Autor: Hugo Lapa
Nessa oportunidade decidimos explicar como uma pessoa pode prestar assistência a alguém, parente ou amigo, pouco antes de sua morte e também depois dela. A assistência aos moribundos é de extremo valor para a alma antes e depois do desencarne, pois ela contribui muito para duas coisas fundamentais: em primeiro lugar, evitar que a alma fique presa a Terra após o desencarne, e, em segundo lugar, possibilitar uma passagem tranquila para a alma. Vamos descrever o passo a passo que qualquer pessoa pode seguir para prestar esse auxílio não apenas para outros, mas também para si mesmo.
A primeira medida que podemos tomar, ao ter contato com alguém próximo que esteja prestes a desencarnar, é conversar com essa pessoa sobre a resolução de todas as suas principais pendências humanas. Chamamos de pendências humanas tudo aquilo que de alguma forma pode prender a pessoa à sua existência atual. Algumas pessoas são muito apegadas a filhos, irmãos, pais, cônjuge ou amigos. Outras são apegadas a bens e patrimônio. Outras são apegadas a títulos, intelecto, crenças, religião, etc. Outras ainda se prendem a sentimentos e processos psicológicos individuais, como mágoas, culpa, vazio, ódio, carência, etc. Tudo isso pode ser conversado com a pessoa em questão sendo objeto de um diálogo franco e aberto. Por exemplo, se o moribundo estiver preso a mágoa com relação a alguém, é preciso mostrar a ele o quanto esse sentimento pode lhe ser prejudicial após a morte. No caso de se tratar de alguém aberto a espiritualidade, é possível mencionar que alguns espíritos podem ficar tão apegadas a suas mágoas e a outros sentimentos que frequentemente ficam presos a Terra, se ligando a um encarnado, e passando a ele toda uma carga de sentimentos negativos e até doenças. Além disso, o espírito preso a emoções inferiores pode tentar prejudicar aqueles que, em vida, supostamente o fizeram mal. Dizemos “supostamente” pois muitas vezes aquilo que consideramos como mal vem para o nosso bem, depende sempre de como a pessoa assimila aquela experiência. Em outro exemplo, uma mãe pode sentir apego, culpa ou outro sentimento relacionado a um filho, e pode sentir preocupação com ele após a sua morte. Por estar preocupada com o filho, ela pode se recusar a seguir ao plano espiritual superior e permanecer no nível da Terra, tentando “ajudar” esse filho em suas problemáticas do dia a dia. Aqui é preciso dizer que a mãe nesse estado errático em nada contribui com seu filho, muito pelo contrário: pode prejudica-lo de diversas formas, até mesmo criando doenças a ele, bloqueando seu profissional, travando seus relacionamentos, etc. Para entender com mais detalhes esse tema, basta se reportar ao texto “Espíritos presos a Terra” no blog de Hugo Lapa. Por esse motivo é que enfatizamos a importância desse diálogo com o moribundo para que ele se desprenda de tudo aquilo que possa ser motivo de sua permanência na Terra. A pessoa deve então conversar com o moribundo e explicar o valor do desapego de todos os assuntos humanos, sejam eles quais forem. É bom dizer que dessa vida nada se leva, a não ser aquilo que existe de mais elevado na alma humana, como o amor, a compaixão, a sabedoria, as virtudes, etc.
A segunda medida a se realizar a fim de prestar o auxilio necessário as almas prestes a desencarnar é descrever passo a passo as etapas do pós-morte. Mas que etapas são essas? Em primeiro lugar, a alma se verá saindo do corpo físico. Nesse momento, a pessoa verá o próprio corpo estando fora dele em espírito. Esse é o primeiro sinal de que houve o desenlace e que não temos mais um envoltório material, pois agora somos almas ou espíritos eternos em estado de passagem a nossa nova morada espiritual. As etapas seguintes não ocorrem necessariamente numa ordem cronológica, ou seja, uma pode ocorrer antes ou depois da outra. Essas etapas são: o encontro com parentes e amigos; a revisão de toda a nossa vida; a visão e ou a “sensação” de uma luz espiritual que será nossa guia no Além; o encontro com entidades de luz e um portal simbólico que dá acesso a alma ao plano espiritual mais elevado. Antes de se cruzar esse portal espiritual, ainda é possível aquela alma o retorno ao plano físico para a continuidade de sua jornada humana desta vida. Mas após se cruzar esse portal, não há mais retorno a não ser numa próxima encarnação.
