Em artigo na Revista Espírita, janeiro de
1858, intitulado “Médiuns julgados” Kardec ensina que os médiuns não são
adivinhos, mas intérpretes das inteligências do outro mundo.
Logo, o médium sozinho nada produz, pois
precisa do concurso dos Espíritos.
Kardec aborda o tema por conta de um teste
que acadêmicos fizeram com médiuns para que adivinhassem o que estava escrito
numa carta ou lessem algo num livro fechado.
O prêmio de 500 dólares ou 2.500 francos
seria dado ao médium que acertasse as respostas.
Médium não é adivinho, mas intermediário dos
Espíritos. Os Espíritos, por sua vez, não são fantoches, têm vontade própria e não se sujeitam a este
ou aquele capricho, ao contrário, os Espíritos sérios afastam-se de quem age
com interesse pecuniário ou por mera curiosidade, no intuito de colocá-los à
prova.
Já vi dezenas de vezes alguém pedir ao médium
que lhe diga isto ou aquilo, revele esta ou aquela coisa.
Pior: pude presenciar, sem qualquer
cerimônia, médium devastando existências anteriores de quem o procurava e
afirmava, categórico: vocês são inimigos do passado, eis a causa de tanta
desavença. Você foi assassinada por ele em outra vida, eis porque não se dão
bem nesta.
Gente sem um mínimo de preparo embarca nesta
“furada” e entra em parafuso. Afasta-se das pessoas e não realiza o que deve
ser realizado, ou seja, harmonização com os familiares.
Simplesmente tolera, numa lamentável atitude
de superioridade e um falso perdão para com o seu suposto assassino.
Não, definitivamente não é este o objetivo da
mediunidade. Adivinhar não é para médiuns, ao menos os médiuns que se educaram
nos preceitos desenvolvidos por Allan Kardec.
O orgulho, porém, fala alto e alguns médiuns
deixam levar-se por ele. Querem a glória, bajulação, seguidores… Então,
tornam-se adivinhos e respondem a todas as perguntas que lhes são propostas.
Fogem à mínima gota de humildade e, vencidos pelo orgulho, sucumbem…
Ignoram ser o orgulho, como acentua Kardec, a
chaga que os Espíritos ignorantes da verdade exploram com mais habilidade.
A mediunidade não é tarefa fácil, exige
esforço contínuo por trabalhar as próprias mazelas e livrar-se do orgulho.
Num mundo em que os 15 minutos de fama vem
sendo o objetivo de muita gente, constatou-se que a mediunidade é campo fértil
para uma exposição mais potente da figura.
Adivinhações, revelações das mais esquisitas,
busca pelos holofotes tornaram-se comuns…
Quando o espetacular ganha espaço o simples
perde o brilho…
Entretanto, médiuns não são adivinhos, não
detém qualquer poder especial. Podem, portanto, ter sua faculdade suspensa caso
os Espíritos assim considerem conveniente.
Conforme consta em O livro dos Médiuns, os
bons Espíritos alegram-se com a simplicidade de coração, esta, por sua vez,
irmã da humildade, o antídoto para o orgulho.
Pensemos nisto.
Wellington Balbo – Salvador BA.
Fonte: https://www.kardecriopreto.com.br/
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