Em 23 de Janeiro de 1982, aos 26 anos Ana
Maria foi buscar seu namorado Leno que chegava de natal no aeroporto do Galeão
no Rio de Janeiro.
Chovia torrencialmente e no caminho para casa
foram atingidos por um carro conduzido por um motorista embriagado.
Ana Maria faleceu depois de oito dias em
coma.
Leno quebrou o fêmur e sua última lembrança é
do encontro deles no aeroporto.
Anos mais tarde a família de Ana Maria
recebeu uma mensagem de psicografada por Chico Xavier.
Querida mãezinha Lourdes e querido papai, não
se surpreendam e me sentir tão viva quanto antes. Aquele domingo estava uma
tentação para que a gente pudesse distrair os pensamentos e quebrar a rotina. O
nosso querido Leno e eu resolvemos alongar a voltinha que acabou sendo uma
volta cada vez maior e o inesperado veio ao nosso encontro. Quando vi o nosso
carro a se desequilibrar aflige-me pelo companheiro de passeio, mas era tarde
para manifestar o meu propósito de socorro, a ele e a mim própria. Consegui
levantar-me ou acredito que me levantei, mas me sentia tonta e incapaz de
coordenar as minhas próprias idéias. Depois foi um crepúsculo por dentro de mim,
senti-me como que amarrada a uma viga de pedra e ouvia as pessoas sem maior
entendimento. O pior era aquele sufoco de pretender assumir minha própria
personalidade sem meios para isso, minha aflição cresceu até o instante em que
me vi retirada do corpo arrasado. Não me via consciente, como seria de desejar,
mas respirei aliviada e aliviada dormi, com a volúpia de uma pessoa que
ansiasse pelo repouso depois de um trabalho gigantesco.
Os pais queridos e o Leandro estava em meu íntimo
e embora dormisse, dormia sonhando com os três. Quantas horas dormi nesse
descanso ainda não sei, mas acordando procurei assegurar a minha confiança em
Deus e em mim própria porque não queria fornecer a impressão de que eu era uma
menina medrosa e inconsequente. Quantas afeições me cercaram e estenderam um
apoio não sei contar, em pouco tempo consegui visitar os pais queridos e rever
o Leno, então recebia cuidados para rearticular a própria restauração. Nosso
querido amigo fora poupado mas estava ferido e exigia assistência constante.
Desde esse momento de reflexão em torno do sofrimento dele e dos meus, venho
procurando adaptar-me a vida espiritual com a ideia de lhe ser útil e tendo
aprendido algo e mudado um tanto em minha maneira de ser. Perdeu-se a roupa
física e o carro, mas continua a ser a mesma pessoa e agradeço-lhes o desejo de
receber informações minhas, vamos seguindo com as melhores possíveis e trago-lhes
o meu afeto envolvido nas saudades maiores que hoje me dominam.
Querida mãezinha e querido papai desculpe-me
pelos incômodos que lhes causei, visitem o Leno por mim e os bons amigos da
família Azevedo.
Em outra ocasião espera ser mais extensa. Por
agora ainda não tenho muita autenticidade por vincular involuntariamente as
minhas recordações negativas do desastre. Desejo esclarecer aos pais queridos
que estávamos equilibrados e sóbrios e que o acidente não obedeceu a qualquer
desacerto nosso.
Enfim temos de debitar a ocorrência na conta
dos desígnios de Deus e como a carteira da divina providência é infinitamente
rica de recursos que desconhecemos contemos com Deus e sigamos para diante,
peço-lhes estimular o espírito de luta em nosso Gileno, porque, acidentado noto
que ele foi lesado no entusiasmo de criar e viver e isso não deve ser assim...
Estejamos satisfeitos com tudo aquilo que a
vida nos reservou e permanecemos otimistas. O amanhã será sempre melhor, embora
o momento de hoje seja sempre lindo para se realizar o bem a que o céu nos
destina.
Reunindo a ambos em meu coração reconhecido,
sou a filha de sempre com muitas saudades...
Ana Maria - Psicografia de Chico Xavier
Fonte: Mensagens Espiritas
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