritual, existem podemos dizer que vem de fundo carmático, oriundas de ações moralmente doentias do espírito, em uma ou diversas encarnações, nas quais prejudicou a si ou a terceiros, demarcando, quando do processo reencarnatório, a escolha de um material genético comprometido, capaz de dar origem à doença; E as desencadeadas por situações atuais de profundo comprometimento da tristeza, geralmente de intensidade mais leve e que não respondem ao tratamento convencional de maneira satisfatória”.[v]

Na obra Livro : “IDEAL ESPÍRITA” de  Francisco C. Xavier, encontramos de Irmã Sheilla o texto  SINAIS DE ALARME, que nos diz:

Há dez sinais vermelhos, no caminho da experiência, indicando queda provável na obsessão:

1- Quando entramos na faixa da impaciência;

2- Quando acreditamos que a nossa dor é a maior;

3- Quando passamos a ver ingratidão nos amigos;

4- Quando imaginamos maldade nas atitudes dos companheiros;

5- Quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa;

6- Quando reclamamos apreço e reconhecimento;

7- Quando supomos que o nosso trabalho está sendo excessivo;

8- Quando passamos o dia a exigir esforço, sem prestar o mais leve serviço;

9- Quando pretendemos fugir de nós mesmos, através da gota de álcool ou da pitada de entorpecente;

10- Quando julgamos que o dever é apenas dos outro

Toda vez que um desses sinais venha a surgir no trânsito de nossas ideias, a Lei Divina está presente, recomendando-nos, a prudência de parar no socorro da prece ou na luz do discernimento.”[vi]

Na obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, traz uma mensagem intitulada “A melancolia” (nome que, à época era utilizado para denominar a depressão), na qual atribui à nostalgia a causa da depressão:

“Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, jungido ao corpo que lhe serve de prisão, em vãos esforços para sair dele. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, toma-vos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia, e vos julgais infelizes”[vii]

Poderíamos aqui estabelecer um link com o jogo da Baleia Azul, que tem sido muito comentado nas mídias devido sua indução ao suicídio, emuitos pesquisadores atribuem a ser uma ação de alienação e dominação sobre jovens depressivos; de fato este  jogo tem levado adolescentes a automutilações e até mesmo ao suicídio. Ele teria surgido na Rússia em 2015 e chegou ao Brasil a pouquíssimo tempo. Nomearam de 'baleia-azul' o jogo, os criadores teriam feito referência às supostas tendências suicidas das baleias, que voluntariamente procurariam encalhar em praias com o intuito de se suicidar; a moda do jogo virtual surgiu na esteira da estreia do lançamento da polêmica série do Netflix "13 ReasonsWhy"( Os treze porquês,) que também aborda a temática do suicídio,  salientamos que os jovens  estão em plena “Adolescência” e é um   período de indefinição entre criança e adulto o qual gera alguns enfrentamentos psicológicos, como a perda da proteção dos pais, a necessidade de desenvolvimento da autonomia e a construção de uma identidade, inclusive a sexual. Tudo isso acarreta em novas emoções, percepções e reflexões.

Na adolescência dentre diversos de outros sintomas destacamos: desequilíbrio nas emoções, que se reflete na sensibilidade exagerada e na irritabilidade de carácter, conhece pela primeira vez as suas limitações e fraquezas, e sente-se indefeso perante elas, conflito interior ou da personalidade, não tem consciência daquilo que se está a passar, por isso devemos atentar às divulgações deque os jogadores que são  induzidos a ações de auto flagelo e até suicídio, são jovens depressivos, temos de tomar cuidado com essa afirmativa, nem todos são de fato depressivos, muitos, atrelados as mudanças hormonais e comportamentais da faze da adolescência, entram no jogo por puro desafio, porém quando veem seus familiares ameaçados caso não cumpra as tarefas, acaba se submetendo as ordens do monitor do jogo.

Independente de ser um jovem depressivo ou não, o olhar atento dos pais, o controle de que fazem e com se relacionam é atitude primordial dos pais e/ou responsáveis; a informação e os conselhos devem ser parte do cotidiano entre pais e filhos, além de os incentivarem a escolha e interação com pessoas de “corpo e alma”, ou seja, interagir fisicamente e não por meio virtual, uma das táticas que podem (e devem) ser utilizadas, é a evangelização infanto-juvenil, onde o jovem além de ser orientado sob a luz da boa nova, também se relacionara, com outros da mesma idade porém sem influencias negativas.

Também é na evangelização infantil, que temos nossa moldagem de caráter e orientação de princípios nas bases espíritas, abrindo as chances de bloquear  ações malfazejas de espíritos que nos intuam para ações danosas aos outros ou a nós mesmos.

[i] Os dados brasileiros foram retirados do São Paulo Megacity Mental Health Survey – Relatório de 2016
[ii]Alírio C. Filho -natural de Cuiabá-MT, médico, biólogo com ênfase em ecologia, pós-graduado em psiquiatria, psicologia e psicoterapia transpessoal
[iii] FILHO, Alírio de Cerqueira ,Saúde Espiritual,Ed.EMB. Santo André/SP.2006
[iv] Roberto Lúcio Vieira de Souza- diretor de publicações da AME-MG e diretor clínico do Hospital Espírita André Luiz, em Belo Horizonte (MG)
[v] Trecho retirado de “Abordagem moral e espiritual da depressão”da Folha Espírita pelo link: http://www.folhaespirita.com.br/v2/node/610.
[vi]XAVIER, Francisco Candido. IDEAL ESPÍRITA, Ed. CEC.1963
[vii] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Item 4 – cap.: O Cristo. Ed. FEB. Rio de Janeiro. 2000



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