Por Orson
Peter Carrara
Diante dos descalabros morais que abalam o
Brasil, lembrei-me dela. No lamentável terremoto que atingiu o Haiti em 2010,
com vasta destruição e muitas mortes, levou também de retorno à pátria de
origem a respeitável Zilda Arns. Com três indicações ao Premio Nobel da Paz,
Zilda dedicou sua vida ao próximo. Irmã de D. Paulo Evaristo Arns e nascida em
1934, a notável mulher integra equipe dos seareiros do Cristo em atividade no
planeta: uma vida dedicada à educação, ao amparo da infância, da gestante e da
pessoa idosa. Morreu na causa que sempre acreditou, como afirmou D.
Paulo.
Como conhecido, indicou o portal UOL na tarde
daquela quarta-feira: “(...) Médica pediatra e sanitarista, Zilda Arns era
fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa,
órgão de Ação Social da CNBB. A Pastoral estima que cerca de 2 milhões de
crianças e mais de 80 mil gestantes sejam acompanhadas todos os meses pela
entidade em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania (...)”. É
preciso falar mais?
Essa fecunda atividade no bem, normalmente em
favor dos desfavorecidos de toda ordem, como a infância abandonada ou
desnutrida, gestantes carentes e também pessoas idosas ou mesmo pessoas
marginalizadas é grande marca dos seareiros do Cristo, que se inspiram no
exemplo de Jesus, apesar das fraquezas e limitações humanas. Não perdem tempo
com contendas, reclamações, justificativas, acusações ou dificuldades.
Simplesmente trabalham. Trabalham porque reconhecem as dificuldades que
aguardam a decisão humana, trabalham porque confiam no bem, trabalham porque
sabem que o Mestre da Humanidade espera pela nossa decisão de
amar. Basta observar. Assim foram quando na passagem pelo planeta
Irmã Dulce, Madre Tereza, Chico Xavier e outros valorosos vultos da história
humana, ainda que muitos permaneçam anônimos, desconhecidos e mesmo na maioria
das vezes incompreendidos e marginalizados. Cada um em seu estágio e atividades
próprias, mas todos dignificando a condição humana.
Há um detalhe a não ser esquecido, porém:
todos somos imortais. Por terremoto, doenças, acidentes, idade avançada ou
outras casas, todos deveremos retornar à condição primeira de todos nós: seres
imortais. Por isso, Zilda, como tantos outros, que continuam a trabalhar, ainda
que invisíveis aos limitados olhos humanos, também continuará sua luta de fé e
trabalho pelo bem, ainda que com o corpo físico destruído. O corpo não é alma;
o corpo é mero instrumento temporário. O espírito vive e é imortal.
No caso da notável personalidade Zilda Arns,
sete anos depois, não é a morte que interrompeu seu amor e dedicação à causa do
bem, o amor ao semelhante em dificuldade ou sofrimento. Também a morte não
afetou sua fé, sua confiança em Deus, sua determinação e perseverança nos
ideais que abraçou. A morte apenas nos transfere para outra esfera, mas os
laços de sintonia, afeto, esses continuam. Para nós, fica o exemplo de
solidariedade, de humanidade. Exemplo dessa grande alma que também parte no
trabalho, deixando a marca do bem em seus luminosos passos. Quanto ao
terremoto, desafio para o nosso raciocínio de pensar por quê?
Como conciliar a bondade e grandeza do
Criador com tanta violência e dor? É incompatível, não é mesmo? Há que haver
uma causa anterior que determine tais acontecimentos e isso encontra explicação
lógica na pluralidade das existências, princípio básico da Doutrina Espírita. O
assunto é vasto e para ser entendido em toda sua amplitude precisa ser
pesquisado, estudado. Por isso recomendamos, com ênfase, o estudo do tema em O
Livro dos Espíritos, especialmente nas questões 737 a 741 e atreladas às
questões 166 a 171 e 222, entre outras.
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