O encontro com parentes e amigos é muito comum após o desencarne e é importante mencionar isso ao moribundo. Pessoas queridas e amadas, que ele conheceu nesta ou em outras vidas, podem vir recebe-lo. Isso ajuda a alma recém-desencarnada a se sentir segura num estado espiritual que ainda não lhe é familiar, colaborando com sua adaptação no outro lado da vida. É bom dizer ao moribundo que ele poderá rever pessoas que ele ama e que se encontrarão com ele após a morte, pois isso provavelmente o acalmará e o fará ver a morte sob outra perspectiva.
Outra etapa do pós-morte é a revisão de toda a nossa atual existência terrena. Teremos contato com um flash back de nossa vida. Todos os atos bons ou ruins praticados aparecerão com toda a força e vivacidade diante de nós, como se fosse um filme passando; a diferença é que nesse filme nós somos os principais atores e sentimos tudo o que acontece conosco e também com outras pessoas que fizemos o bem ou o mal. A alma que só praticou o mal, verá todo o mal realizado e se lamentará. Por outro lado, a alma que praticou o bem, verá e se regozijará com todo o bem semeado. Esse é o famoso “Dia do Julgamento” tal como mencionado pelas grandes religiões do mundo. Mas ao contrário do que algumas doutrinas pregam, não é Deus ou um tribunal cósmico que julga nossas ações, mas sim nossa própria consciência. É possível dizer que tudo aquilo que existe de superior em nós julga tudo aquilo que existe de inferior, e assim aprendemos quem somos e o que precisamos transformar em nosso íntimo.
O espírito que semeou a paz, encontrará a paz; e aquele que semeou o ódio, a discórdia, o medo, o orgulho, o egoísmo, a vaidade, etc, só encontrará a infelicidade e o vazio espiritual. “Quem vive pela espada, perece pela espada” e quem vive pela paz, encontra a paz. Esse “perecer pela espada”, tal como disse Jesus, não deve ser encarado apenas no seu sentido material, como se um guerreiro que matou milhares com uma espada deverá morrer com um golpe de espada. “Perecer pela espada” é perecer espiritualmente com o estilo de vida que a pessoa teve e sua principal obra deixada na Terra. Assim, encontramos após a morte um reflexo de tudo o que fizemos no mundo.
