Por Jorge
Hessen
Há uma teoria para
explicar a suposta genética da inteligência. Será que o Autismo (1) é o preço
da inteligência, consoante afirma o descobridor da estrutura do DNA James
Watson? “Os genes que predisporiam algumas pessoas a habilidades intelectuais
elevadas seriam os mesmos que disparam doenças como Autismo, Esquizofrenia e,
até, [pasmem! ] “burrice”. (2) É essa,
também, a hipótese de um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado.
Watson começou a desenvolver sua hipótese, depois de ter sido o primeiro ser humano a ter o genoma sequenciado. Descobriu que tinha mutações em três genes ligados ao reparo do DNA. “Pessoas com essas mutações tendem a ter filhos especiais” (3) – teoriza Watson – que tem um filho que sofre de uma deficiência cognitiva similar ao autismo, fato esse que não costuma abordar em público, mas que, certamente, teria influenciado suas opiniões sobre o tema.
Ele afirmou, certa
vez, que a “burrice” é genética e que seria, moralmente, necessário modificar
genes humanos para eliminá-la. James já defendeu, no passado, além das terapias
genéticas convencionais (injeção de genes “corrigidos” em pacientes com doenças
metabólicas), a modificação de genes na linhagem germinativa de células humanas
(gametas, como óvulos e espermatozóides). Isso faria com que a alteração fosse
herdada pelos descendentes da pessoa. Provavelmente, um pouco menos
especulativa, é a ligação, entre cognição e doenças mentais, feita pelo grupo
liderada por James Sikela, da Universidade do Colorado.
O grupo descobriu
uma correlação entre o alto número de cópias de um gene, numa certa região do
DNA humano, e o desenvolvimento do cérebro. Essa região, dizem outros estudos
mais heterodoxos, estaria, também, implicada com Autismo e Esquizofrenia. O
perigo das afirmações científicas, muitas vezes, significa o materialismo, qual
véu posto entre a realidade e os olhos dos cientistas. “O Autismo continua
sendo um desafio, um enigma, uma esfinge.” (4) Todos os geneticistas e
biotecnólogos, que se apoiam no determinismo genético, (5) não cedem espaço
para a existência do Espírito, e, muito menos, para a reencarnação. Sabe-se que
são mais de 3 bilhões as combinações genéticas possíveis no ser humano.
Normalmente, nenhum
cientista materialista pensa em existência de vida na dimensão do além-túmulo,
e, muito menos, nas leis de Causa e Efeito. Contudo, sabem que há dificuldades
nos dois aspectos, tanto no genótipo (genes que acarretariam uma
característica), quanto no fenótipo (características, de fato, manifestadas no
indivíduo). O pesquisador Stephen Jay Gould, já desencarnado, também tinha um
filho autista [Josh, um exímio calculista de calendários, capaz de dizer, em
segundos, em que dia da semana cai uma data qualquer]. Paradoxalmente, Gould se
tornou um estóico adversário do determinismo genético – “o que não deixa de ser
uma indicação de que parece haver muito mais determinações entre genes e
cultura do que pode supor a biotecnologia.” (6)
“Em verdade, o
esquema ‘um gene/uma doença’ não é aplicável, nem mesmo a males com mecanismos
mais imediatamente bioquímicos, como o câncer”. (7) Menos ainda podem ser
usados para entender e/ou controlar manifestações complexas como “inteligência”
ou “burrice”. A rigor, não há um tratamento para o portador de psicose
desintegrativa ou hipotonia profunda. O autista é como um corpo sem ninguém
dentro, porém, recordemos que o espírito imortal está em sua plena consciência
e percebe o que ocorre à sua volta, ainda que “encapsulado” em si mesmo. Para
os espíritas, a causa pode ser “um sentimento de culpa não resolvido, suscitado
por um desvio de comportamento, ocorrido em vidas anteriores. Mas, o Autismo
não é um castigo, mas um instrumento de aprendizado, de “ajuste da consciência
ética fustigada pelo arrependimento ou remorso e desejosa de se pacificar”. (8)
A doença é um
transtorno invasivo do desenvolvimento, que se manifesta, normalmente, antes
dos 3 anos de idade. Caracteriza-se por um desenvolvimento anormal e por
mostrar alterações em três áreas: interação social, comunicação e
comportamento. Na maioria das ocorrências, a causa é desconhecida. Noutros
casos, fica a se dever a problemas médicos como as infecções intra-uterinas,
das quais, as mais habituais são a rubéola, doenças congênitas como a síndrome
do X Frágil, também conhecida como síndrome de Martin & Bell que, “por sua
incidência, considera-se-lhe a primeira causa de deficiência mental
hereditária” (9), e a síndrome Fetal Alcoólica, provocada pela gestante, que
ingere bebidas alcoólicas durante a gravidez.
Na maioria das
vezes, as causas são desconhecidas, sendo, desse modo, um verdadeiro mistério
para Ciência. Em termos médicos, pode dizer-se que não há um psicofármaco
específico para se tratar o autismo. Os medicamentos que se usam são
administrados, apenas, para controlar as agitações psicomotoras e as htero e
autoagressões produzidas pelos autistas.
