Não podemos
precisar, em termos temporais, quando será possível receber mensagens dos entes
queridos que nos precederam no desencarne. Alguns fatores influem decisivamente
na capacidade dos Espíritos se comunicarem com seus parentes na Terra. Entre eles,
destacamos o estado de perturbação do Espírito após a morte, o merecimento dos
envolvidos, as condições do médium e a utilidade providencial desta
comunicação.
Em O Livro dos
Espíritos, no capítulo que trata sobre a volta do Espírito à vida espiritual
finda a vida corpórea, os Benfeitores da Codificação orientam que, após deixar
o corpo, a alma experimenta um estado de perturbação que varia em grau e em
duração, de acordo com a elevação do Espírito: “aquele que já está purificado,
se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que
cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência
ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria”
(questão 164).
Esta perturbação se
dá pela necessidade que tem a alma de entrar em conhecimento de si mesma, para
que a lucidez das ideias e as memórias lhe voltem. Allan Kardec afirma: “muito
variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de
algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos” (comentário à
questão 165, de O Livro dos Espíritos). Logo, este é um fator preponderante ao
se avaliar a possibilidade de comunicação destes Espíritos com os parentes
encarnados.
Outra questão a ser
considerada é a do merecimento. No ensaio que desenvolveu sobre a pluralidade
das existências (Parte Segunda - Capítulo V - O Livro dos Espíritos), Allan
Kardec afirma que “cada um será recompensado segundo o seu merecimento real”.
Neste caso, devemos não somente avaliar o merecimento dos entes que ficaram na
Terra em receber mensagens, mas também o merecimento dos que desencarnaram em
se dirigirem aos seus entes queridos, informando-lhes sobre sua situação no
Plano Espiritual.
Podem interferir
ainda na possibilidade de comunicação as condições dos médiuns. Orienta-nos
Kardec que “alguns médiuns recebem mais particularmente comunicações de seus
Espíritos familiares, que podem ser mais ou menos elevados; outros se mostram
aptos a servir de intermediários a todos os Espíritos” (item 275 de O Livro dos
Médiuns). Há de se levar em consideração, portanto, as relações de simpatia e
antipatia entre médium e Espírito comunicante.
A utilidade das
comunicações é outro ponto importante. Em várias circunstâncias, nas Obras
Básicas, encontramos a justa colocação dos Espíritos para que observemos se há
um fim útil naquilo que desejamos. Nesta mesma lógica, somente teremos a
possibilidade de receber uma mensagem de entes queridos se for necessário, e
não para atender a curiosidade ou outras motivações que não revelem grandeza de
alma.
Como podemos
perceber, há uma série de fatores a serem considerados. Porém, isso não é
impedimento para que as comunicações aconteçam. Os próprios Espíritos narram a
felicidade que sentem por serem lembrados por nós e a alegria em se comunicar,
situação em que podem informar sobre sua nova situação no Plano Espiritual. “A
possibilidade de nos pormos em comunicação com os Espíritos é uma dulcíssima
consolação, pois que nos proporciona meio de conversarmos com os nossos parentes
e amigos, que deixaram antes de nós a Terra. (...) A Doutrina Espírita nos
oferece suprema consolação, por ocasião de uma das mais legítimas dores. Com o
Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado
que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se”
(comentário de Allan Kardec à questão 935 de O Livro dos Espíritos).
As mensagens de
entes queridos desencarnados, pois, funcionam como uma prova incontestável da
realidade da vida após a morte do corpo físico, demonstrando de forma
inequívoca que os laços de afetividade persistem no Mundo Espiritual. Além
disso, servem como consolação àqueles que permanecem no campo da vida,
estimulando-os às conquistas dos valores da eternidade, para o breve reencontro
com os que lhe precederam no Plano Maior da Vida.
Por fim, lembramos
que não somente as mensagens mediúnicas possibilitam estas bênçãos. Uma
situação muito oportuna para entrarmos em relação com nossos entes queridos é
durante o desprendimento da alma pelo sono. Afirmam-nos os Espíritos da
Codificação que “é tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono,
com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que
quase todas as noites fazeis essas visitas” (questão 414 de O Livro dos
Espíritos). No entanto, para que isso aconteça, mais do que o simples fato de
querer, quando desperto, é preciso evitar que as paixões nos escravizem e nos
conduzam, durante o sono, a campos menos felizes da experiência espiritual.
Retirado dos sites OSGEFIC / Mensagens Espíritas
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