É importante mencionar que pessoas que praticaram o mal durante a vida podem se assustar com a revelação de que seus atos aparecerão diante de si de uma forma nua e crua. Nesse momento, quem auxilia pode explicar que o arrependimento e o perdão são peças fundamentais na busca da paz. O moribundo que se desapega de tudo isso através do arrependimento e do perdão, se liberta de tudo e pode ter um pós-morte tranquilo. Aqui podemos dizer que, mesmo 1000 anos de guerras podem ser amenizados com apenas 1 minuto do verdadeiro arrependimento, aquele que vem de dentro, do mais profundo do nosso ser. É possível fazer nos minutos finais de nossa vida física tudo aquilo que em vários anos não fizemos, principalmente no que diz respeito aos nossos entes queridos. Deixar o amor prevalecer diante do orgulho, do egoísmo, e amar incondicionalmente, soltando-se de todos os nossos bloqueios, mágoas, culpa, etc, é condição sine qua non para uma boa morte. No caso da pessoa se recusar a perdoar, a se arrepender ou a se desprender de suas contingências humanas, devemos respeitar seu livre arbítrio e permitir que ela viva as experiências que está escolhendo. Só podemos ajudar até um certo ponto, além desse ponto somente a própria pessoa pode fazer algo por si mesma. É importante lembrar que, caso a pessoa não possa encontrar-se com alguém fisicamente, ela pode pedir o perdão, perdoar ou se desprender de tudo mentalmente. Para tanto, basta visualizar a pessoa, com toda a vivacidade, e falar tudo o que gostaria que fosse dito, sempre no sentido da reconciliação. O processo do arrependimento e do perdão ajuda não apenas a se conseguir uma transição tranquila, mas também a evitar problemas em vidas futuras. Por outro lado, é importante pedir a pessoa, caso ela esteja consciente e bem mentalmente, que faça uma reflexão sobre a sua vida, com seus erros e acertos. A reflexão sobre nossos erros ajuda também no desenlace e no processo de purificação que o momento da morte exige. A reflexão sobre nossa obra humana não deve gerar jamais culpas pelo que foi feito, mas sim um aprendizado que ficará para sempre gravado em nosso espírito. Não há motivo para culpa se aquela alma aprendeu com os erros e as lições da vida. E lembrem-se: é preciso se arrepender antes de morrer… Como dissemos: mesmo que seja um minuto antes da morte. Após a morte, já será tarde demais… Como disse o filósofo Platão: “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida”. Portanto, façam o que tiver que ser feito ainda em vida, caso contrário, somente poderá ser feito nas próximas vidas.
Outro ponto fundamental da assistência pré-morte é falar com o moribundo sobre a luz espiritual. Essa é a famosa “Luz no fim do túnel”. Trata-se de uma vibração cósmica que é uma emanação direta de um poder divino que existe em todo o universo. Pessoas que vivenciaram as chamadas “experiências de quase morte” contam que ser iluminado por essa luz é sentir uma felicidade impossível de descrever, algo que na matéria somos totalmente inaptos a experimentar. A verdadeira felicidade, de fato, não é deste mundo, assim como a paz. Ninguém deve esperar ter a verdadeira felicidade e a verdadeira paz na Terra, pois enquanto estivermos aqui isso será apenas uma ilusão. Mas aqueles que conseguem se integrar nessa luz podem sentir a felicidade no seu estado mais puro, mais essencial, no seu estado cósmico e universal. Todos nós ansiamos, mesmo sem admitir conscientemente, a essa felicidade e paz espirituais durante toda a nossa vida, o grande problema é que sempre a buscamos nos lugares errados, com pessoas, com coisas, com situações que erroneamente cremos que podem nos proporcionar tal felicidade. Alguns espíritos deixam clara a máxima de que: “Quanto mais bem praticarmos no mundo, maior será nossa felicidade e nossa paz no plano espiritual”. E isso será encontrado por todos aqueles que fizeram o bem, e por isso conseguiram se sintonizar com a luz espiritual de Deus. A luz é também um guia. É preciso instruir os moribundos de que eles devem sempre seguir a luz, não importa o que vejam ou pensem. Caso eles não sigam a luz, provavelmente ficarão aprisionados no nível da crosta terrestre, e continuarão participando dos eventos do mundo, presos e apegados ao que já se foi. Portanto, uma das orientações mais preciosas, não apenas para a assistência aos moribundos mas também para nossa própria morte, é se encaminhar para onde esta a luz. Ela irá nos chamar, nos convidar para ir com ela. Mas se a pessoa estiver mais preocupada com o filho, com o marido, com o emprego, com os prazeres materiais, ou com qualquer outra questão humana, ela perderá a chance de se elevar a luz espiritual, e ficará vagando na Terra como um fantasma a procura de um corpo para continuar usufruindo dos prazeres materiais ou para tentar resolver assuntos pendentes que não são mais passíveis se solução.
