Por Gerson
Simões Monteiro
Na medida em que o homem terreno avança ao
encontro do seu verdadeiro destino, muitos empecilhos e problemas se colocam à
sua frente, exigindo de cada ser humano capacidade e desprendimento para
encarar situações diversas que, em muitos casos, se apresentam como algo ético
e caridoso, quando na realidade esconde dentro das reentrâncias de uma
avaliação mais apurada, verdadeiros desastres a que o homem se jugula,
comprometendo muitas vezes a sua jornada evolutiva no campo da carne e do
espírito.
Um dos assuntos da atualidade que vem
chamando a atenção de milhares de pessoas, sendo elas religiosas ou não, é a
prática da “eutanásia”, que é a abreviação da vida de enfermos desenganados
pelos médicos, ou que estejam sofrendo muito, e sem possibilidades de
recuperação. Muitos desses enfermos estão sob o controle de aparelhos, a fim de
que possam respirar, e muitos não conseguem se alimentar de forma direta, e
ainda outros, prevalecem em estado de “coma”, ou sedados de uma forma contínua.
Entendem muitas vezes os médicos, e até mesmo a parentela familiar, que o
melhor e mais prático seria desligar os aparelhos que mantém vivos os doentes,
ou até mesmo deixar de aplicar os remédios necessários a continuidade da vida.
No século XIX, quando Alan Kardec codificou a
Doutrina Espírita, muitos assuntos que hoje ganham as primeiras páginas dos
jornais, não apresentavam naquela época a importância que exercem nos dias de
hoje nas nossas vidas, apesar de existirem desde sempre, porque o nosso conhecimento
em relação à vida e aos direitos humanos, ainda não tinha atingido o grau
necessário à compreensão desses problemas. A Eutanásia permaneceu por muito
tempo escondida e mascarada, apesar de ter sido aplicada com regularidade em
todos os tempos, mas só na época atual o homem conseguiu despertar para a
análise desse crime, que pode facilmente ser chamado de “assassinato piedoso”.
E ocorre quando uma ou mais pessoas
bem-intencionadas, a pretexto de acabar com o sofrimento de um enfermo, portador
de enfermidade terminal, desliga os aparelhos que sustentam à vida; ou deixam
de aplicar uma medicação que seria vital para o doente, num gesto de caridade,
antecipando a desencarnação do moribundo. A Eutanásia, o aborto e a pena de
morte são três crimes hediondos que não
encontram respaldo na Doutrina dos Espíritos, e se algum seguidor do
Espiritismo diz que aceita a prática desses crimes, quando em determinadas
circunstâncias, é porque não conhece devidamente a doutrina que abraçou, e por
isso fica no meio termo, aceitando muitas vezes esse ato brutal, até mesmo para
se livrar do incômodo que às vezes o doente terminal provoca.
Quem aplica a Eutanásia movido de sentimentos
humanos, como dizem, certamente desconhecem as causas profundas e os mistérios
e enigmas que dão origem às dores, sofrimentos e aflições, geralmente de
procedência real e justa, coerente com as Leis de Ação e Reação e da
Reencarnação, acrescentando-se o fato de quem pode tirar a vida é
indubitavelmente aquele que a deu, ou seja, Deus. Ao provocar a desencarnação
prematura do enfermo, tiramos do doente a oportunidade de utilizar de mais
tempo para o seu aperfeiçoamento, pois já está provado que mesmo alguns minutos
de vida são suficientes para que um enfermo terminal faça uma reflexão e chegue
ao arrependimento de suas faltas, recebendo de imediato dos irmãos superiores
os primeiros socorros no plano espiritual.
A vida é um bem inalienável, e da mesma forma
que o suicida tenta fugir dos seus problemas
através da autodestruição, quem pratica a Eutanásia comete crime
idêntico ao tentar se livrar do doente terminal achando que está praticando um
bem, mas na realidade é um mal, pois quando os sofrimentos são bem aceitos com
resignação, alivia o coração endividado com as faltas gravíssimas do passado. A
ciência tem a função de curar as pessoas e não matar, mesmo que em determinados
casos, as pessoas se sintam na obrigação de aliviar as dores, sofrimento e
aflições dos enfermos terminais ou em coma profundo. O ato de praticar a
Eutanásia é egoísta e desumano e, no mais das vezes, praticada por membros da
parentela familiar.
Quem comete esse engano fatal, apropria-se de
um coração que não é seu, decidindo unilateralmente o destino de um ser humano
que às vezes nem mesmo conhece, lesando os direitos do enfermo em permanecer
vivo, e o pior, comprometendo-se com as Leis Divinas de uma forma real insana.
A situação dos espíritos que morrem
através da Eutanásia é muito triste no mundo espiritual, porque ao tomar
conhecimento de que quem desligou os aparelhos ou deixou de dar os remédios
necessários, foi um amigo, ou alguém da parentela familiar, cai na frustração,
na prostração, na tristeza, melancolia e depressão e revolta, levando muito
tempo para se recompor, tal o choque provocado pela morte violenta por mãos que
deviam protegê-lo, envidando esforços para recuperá-lo, e não retirá-lo da
vida, através de meios violentos, evitando que pudesse chegar a esse momento
tão sublime de nossas vidas, através da morte natural.
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