MÉDICO E ESPÍRITA, MÁRCIO DIZ QUE O PAÍS VIVE SUA MELHOR FASE: A EXPIAÇÃO

Rodivaldo Ribeiro - RD News


O médico, clínico geral e nutrólogo Márcio Monteiro busca ajudar as pessoas curando seus corpos por força da profissão, mas tenta também auxiliar suas almas motivado por sua crença. Espírita, é o diretor do Centro Espírita Wantuil de Freitas, talvez o maior do estado. Jamais conheceu outra fé e por isso vê de maneira natural a dicotomia entre a obrigatoriedade da exatidão matemática e científica para tratar carne e a fé inabalável para lidar com a alma (e muitas vezes o ceticismo, a descrença e o preconceito tão peculiares) dos seres humanos. Ele concedeu a entrevista da semana . Veja os principais trechos.

O espiritismo prega que o destino humano é a remissão de antigos erros. Mesmo assim andamos à beira da extinção. Paramos de evoluir?

O processo evolutivo do ser se dá em vários níveis diferentes e, na verdade, à medida que o ser vai evoluindo, vai deixando, por exemplo, de reencarnar no planeta Terra. Existem outros espíritos que são exilados de outros planetas para cá para se desenvolver e evoluir também, então dá a impressão de que a humanidade não está evoluindo nesse contexto. Isso não é verdade, os seres estão evoluindo, mas à medida que se purifica, o ser ganha mundos diferentes, ele migra, como existe também a imigração de outros espíritos que vêm para o nosso planeta. Quando a Terra estava num quadro evolutivo anterior, houve vários espíritos mais evoluídos que vieram para cá. Por exemplo, os egípcios, que vieram num período em que os humanos terrestres eram muito brutos. Eles trouxeram noções de matemática, medicina e outras ciências. Há vários níveis de mundo. Este é um planeta no nível de provas e expiações, mas há planetas mais primitivos, onde a evolução é bem anterior à nossa, assim como há mundos celestes, considerados superiores. À medida que o ser evolui, ele muda de mundo, de planeta, em um processo que é lento e paulatino. Acreditamos na evolução, inclusive naquela estudada por Charles Darwin. Passamos por todos os processos de evolução, passamos pelo reino mineral, vegetal, animal e hominal, o último estágio; daqui caminhamos para a fase angelical, onde o ser humano se transforma e se purifica, até atingir os estágios finais. Nesse contexto, todos os animais são nossos irmãos em evolução. Por isso Francisco de Assis chamava as coisas de irmãos, porque adquiriu consciência do que realmente somos. As árvores e tudo que é vivo no planeta são seres em evolução, num processo muito mais amplo do que imaginamos.

Então por que não há ocorrência de registros gravados e irrefutáveis de espíritos?

Todo mundo sabe que o espírito existe, mas até hoje não está provada, cientificamente, sua existência. Não há sequer uma prova científica da existência da alma. Enquanto isso não acontecer, não podemos, teoricamente, ter prova científica, mas essa está vindo. Sabemos que há cientistas a caminho de provar exatamente isso. E aí entramos no campo da quântica – (onde as coisas se dão) num campo energético, as pessoas têm dificuldade com isso. Mas, por exemplo, já há carros controlados pela mente, ou seja, estamos caminhando para mostrar que a energia é capaz sim de comandar forças, apesar de não ser algo visível, pois não se enxerga a mente dando a ordem para os órgãos funcionarem, mas eles funcionam e sabemos que é com ordens do cérebro. À medida que a ciência evolui, essas relações estão cada vez mais intensas. O que Allan Kardec falava já havia sido dito por Buda milhares de anos antes, assim como os filósofos antigos da China e da Grécia. Kardec apenas codificou a doutrina de verdades milenares.

Por que cirurgiões espíritas, como Zé Arigó, são apontados como charlatões por não espíritas?

Em tudo que é novo, diferente, as pessoas sentem essa dificuldade. O próprio Cristo, por tirar espíritos, curar pessoas, foi considerado bruxo. Na Bíblia, chamavam ele de Belzebu, o chefe de demônios, porque, se ele tirava demônios, ele era o próprio demônio. É natural que as pessoas digam que é tudo mentira. Quando desconhecemos a verdade, é natural que falemos do que não sabemos.

Como diferenciar esses charlatões dos que vocês consideram verdadeiros?

Vamos distinguir principalmente pela questão de cobrar: charlatões cobram. Doutrina espírita verdadeira não cobra, nunca cobrou, de ninguém. Nem para fazer cura nem para nada. Se está cobrando, já se sabe da falsidade no processo. É uma das maneiras. Ficar atento sempre a isso. Se a pessoa falar que tem que comprar isso ou aquilo ou cobrar, é bom cair fora, estão enganando.

O preconceito com a doutrina diminuiu?

À medida que estamos passando pelo tempo, as coisas estão desmistificando e isso vai mudando. As pessoas aceitam com muito mais naturalidade. Porque a verdade, mais cedo ou mais tarde, vai vir à tona, não tem mais como.

Quando vocês, do Wantuil de Freitas, fundaram uma escola, ela foi mal vista por outras organizações espíritas, isso melhorou?

Na verdade, eles (outras organizações) acham que a escola não é função nossa, é função do governo. Acham que não é problema nosso, por isso recebemos essas críticas, porque atribuem a educação a uma obrigação do estado e não da doutrina espírita. Mas sabemos e temos convicção de que fazemos o que o Estado não está conseguindo fazer.

Há alguma mensagem dos espíritos direcionada ao Brasil para este período tão difícil? 

Sim. É a de que não podemos ficar descrentes em relação à política e nem à situação atual do país, porque na verdade ele é comandado por um espírito chamado Ismael, comandado, por sua vez, por Nosso Senhor Jesus Cristo. Pode parecer que está sem direção, mas isso é para quem não tem fé. Nós que temos fé sabemos que estamos amparados pelo mestre Jesus Cristo, então, não dá para alimentar esse sentimento falso de que tudo está perdido, porque não está. Está tudo nas mãos do mestre, e a verdade está vindo à tona - o que presta e o que não presta tem mesmo que vir à tona, ser desmascarado. É um momento muito bom para o nosso país, porque nunca houve um momento como este, de expiação. Isso é vitória. Isso é muito bom para todos nós.





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