Outra questão importante de ser dita aqui é o fato de que, muitas vezes, a família acaba prendendo a pessoa a um corpo físico já extremamente debilitado apenas por apego. Muitas vezes a pessoa já sabe que está próxima da morte, e já a aceita como parte de sua condição por sentir que fez tudo o que deveria fazer. No entanto, a família continua insistindo para que a pessoa fique, seja por palavras, seja pelo magnetismo de todos, seja por procedimentos médicos que vão apenas adiar o inevitável. Não estamos aqui dizendo que os procedimentos médicos devem ser evitados; estamos apenas afirmando que a família precisa aceitar a morte, e assim permitir a partida do seu ente querido. Por outro lado, quando uma pessoa está a beira da morte, a melhor medida a ser tomada é leva-la para a sua casa e tira-la do hospital. É preciso que ela venha a sair do seu corpo físico num ambiente agradável e acolhedor, e não num ambiente hospitalar. Muitos já podem ter percebido esse fato que agora vamos relatar: muitas vezes acontece de alguém falecer somente após dizer ou fazer algo que para ela era necessário. Por exemplo, uma moça brigou por anos com sua irmã, e antes da morte se reconcilia com ela, ambos declarando-se mutuamente que se amam. Logo após a reconciliação, a pessoa pode vir a desencarnar, pois ela estava apenas esperando, em seu corpo físico, por esse momento para poder se despedir da vida física.
Após a morte física do nosso ente querido ou amigo, um bom procedimento que pode ser realizado pelo assistente é visualizar aquela pessoa envolta em luz, mas isso deve ser feito apenas uma vez, ou duas no máximo. Depois, podemos, ainda mentalmente, visualizar a pessoa seguindo na direção a luz branca. Nesse momento, é necessário que haja um desprendimento daquele que realiza esse trabalho mental, posto que se estivermos ainda apegados a pessoa em sua forma humana, teremos dificuldades de encaminha-la para a Luz. Todos devem compreender que a missão daquela alma na Terra já se findou com a morte, e que pensamentos ou clamores de retorno só atrapalham a alma em transição. Por mais doloroso que isso seja, é necessário, para não dizer imprescindível, que a pessoa possa estar dotada de todo o desapego e fé possível, entregando aquele parente ou amigo a Luz espiritual e a Deus. Nesse sentido, é preciso confiar nas leis divinas e na perfeição do cósmico, pois é certo que a pessoa que passa a outro plano jamais estará desassistida. Deus jamais permitiria que ela ficasse sem o devido auxílio. Não podemos esquecer que existe toda uma plêiade de seres espirituais ligados ao Bem universal que prestam toda a assistência aos recém-chegados, e que qualquer preocupação de nossa parte é coisa vã. Após a mentalização da pessoa, agora um espírito, sendo encaminhada para a luz branca, devemos voltar a nossa vida habitual, a nossa rotina, e permitir que o espírito viva sua nova fase. A maioria das pessoas não tem noção do quanto prejudicam seus parentes e amigos falecidos com o apego. Portanto, fazer um trabalho interior de desapego é essencial para que a alma possa ir tranquila e encontrar a paz no plano espiritual.
Algumas pessoas perguntam: a oração pode ser um instrumento de ajuda para a alma recém desencarnada? A resposta é sim. Mas a oração pode ser feita uma vez, duas vezes ou no máximo três vezes. Mais do que isso já se torna um sinal claro de apego. Ficar toda hora orando para a pessoa, além de ser um sinal de dependência emocional, pode representar também um total desperdício, pois se a pessoa já está na luz, ela não precisa a todo momento de nossas orações. Mas se ela escolheu a escuridão, escolheu não ascender ao plano espiritual, nossas orações não poderão chegar até ela, somente quando ela se abrir para o bem. Portanto, a melhor oração que podemos fazer por aqueles que acabaram de partir é encaminha-los para a luz e nos despedirmos deles.
Lembrando sempre… Essa despedida da pessoa que amamos não é um “adeus”, mas apenas um “até breve meu irmão”.
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