O ESPIRITISMO EM UMA POLÊMICA CENTENÁRIA

por Nelson Travnik
Antes de Santos-Dumont, os pilotos usavam planadores e máquinas semelhantes à asa delta.

De início, Dumont conquistou títulos importantes na história aeronáutica, como em 19 de outubro de 1901, com o primeiro vôo controlado em um dirigível, o que lhe valeu contornar a Torre Eiffel a partir do ponto de partida e voltar em 30 minutos conquistando assim o prêmio de 100 mil francos, instituído por Henri Deutsch.

Contudo, a consagração final viria em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, em Paris, com o histórico vôo do 14 Bis.

No dia 12 de novembro ele repetiu o vôo. Tudo feito às claras, diante de uma multidão eufórica, fotógrafos, cinematógrafo, juízes idôneos conforme as regras competitivas, método científico e experimentação. O fato foi divulgado nas mídias europeia e americana.

O vôo foi o primeiro do mundo a se elevar do solo com seus próprios meios “de um mais pesado que o ar”, ou seja, um avião. Presente uma comissão do Aero Clube da França, que emitiu Ata assinada pelo presidente Ernst Archdeacon e pelo Secretário da comissão mista, E. Surconf. O vôo portanto, com o endosso do Aero Clube da França, foi homologado nos registros da Federation. Era a primeira máquina voadora que levantou vôo e aterrissou por seus próprios meios. E uma curiosidade : o primeiro avião a ser pilotado de pé!

Uma história mal contada

Dois anos depois apareceram nos EUA os irmãos Wright com foto e uma história que voaram em dezembro de 1903. Porque as fotos só foram divulgadas em 1908? Quem garantiu a autenticidade delas na época? Porque eles não mostraram os repórteres que presenciaram duas tentativas frustradas em 1904, uma vez que eles ainda estavam vivos e poderiam certamente confirmar os feitos de 1903? Tudo indica que os mesmos saíram de mãos vazias e, segundo o próprio Orville Wright, “não passaram a acreditar neles”. Induziram a imprensa ao erro e esconderam detalhes do povo americano. O fato é que os irmãos Wright não conseguiram levantar seu avião do solo, a não ser por uma catapulta e na maioria das vezes a aterrissagem era um desastre. Se realmente tivessem voado antes de 1906, não respeitaram as regras de clareza nas experiências, idoneidade das testemunhas e presença de um órgão oficial credenciado para homologação do vôo.

Tudo feito na base do eu fiz e está feito! Outro detalhe importante é que em 1904 eles, Orville e Wilbur Wright, requeriam na Inglaterra patente para um planador (sem motor) de sua invenção.

Há também o fato que ofereceram uma demonstração ao governo americano, mas por um preço exorbitante (100 mil dólares), o que o presidente Theodore Roosevelt não concordou, ao contrário de Dumont que mais tarde em 1910, ofereceu gratuitamente aos americanos os planos completos de construção do seu  “Demoiselle”, o primeiro ultra leve do mundo, através da re- vista “Popular Mechanics”. No centenário do vôo do 14-Bis, em 2006, celebrado em Paris, uma réplica do avião decolou, alçou vôo e aterrissou esplendidamente. No centenário, em 2003, do vôo dos irmãos Wright, em uma grande festividade em 17 de dezembro, com a presença do presidente G.W.Bush, viu uma réplica do avião ser catapultado, alçar vôo e depois aterrissar em um lamaçal para total frustração da multidão presente. Terminando : Neil Armstrong pisou na Lua em 1969, no dia 20 de julho, dia do aniversário de Santos Dumont!

Previsão na espiritualidade

Em 30 de julho de 1876, em Silveiras, SP, o médium Ernesto Castro recebia espontaneamente uma mensagem do Espírito Estevão (Étienne) Montgolfier, que entre outras relata : “os balões, meros exploradores e precursores da admirável invenção, nada, pois, serão perante o belo e portentoso pássaro mecânico”. “Ó Brasil, tu que foste o berço dessa grande descoberta, serás em breve o país escolhido para demonstrar a força dessa grandiosa máquina aérea. Eis o prognóstico que vos dou, ó brasileiros!”. Note-se que a mensagem foi recebida quando Santos-Dumont tinha três anos de idade. Em 1903, quando Dumont veio ao Brasil, passando pelo Rio de Janeiro, o presidente da Federação Espírita Brasileira, FEB, Leopoldo Cirne, entregou-lhe em mãos um oficio datado de 01/08/1903 com um exemplar da revista “Reformador” de 01/08/1883, que naquela data publicou a mensagem mediúnica do médium Ernesto Castro. Eis, pois, um detalhe importante não mencionado na história oficial, mas que não deixa dúvida de que na espiritualidade já estava traçado a conquista do mais pesado que o ar por Santos-Dumont. Existe pouca literatura sobre a crença do brasileiro, mas há forte indício de que ele intimamente já conhecia, embora superficialmente, o Espiritismo, pois, também como astrônomo ama- dor conhecia e convivia com os sucessos do astrônomo francês Camille Flammarion (1842- 1925), amigo de Allan Kardec.

Quem foram

Os irmãos Étienne e Joseph Montgolfier, nascidos na cidade de Annonay, sul da França, inventores e industriais franceses, espelhados nas experiências do nosso patrício, padre jesuíta Bartolomeu Lourenço de Gus- mão (1685-1724), nascido em Santos, SP, conhecido como “O Padre Voador”, tiveram a glória de realizar célebres ascensões em balões. Exultantes com o balão de ar quente, “A Passarola” de Gusmão, os irmãos Montgolfier, em 19 de setembro de 1783, em frente ao Palácio de Versailles, com seu balão de ar quente, o “Reveillon”, feito de papel linho e estela de embalagem, colocaram dentro da barquinha um carneiro, um galo e um pato, e todos, dentro do balão, ganharam altura. Foram estes os primeiros navegadores, os primeiros aeronautas do ar que, diga-se de passagem, desceram à Terra sãos e salvos.

Nelson Travnik, é espírita, astrônomo, Membro Titular da Sociedade Astronômica da França e laureado com a Medalha de Mérito Santos-Dumont recebida em 18/07/2014 na cidade de Santos Dumont, MG.

Fonte: Revista O Foton 


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