É uma patologia de
etiologia muito complexa, que requer, não somente, uma abordagem
multidisciplinar que envolve educadores, psicólogos e terapeutas ocupacionais,
mas, sobretudo, exige uma análise sob a Luz da Doutrina Espírita. Nesse estado
mental patológico, que leva a pessoa a se fechar em seu próprio mundo,
alheando-se, em grande medida, do mundo exterior, há débitos passados muito
graves, acompanhados, normalmente, pela consequente obsessão espiritual, pelo
que o tratamento indicado pode ser o da desobsessão, da aplicação de passes e
da utilização de água fluidificada.
Há casos de
autistas que conseguiram a cura completa, embora muito raros. No entanto, na
literatura médica, há casos de pacientes que conseguiram certa autonomia e uma
melhoria surpreendente, insólitos, incomuns. Existem pessoas que estão dentro
do chamado Autismo clássico, outras apresentam algumas das características
autistas, aliadas a uma inteligência fora do comum, geralmente voltada a um
assunto específico, sendo que essas pessoas têm extrema dificuldade de
relacionamento interpessoal, grande rigidez nas rotinas do dia-a-dia, e
aparente desprezo pelos sentimentos dos outros. Mas, ao menos, conseguem viver
em sociedade… mesmo sendo chamados de difíceis, geniosos, ou termos menos
elegantes. Sabemos que há vida antes da vida, vida após a vida e vida entre as
vidas.
Quando houver maior
integração da ciência, entendendo o ser humano de forma mais completa, com
corpo, cérebro e espírito, creio que compreenderemos mais acerca das muitas
psicopatologias desafiadoras. Nas obras da lítero-médico-espírita, vamos
encontrar inúmeros esclarecimentos sobre as suas causas e sobre o processo de
formação dos sintomas, e que vêm lançar uma nova luz sobre estes mesmos
sintomas, dado que, nas instruções kardecianas, cada pessoa é vista sob a
óptica da reencarnação. “Mesmo quando os imperativos genéticos produzem
situações orgânicas ou psíquicas constrangedoras no indivíduo, tais como:
gêmeos siameses, Síndrome de Down, autismo, cegos e aleijados, esses se derivam
da conduta pessoal anterior em vidas passadas, e devem ser considerados como
estímulo ou métodos corretivos, educacionais, a que as Leis da Vida recorrem
para o aprimoramento dos seres humanos.” (10) Como se observa, do ponto de
vista doutrinário, há esses aspectos determinantes da patologia, o autista é um
ser que, por algum motivo, não “acordou” no mundo material. Permanece
escondido, no patamar da existência carnal e espiritual. Muitas vezes, até,
observa-se, nalguns casos, que não há propriamente autismo, mas espectros
autísticos, graus e níveis de distúrbios mentais e emocionais. Destarte, o
máximo que se poderia afirmar, em termos de consenso, seria dizer que, dentre
os sintomas básicos atribuídos à síndrome, cada autista apresenta diferentes
ênfases sobre esta ou aquela característica intrínseca. Até porque, “murado
dentro de si mesmo, o autista vive em um mundo de isolamento.
Os cientistas que
buscam implodir essa barreira trabalham baseados em hipóteses diversas e
conflitantes, utilizando uma gama imensa de abordagens e terapias. (11)
Podemos reafirmar,
então, que o Autismo é uma corrigenda natural da vida imposta ao espírito,
objetivando a restrição do seu relacionamento com os que o rodeiam. Isso,
porém, não impede que o espírito receba as manifestações de afeto e carinho a
ele endereçadas que, certamente, graças a essas impressões vigorosas do amor,
contribuirão para minimizar a alienação temporária em que vive, e, quem sabe,
acelerar a sua cura.
Referências
bibliográficas:
(1)
O termo Autismo foi utilizado pela 1 ª vez pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler,
para designar não um quadro clínico, mas um dos sintomas da Esquizofrenia. Em
1911, Bleuler mudou o nome da então chamada “Demência precoce” para “Grupo das
Esquizofrenias”.
(2) Watson apresentou sua tese durante o 74º
Simpósio de Cold Spring Harbor sobre Biologia Quantitativa.
(3) Reportagem publicada na Folha Online em
03/06/2009 – “Autismo é o preço da inteligência, diz descobridor da estrutura
do DNA” disponível no site a
href="http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia-old.php?c=178198&e=7">http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia-old.php?c=178198&e=7
> acesso em 18-02-2016.
(4) idem.
(5) Tese de que tudo num organismo é prefixado
pelos genes.
(6) Disponível no site a
href="http://enfrentandooautismo.blogspot.com.br/2011_06_19_archive.html">http://enfrentandooautismo.blogspot.com.br/2011_06_19_archive.html
>acesso em 19-02-2016.
(7) Disponível no site http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u8580.shtml
acesso em 17-02-2016.
(8) Miranda, Hermínio. “Autismo – uma leitura
espiritual”., São Paulo: Editora Lachâtre, 2003.
(9) Cf. afirma a Federación Española del
Síndrome X Fragil, disponível no site http://www.xfragil.org/ acesso em
19-02-2016.
(10)disponível
no site www.guia.heu.nom.br/autismo.htm; acesso em 15-02-2016.
(11)Miranda,
Hermínio. “Autismo – uma leitura espiritual”., São Paulo: Editora Lachâtre,
2003.
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