Antonio Carlos Navarro - Kardec Rio Preto
Um dia desses tivemos a oportunidade de
vivenciar algo fora do comum.
Ao sairmos do trabalho profissional, no final
do expediente diário, seguíamos pelo caminho rotineiro quando vimos que um
jovem adulto vinha pela calçada, em sentido contrário ao nosso e em leve
corrida, sorrindo largamente e mantendo a mão meio que levantada lateralmente
de forma a sentir a vegetação que cobre o alambrado que circunda um condomínio de
apartamentos.
Aos nossos olhos aquele rapaz demonstrava uma
alegria toda especial.
Mas, o que há de fora do comum em tudo isso?
Simples, aquele jovem é cego. Completamente cego. É bem verdade que fazia uso
de sua bengala, e também é evidente que já conhecia o caminho, uma vez que
reside nas proximidades, conforme constatamos posteriormente. Mas não deixa de
ser uma experiência incomum, e os questionamentos são inevitáveis.
Por que um cego tem a coragem de correr,
quando nós, que enxergamos, temos preguiça de nos exercitar para manter o corpo
saudável?
Por que um cego enche-se de alegria vencendo
seus desafios, quando nós, que enxergamos, temos dificuldades para sairmos de
estados depressivos causados pelos obstáculos que se apresentam em nossos
caminhos?
Por que um cego confia plenamente nos seus
sentidos convivendo na escuridão, e nós, que enxergamos, não acreditamos em
nossas potencialidades e nas possibilidades positivas da vida?
Simples. Aquele jovem cego enxerga a vida, e
nós que enxergamos muitas vezes não a vemos. E não a vemos por vários motivos.
Os conceitos e preconceitos, os valores, os medos e as preferências pelo
pessimismo e pela descrença, nossas vontades e desejos, quase sempre
distanciados dos valores espirituais superiores fazem com que enxerguemos o
mundo à nossa maneira, impedindo o máximo aproveitamento da vida que temos,
mantendo-nos sintonizados com mentes menos felizes do plano espiritual.
É uma questão de conscientização espiritual.
De preferência pelas atitudes a serem tomadas. De posicionamento pessoal diante
da vida.
Cada um de nós tem nas mãos o de que é
necessário para desenvolver o seu próprio programa reencarnatório, e será muito
mais fácil se optarmos pelos sentimentos superiores.
Alguém poderá contrapor dizendo que não é
fácil uma mudança íntima.
Concordamos, mas é preciso raciocinar.
Ninguém pode se dizer ignorante quanto às
Leis que regem a Sociedade Humana para justificar um crime, qualquer que seja
ele. Com a Lei Natural também é assim. Já não podemos justificar nossa situação
tão somente pelo prisma com o qual olhamos e agimos diante da vida. As
Revelações se sucedem trazendo os esclarecimentos necessários aos nossos
espíritos, e se não os conhecemos é pela inércia e imprevidência pessoal, e a
Terceira Revelação, personalizada pela Doutrina Espírita, nos orienta quanto à
reflexão sobre nossos atos praticados, que refletem nossas aptidões e
tendências, justamente para que nos recondicionemos quando forem negativos, ou
os reforcemos quando positivos.
Nascemos na carne para mudar, e mudar a nós
mesmos. Tanto isso é verdade que, Allan Kardec nos esclarece que o verdadeiro
espírita será aquele que se esforçar para mudar suas más inclinações. O
esforço, a repetição, a entronização de novos valores, sustentados na lógica
imbatível da revelação espírita farão com que venhamos a valorizar o que somos
e temos, tornando-nos mais confiantes nas possibilidades da vida, mas,
sobretudo nos dará a consciência do tanto que temos a agradecer pelos
“talentos” que nos foram concedidos pela Divina Providência para o nosso
próprio bem.
Ainda uma última observação. Se aquele jovem
cego não precisa de um guia para correr, seja na presença de um ser humano ou
um cão treinado, para nós outros, cegos do espírito, concedeu-nos o Criador um
amigo incondicional que é o Modelo e Guia da humanidade em marcha. É o Senhor
Jesus, e Ele nos alerta “quem me segue não anda em treva” (1) e “Eu vim para
que tenham vida, e a tenham em abundância.” (2)
Não percamos tempo. Sigamos com e por Jesus,
mas nunca sem Kardec. Será sempre mais fácil enxergar e enfrentar a vida. A
nossa própria vida.
Pensemos nisso.
Referências:
(1) Dias, Haroldo Dutra. O Novo testamento,
1ª ed. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010. Jo 8:12;
(2) Dias, Haroldo Dutra. O Novo testamento, 1ª ed. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010. Jo 10:10.
(2) Dias, Haroldo Dutra. O Novo testamento, 1ª ed. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010. Jo 10:10.
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